Olá gente querida!
Vim hoje escrever sobre algo que tenho falado bastante aqui no blog, o método Baby-Led- Weaning, ou mais conhecido como BLW. Na tradução literal, a sigla significa “Desmame guiado pelo bebê”, mas a idéia não é bem o desmame em si.
O BLW tem tido um destaque muito grande nas mídias, e as mães tem se interessado muito por ele, pois a sua proposta é única. Recentemente, participei de uma matéria no programa do Bem Estar na TV Globo, explicando um pouco sobre o método (veja a reportagem aqui), porém explicações superficiais NÃO explicam o método.
Outra notícia, também vinculada na Globo essa semana, no Jornal Hoje, explicou também de forma superficial o método e deixou as mães extremamente confusas, pois referiu na reportagem que o método BLW não é recomendado pela SBP, e que existe o risco de engasgo, o que não é bem assim.
Por o BLW ser uma método novo ( ou não tão novo assim, como vocês vão ver), vamos conversar um pouco sobre o que o blw NÃO É!
# 1 BLW não é dar a comida em pedaços
Mas como assim Dra??? Eu achava que era isso…pois bem, o BLW é muito mais do que oferecer a comida em formato de pedaços, o BLW é uma filosofia de alimentação. A sigla em inglês pode ser melhor traduzida como Introdução Alimentar GUIADA pelo bebê, que significa que o bebê GUIA o processo! Ele não é passivo no processo, mas ativo, o protagonista do processo todo! O BLW valoriza a autonomia, o desenvolvimento cognitivo e motor do bebê e principalmente, respeita o seu ritmo! O bebê se auto-alimenta, enquanto descobre novos sabores, texturas e sensações!
# 2 BLW não é deixar o bebê sozinho
Ao mesmo tempo que o bebê se AUTO-ALIMENTA e GUIA o processo, sabemos que o adulto, seja o pai, a mãe ou o responsável, estará o tempo todo com o bebê. Nunca deixe seu bebê comendo sozinho e saia para fazer outra coisa! Isso não se deve fazer nunca. A SEGURANÇA do processo é extremamente importante. O adulto participa das refeições junto com o bebê, auxilia e está presente em todo o tempo.
# 3 BLW não é um método tão novo assim
Talvez esse nome “BLW” seja relativamente novo no vocabulário das mães e dos pediatras, mas se procurarmos conversar com nossos bisavós, talvez percebamos que a forma como eles ofereciam os alimentos era bem parecida com a que o método propõe. A idéia do método nada mais é do que valorizar a autonomia do bebê, deixá-lo explorar e descobrir o alimento por ele mesmo, desde que ofereçamos de forma segura.
# 3 BLW não significa maior risco de engasgo
Até o momento não há dados na literatura para dizer se há maior risco de engasgo ou não através desse método, pois trata-se de um método relativamente novo NA LITERATURA, com trabalhos científicos falando a respeito dele. Alguns trabalhos recentes que vocês podem ter acesso, vejam aqui: BLW x introdução alimentar tradicional, BLISS: Baby led introduction of solids study.
Também não existem estudos que a alimentação com a colher é completamente segura, você sabia? O que respalda a alimentação por colher, como se faz hoje, seria algo chamado senso comum, algo cultural já tão arraigado que fica difícil ser questionado! Bebês alimentados com a colher tem risco de engasgo! Se você acha que não existe, não se iluda. Você deve estar preparada da mesma forma.
NO BLW existe a forma correta de oferecer os alimentos, que minimizam a chance de engasgo. Oferecer de qualquer formaa ou sem a orientação correta aí sim é perigoso! A segurança é importante no BLW, e porque as mães que fazem o BLW estão seguras do que estão fazendo, e preparadas para qualquer possível engasgo, se houver, o risco de engasgo é mínimo!
Por isso, treine a Manobra de Heimlich antes, saiba fazer, e nunca deixe o bebê sozinho ok?
(sobre segurança no BLW falarei no proximo post!)
# 4 BLW não é para todos
Sabemos que cada família tem a sua dinâmica, que muitos pais trabalham e não teriam condições de oferecer os alimentos dessa forma! Fazer o método demanda muito tempo e paciência, e deixar isso nas mãos de outra pessoa como escolinha ou a babá não seria prudente nem viável para muitas famílias. Os pais que fazem o método BLW devem estar completamente seguros do que estão fazendo, e principalmente, felizes com a sua escolha!
O BLW exige tempo e dedicação que muitos pais não conseguiriam ter nos momentos de refeições, faz sim uma sujeira danada (que pode ser minimizada com alguns babadores e plásticos limpos no chão, por exemplo), e mesmo para quem quer muito fazer o método, dá aquela desanimada de vez em quando…
# 5 BLW e Sociedade Brasileira de Pediatria
Não existe nenhum pronunciamento da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre o método, pelo simples fato que o método é muito recente. Dessa forma a SBP não se posiciona nem contra ou a favor. Não existe um posicionamento oficial!
O Manual de Nutrologia da SBP, em sua última edição, escreve o seguinte sobre a introdução alimentar: “A partir dos 6 meses, atendendo ao desenvolvimento neuropsicomotor do lactente, é possível iniciar a introdução de outros alimentos. (…) Nesta idade, a maioria das crianças atinge estágio de desenvolvimento com maturidade fisiológica e neurológica e atenuação do reflexo de protrusão da língua, o que facilita a ingestão de alimentos semissólidos.”
“A consistência dos alimentos deve ser progressivamente elevada, respeitando-se o desenvolvimento da criança e evitando-se, dessa forma, a administração de alimentos muito diluídos (…) as crianças que não recebem alimentos em pedaços até os 10 meses apresentam, posteriormente, maior dificuldade de aceitação de alimentos sólidos. Por volta dos 8 a 9 meses a criança pode começar a receber a alimentação da família, na dependência do desenvolvimento neuropsicomotor.”
Fica então a pergunta:
Uma criança que aos 6 meses já tem os marcos de desenvolvimento que a permitem iniciar a alimentação, como o sentar, levar objetos a boca, a perda do reflexo de protusão da língua, e um reflexo de defesa muito importante presente, o chamado GAG, não poderia começar então a introdução alimentar através da auto-alimentação?
Afinal, não é o adulto dizendo à criança que ela está pronta, mas a própria criança mostrando quando ela estará pronta para começar!
E ainda: queremos criar um bebê que seja um comedor intuitivo, que saiba quanto deve comer através do desenvolvimento de mecanismos de saciedade, ou criaremos um glutão, onde o importante é raspar o prato? (Para pensar…mesmo!)
Ainda tem muitas dúvidas no assunto, eu imagino, por isso, deixem nos comentários!
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