Olá papais e mamães!
Em mais um post da série Dor de barriga na criança (chamado de gastroenterocolite aguda no outro post e resolvi simplificar….), hoje vou falar sobre a principal complicação na dor de barriga, a desidratação. Para entendermos os riscos, precisamos entender primeiro porque a água é tão importante para nosso corpo. A água representa um componente essencial no nosso organismo. As necessidades diárias do lactente normal representam 10% a 15% do seu peso, que é muito superior às necessidades do adulto, que são de apenas 2% a 4% do seu peso. A perda rápida de mais de 5% do peso já representa uma desidratação significativa, com as consequências disso: sede intensa, compromisso da função renal, aumento da frequência cardíaca, diminuição da pressão arterial, etc.
Desidratação grave pode levar ao choque, à insuficiência renal aguda e à morte.
As maiores necessidades de água, somados ao fato das crianças nem sempre terem acesso a líquidos de maneira fácil, justificam o maior risco de desidratação quanto menor for a criança.
Por isso, quando o seu pequeno está doente, e ocorre esse aumento da perda de água, seja pela febre (o que chamamos de perdas insensíveis), pela diarréa e/ou pelos vômitos, é fundamental mantê-lo hidratado!
Vamos então entender melhor esse assunto tão importante de hoje, e saber identificar quando o seu pequeno está desidratado.
Quais sinais de alarme devo observar na “dor de barriga”?
Os sinais para as quais você deve ficar atenta são:
Desidratação leve a moderada:
- Boca seca
- Snolência ou prostração (criança “caidinha”) – as crianças ficam menos ativas do que o normal
- Sede, avidez pela água
- Diminuição da quantidade de urina (o pequeno está pedindo para ir no banheiro ou você está trocando menos as fraldas?)
- Ausência de fralda molhada por 3h em bebês.
- Sem lágrimas ou quase nenhuma quando chora
- Pele seca
- Dor de cabeça
- Tontura ou fraqueza
Desidratação grave:
- Sede extrema
- Sonolência e apatia extremas, confusão mental
- Boca, mucosas e pele extremamente seca
- Pouca ou nenhuma urina – ou urina muito escurecida, além do normal (mais concentrada)
- Olhos secos
- Pele seca e tecido da pele que falta elasticidade, e não volta imediatamente quando realizado uma pequena “beliscada” no abdome da criança (veja figura abaixo)
- Nos bebês a moleira está deprimida
- Pressão arterial baixa
- Batimento cardíaco elevado, na ausência de febre (que também pode aumentar a frequencia cardíaca)
- Respiração acelerada, na ausência da febre (pelos mesmos motivos acima explicados)
- Choro sem lágrimas
- Febre elevada, > 39C, por tempo prolongado (>72h)
- Inconsciência, convulsão
fonte: Ministério da Saúde
fonte da imagem: huffingt
Infelizmente a sede não é sempre um bom parâmetro para avaliar a quantidade que o corpo necessita de água, e além disso, a criança muitas vezes não consegue ter acesso a ela tao facilmente como no adulto. Uma melhor indicação de desidratação é acor da urina. Se está clarinha, significa boa hidratação, enquanto que se está aparecendo menor quantidade e menos vezes, como coloração escurecida, um amarelo forte, e escurecida, significa desidratação.
Quando procurar o médico:
- Vômitos incoercíveis, que não melhoram com medicação e soro de reidratação oral e impedem de ingerir líquidos
- Diminuição ou ausência de diurese
- Diarréia com mais de 6 episódios em 12h
- Diarréia com muco e sangue
- Bebê irritado ou choroso, sonolência excessiva ou quando o bebê está caidinho ou gemente
- Diarréia prolongada, com mais de 8 dias de duração
- Presença de dor abdominal intensa e contínua, sem melhora com medicação
- Defesa abdominal à palpação
Além disso, bebês menores de 3 meses, crianças com doenças crônicas debilitantes ou com deficiência imunológica, crianças desnutridas ou com condições familiares e/ou sociais desfavorecidas merecem uma atenção especial e precisam ser avaliadas por médico nessas situações.
Lembrem-se mamães e papais que o mais importante é que se houver dúvida dos pais quanto ao quadro clínico do seu filho, a melhor avaliação é a do pediatra! Nada substitui uma consulta médica.
Espero ter esclarecido um pouco esses pontos importantes relativos a essa doença. No próximo post, deixarei dicas de como evitá-la e, uma vez que ela ocorra, como tratá-la.
Por favor deixem suas dúvidas, compartilhem suas experiências e angústias também!
Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉
Um bjo
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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Confira mais sobre esse tema em:
Referências bibliográficas:
- Acute diarrhea in children –Teresa Mota Castelo et al. Saúde infantil, setembro 2008