Hoje vamos falar sobre mitos e verdades a respeito da amamentação ao nascimento e essa fase de adaptação, aspectos do comportamento do bebê que podem interferir na amamentação e como superá-los! Boa leitura!
O bebê nasceu, e agora?
Pronto! O bebê nasceu e são inúmeras emoções, expectativas e anseios…a mãe tem que lidar com a nova vida que depende completamente dela e toda a demanda que ele exige, o cansaço do pós parto, e aprender algo novo (para algumas) que é amamentar.
Por isso, os primeiros dias após o parto são fundamentais para o sucesso da amamentação. É um período de intenso aprendizado para a mãe e o bebê.
Existem algumas características inerentes ao bebê, pontos que devem ser destacados, bem como mitos e verdades que devem ser esclarecidos não somente as mães, mas também a toda a família (sabemos o poder que as vovós têm, e como o apoio delas é importante…)
Comportamento normal do bebê
O entendimento da mãe e das pessoas que vão conviver com o bebê sobre as necessidades deste é fundamental para a tranqüilidade de todos os membros da família.
O comportamento dos recém-nascidos é muito variável e depende de vários fatores, como idade gestacional, personalidade e sensibilidade do bebê, experiências intrauterinas, vivências do parto e diversos fatores ambientais, incluindo o estado emocional da mãe. Mamães, lembrem-se que cada bebê é único, respondendo de maneiras diferentes às diversas experiências. Comparações com filhos anteriores ou com outras crianças podem atrapalhar a interação entre a mãe e o bebê. Não faça isso!
Algumas crianças demandam (choram) mais que outras e apresentam maiores dificuldades na passagem da vida intra-uterina para a vida extra-uterina. Essas crianças, com freqüência, frustram as expectativas maternas (a de ter um bebê “bonzinho”) e essa frustração muitas vezes é percebida pela criança, que responde aumentando ainda mais a demanda.
O choro do bebê é uma importante causa de desmame. As mamães, com freqüência, o interpretam como fome ou cólicas. Por isso é importante lembrar que existem muitas razões para o choro, incluindo adaptação à vida extra-uterina e tensão no ambiente (quem disse que nascer e fácil?). Na maioria das vezes os bebês se acalmam se aconchegados ou se colocados no peito, o que reforça a sua necessidade de se sentirem seguros e protegidos.
Mamães que ficam tensas, frustradas e ansiosas com o choro dos bebês tendem a transmitir esses sentimentos a eles, causando mais choro, podendo instalar-se um ciclo vicioso. Mamãe não se culpe pelo choro do seu bebê! Bebês choram e isso é normal. Eles precisam se comunicar com o mundo e a única forma de fazê-lo é através do choro.
Não rotulem (nem deixem ninguém rotular) seus bebês de “bravos”. Fique tranquila e saiba que o bebê apresenta necessidades próprias nesse momento, muitas vezes o próprio existir ainda está sendo elaborado e esse entendimento por parte dos pais e da família traz mais tranqüilidade a todos. O importante é tentar entender qual a necessidade do bebê naquele momento, que pode ser somente uma necessidade de se sentir protegido e amado.
Muitos bebês “trocam o dia pela noite”. Os recém-nascidos costumam manter, nos primeiros dias, o ritmo ao qual estavam acostumados dentro do útero. Assim, as crianças que no útero costumavam ser mais ativas à noite vão necessitar de alguns dias para se adaptarem ao ciclo dia/noite. Portanto, fique tranquila mamãe que isso é normal e com o tempo ele vai se adaptando à nova realidade.
A interação entre a mãe e o bebê nos primeiros dias é muito importante para o sucesso da amamentação e uma futura relação harmônica. Mamãe, você não só pode como deve responder prontamente às necessidades do seu bebê, não temendo que isso vá deixá-lo “manhoso” ou “superdependente” mais tarde. Carinho, proteção e o pronto atendimento das necessidades do bebê só tendem a aumentar a sua confiança, favorecendo a sua independência em tempo apropriado.
Interaja com seu bebê!
Hoje se sabe que os bebês têm competências que antes eram ignoradas, e as mães (e pais e familiares) devem saber disso para melhor interagirem com eles, além de tornar a interação mais gratificante.
O melhor momento de interagir com a criança é quando ela se encontra no estado quieto-alerta. Nesse estado o bebê encontra-se quieto, mas alerta, com os olhos bem abertos, como se estivesse prestando atenção. Na primeira hora de vida, esse estado de consciência predomina, favorecendo a interação. A separação da mãe e do bebê e a sedação da mãe logo após o parto privam a dupla desse momento tão especial. Ao longo do dia e da noite a criança encontra-se no estado quieto-alerta várias vezes, por períodos curtos. Durante e após intensa interação, os bebês necessitam de frequentes períodos de repouso.
Para uma melhor interação com o bebê, é interessante que a mãe, o pai e outros familiares saibam que alguns recém-nascidos a termo, em situações especiais (principalmente no estado quieto-alerta), são capazes de:
- Ir ao encontro da mama da mãe por si próprios logo após o nascimento, se colocados no tórax dela. Dessa maneira eles decidem por si o momento da primeira mamada, que ocorre em média aos 40 minutos de vida;
- Reconhecer a face da mãe após algumas horas de vida. O bebê enxerga melhor a uma distância de 20 a 25cm, a mesma que separa os olhos do bebê e o rosto da mãe durante as mamadas;
- Ter contato olho a olho;
- Reconhecer e mostrar interesse por cores primárias – vermelho, azul e amarelo;
- Seguir um objeto com os olhos e, às vezes, virar a cabeça na sua direção;
- Distinguir tipos de sons, tendo preferência pela voz humana, em especial a da mãe, e pelos sons agudos;
- Determinar a direção do som;
- Reconhecer sabores, tendo preferência por doces;
- Reconhecer e distinguir diferentes cheiros.Assim, com um ou dois dias de vida reconhece o cheiro da mãe;
- Imitar expressões faciais logo após o nascimento;
- Alcançar objetos.
Considerações finais
O aleitamento materno ainda tem muitos aspectos que precisam ser esclarecidos e explorados, e para isso é fundamental o acompanhamento com o pediatra desde o pré natal, no nascimento e nos primeiros dias e semanas de vida do bebê, até que o aleitamento esteja bem estabelecido. Para que isso ocorra, é preciso que haja uma relação de confiança entre o pediatra e a mãe e a família.
O apoio da família, principalmente dos avós e do pai da criança é fundamental, tanto no sentido de auxiliar nos cuidados do bebê quanto em relação ao suporte emocional para essa mãe.
Existem aspectos no comportamento do bebê que são esperados e devem ser esclarecidos à mãe, para que ela possa estar preparada e tranquila quando ocorrer. O máximo do potencial do bebê deve ser explorado e estimulado!
Estes são alguns aspectos interessantes de amamentação para você, mamãe, entender melhor, e ficar tranquila para amamentar seu bebê. É importante também que as vovós e papais leiam também. O suporte da família é fundamental.
Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉
Um bjo
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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Veja outras dicas sobre amamentação também em:
- Amamentação: o que você precisa saber antes do bebê nascer
- Mamãe, saiba qual a melhor posição e pega na hora de amamentar
- Amamentar: como funciona no meu corpo
- Amamentar – um ato de amor
Bibliografia:
Tratado de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2014.
Saúde na criança: Nutrição Infantil, Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Ministério da Saúde, 2009.
Photo Credit: http://zeenews.india.com/news/health/health-news/why-some-mothers-extend-breastfeeding_1483406.html
Photo Credit: http://developachild.net/games/toys-for-child-development/