Amamentação e o trabalho – Saiba quais são seus direitos!!
A mulher brasileira está cada vez mais inserida no mercado de trabalho, e em muitas famílias ela não apenas participa da renda familiar, como é a principal provedora do sustento no lar. Sob essa perspectiva e visão, precisamos pensar em como proteger essa mamãe que amamenta seu filho, e como fazer para que ela continue amamentando, mesmo com a necessidade de voltar ao trabalho.
Já foi um desafio muito grande para você ter chegado até aqui, não é mesmo? Após colocar o seu filho pela primeira vez nos braços, aprender a amamentar, sentir as dores e alegrias que a amamentação proporciona, superar as dificuldades e decidir permanecer firme após tantos palpites, como: Mas você não vai dar mais nada pra ele? Até quando ele só vai mamar no peito? Será que o seu leite sustenta mesmo?
Então chega um novo e grande desafio: voltar ao trabalho e continuar amamentando.
É espantoso como muitas mamães são desestimuladas a continuar a amamentar após voltar ao trabalho. Falta rede de apoio e incentivo e sobra palpite e críticas. Os argumentos são inúmeros: É muito trabalhoso! Como você vai conseguir tirar o leite? Mas ele vai mamar a noite toda? O leite não sustenta mais nessa idade! O leite vira água e é pouco nutritivo…
Não precisa nem dizer que todos esses argumentos são infundados e acabam por aumentar a insegurança e contribuir para o desmame precoce! Sim, todo desmame que acontece antes de um ano de vida é considerado um desmame precoce, uma vez que consideramos o leite materno o principal alimento da criança até um ano de vida. O leite materno tem inúmeros benefícios para a mamãe e para o bebê, que se estendem ao longo de toda sua vida!
Além disso, se estamos pensando em termos trabalhistas, a empresa que apoia a amamentação só tem a ganhar, pois a mulher que amamenta seu filho falta menos ao trabalho, pois seu filho fica menos doente, e torna-se mais produtiva, pois está feliz e segura no ambiente de trabalho. Além disso, a empresa cidadã, que estende a licença maternidade por 6 meses, recebe ainda benefícios fiscais.
Vamos nos concentrar então num plano de ação para essas mulheres que voltam ao trabalho, e como ajudá-las a manter a amamentação, apesar das dificuldades!
Quais são os direitos da mulher trabalhadora?
A Constituição Brasileira e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), garantem os seguintes direitos à mulher trabalhadora:
– Estabilidade para as gestantes (até o quinto mês pós-parto).
– Licença maternidade de 120 dias.
– Licença maternidade de 180 dias – Empresa cidadã e servidoras públicas.
– Salário maternidade integral.
– Início com até 28 dias antes e 92 dias depois do parto.
Como dar apoio à mulher que amamenta?
– Ensinar todas as mães a ordenha manual, e a fazer a massagem na mama, para que possa retirar o leite de forma eficaz. É importante que a mamãe já saiba retirar o leite antes, e treine em casa, pois a retirada pode ser trabalhosa e demorada, mas melhora com a prática. Tudo é uma questão de treino, acredite! Não vá querer aprender a ordenhar o seu leite a uma semana de você voltar ao trabalho, comece antes! Veja como retirar o leite materno.
– Orientar à mãe sobre como fazer a ordenha manual e com bomba tira-leite, como e onde guardar o leite ordenhado. Orientar em relação ao tempo que o leite pode ficar armazenado, como transportar o leite e como utilizar o leite congelado em casa (como oferecer ao bebê o leite armazenado).
– Ter uma sala de amamentação no seu trabalho. A sala de amamentação é um lugar criado para as mamães retirarem e estocarem o seu leite, para que possa oferece-lo ao seu bebê mais tarde.
Dicas paras as mamães trabalhadoras nutrizes:
1. Tire férias para aumentar a licença maternidade
2. Veja se é possível que a pessoa que cuida do seu bebê pode levá-lo ao seu trabalho para você amamentar
3. Faça um bom estoque o leite antes de voltar ao trabalho
4. Aproveite a pausa para amamentar, se o seu trabalho é perto de casa ou no horário do almoço
5. Amamente antes de saur de casa e assim que chegar
6. Faça cama compartilhada e amamente durante a noite!
7. Ofereça leite e outros líquidos ao bebê em copo, xícara ou colher. Evite usar a mamadeira.
8. Use a creche do local de trabalho ou de local próximo, para se possível amamentar nos intervalos.
9. Tenha pessoas próximas que apoiem a amamentação: pai, avós, pediatra, consultores de amamentação, e que possa ajudá-la em todo esse processo.
Por que é tão importante que a mulher que trabalha consiga tirar o leite durante a sua jornada de trabalho?
A produção de leite é regulada pela quantidade de leite retirado, e é preciso que o estímulo esteja presente para não parar de produzir.
Retiradas mais frequentes fazem com que a produção de leite se mantenha constante e não haja queda na produção, nem excesso de leite levando ao risco de ingurgitamento mamário.
O que o chefe precisa saber:
– Nos primeiros 6 meses do bebê são necessários 2 a 3 sessões para retirar o leite, num período de 8 horas. A partir de 6 meses o bebê começa a comer outros alimentos e a necessidade de leite materno diminui aos poucos.
– Com 1 ano de vida, a maior parte das mães já não necessita mais extrair leite de peito no local de trabalho.
– Mulheres que amamentam seus bebês, faltam menos, estão mais felizes e seguras e, portanto, produzem mais no ambiente de trabalho!
Infelizmente, ainda não temos uma lei que estabeleça 6 meses de licença maternidade obrigatórios, mas aqui sobram motivos para brigarmos por ela!
A amamentação prolongada tem inúmeros benefícios, e eve ser estimulada sempre! Que o trabalho não seja um impedimento, mas sim um meio facilitador da continuidade da amamentação!
Um bjo
Dra Kelly Marques Oliveira
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