Benefícios do Aleitamento Materno

Hoje começa a semana da Amamentação! É nesse clima que escrevi este post. Compartilho com vocês alguns (pois não conseguiria enumerar todos num post) benefícios da amamentação – tanto para a mamãe quanto para o bebê.

Em 2001 a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou a sua recomendação de aleitamento materno exclusivo de 4 meses para 6 meses. Um estudo mostrou que bebês saudáveis de termo que foram amamentados exclusivamente no peito apresentaram taxas de crescimento semelhantes aos bebês não amamentados exclusivamente ou com introdução alimentar antes do 6 meses, bem como índices de ferro semelhantes. Além de todos os benefícios relacionados à amamentação, esse estudo mostrou que não haveria nenhuma vantagem em iniciar a alimentação antes, com o risco de desmame precoce e maiores chances de infecções.

Apesar das taxas mundiais de iniciação do aleitamento materno serem relativamente altas, apenas 40% de todos os bebês com menos de 6 meses são amamentados exclusivamente e 45% continuam amamentando até os 24 meses. Por isso, a meta da Assembleia Mundial da Saúde (AMS) é atingir pelo menos 50% de amamentação exclusiva durante os 6 meses até 2025.

Mas, muitas famílias enfrentam dificuldades no aleitamento materno, por falta de informação e/ou ambiente propício que permita às mães amamentar de forma otimizada.

Apesar da amamentação estar ligada diretamente ao corpo e mente da mulher, a sua prática tende a melhorar com o apoio próximo do companheiro, família, local de trabalho e comunidade. Por isso a Semana Mundial Do Aleitamento Materno tem como tema: Empoderar mães e pais para favorecer a amamentação. Hoje e para o futuro!

Com essa atitude, as organizações de saúde visam valorizar o aleitamento materno em todos os setores, sejam eles no trabalho formal e/ou informal.

Vamos conferir então alguns dos benefícios do aleitamento materno:

1. Diminuição da mortalidade infantil

O leite materno é a primeira “vacina” do bebê. Ele contém inúmeros fatores de proteção que conferem imunidade ao bebê ainda indefeso. A mãe transfere imunoglobulinas, oligossacarídeos, lisozimas, anticorpos e células vivas de defesa ao seu bebê! O aleitamento materno diminui em 13% as mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis (Jones et al., 2003). Nenhuma outra estratégia isolada tem um impacto tão grande na redução da mortalidade infantil, nem mesmo as vacinas. Seis milhões de crianças são salvas por ano no mundo devido ao aumento da taxa de aleitamento materno exclusivo, segundo a OMS.

A mortalidade infantil em crianças menores de dois meses é seis vezes maior em crianças não amamentadas. (WHO 2000)

A amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais. (Edmond et al., 2006)

2. Proteção contra infecções gastrointestinais

Existem várias evidências de que os 2 meses de amamentação exclusiva (além dos 4 meses antes preconizado) proporciona maior proteção contra infecções gastrointestinais. Um estudo em Belarus demonstrou que esse resultado foi estatisticamente significante, sendo a amamentação um fator protetor! Outro estudo (Victoria et al 1992) demonstrou que crianças não amamentadas tem um risco 3 vezes maior de desidratarem quando comparadas às crianças amamentadas.

Essa proteção diminui quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo, pois além da criança deixar de receber o leite materno, ela recebe outros alimentos com potencial risco de contaminação.

Por isso não ofereça ao seu bebê antes dos 6 meses de vida, chás, água ou outros alimentos, pois isso pode ser perigoso!

3. Proteção contra infecções respiratórias

A proteção contra infecções respiratórias já foi demonstrada em inúmeros estudos e ela é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses. Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória. Num estudo brasileiro, foi comprovado que crianças não amamentadas tinham um risco 61 vezes maior de internar do que crianças amamentadas exclusivamente (Cesar et al., 1999).

Crianças com bronquiolite tinham 7 vezes mais chance de internar quando amamentadas por menos de um mês. (Albernaz, Menezes, Cesar, 2003)

O aleitamento materno mostrou-se protetor para infecções de ouvido. (Teele, Klein, Rosner 1989).

4. Diminuição do risco de alergias

O nosso corpo não nasce preparado para receber alimentos diferentes do leite materno. O intestino do bebê, ainda imaturo, precisará ser preparado por 6 longos meses para então estar pronto para receber outros alimentos. A exposição precoce a esses alimentos pode aumentar o risco do desenvolvimento de alergias.

Por isso a exposição do bebê a pequenas doses de leite de vaca ainda na maternidade pode ser tão perigosa, aumentando a chance da criança desenvolver alergia a proteína do leite de vaca, uma vez sensibilizada tão cedo.

A amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, como asma e sibilância recorrente (Van Odijk et al., 2003).

5. Diminuição do risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes

Estudos mostraram que indivíduos amamentados apresentaram valores de pressão sistólica e diastólica menores , além de menores índices de colesterol total e menor risco 37% de apresentar diabetes tipo 2. A exposição precoce do leite de vaca demostrou aumentar o risco de diabetes melitus tipo 1 para a criança em 50% (Gerstein, 1994).

A mãe que amamenta apresenta uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação (Stuebe et al., 2005).

6. Diminuição do risco de obesidade

Bebês que mamam no peito tem uma chance 22% menor de apresentar sobrepeso ou obesidade (Dewey,2003). Quanto mais tempo o bebê mamar, menor é o risco de desenvolver sobrepeso ou obesidade no futuro. Isso tudo porque o leite materno tem uma função importante na programação metabólica de cada indivíduo, relacionado às células de gordura, seu tamanho e diferenciação.

7. Melhor nutrição

O leite materno é específico, e contém todos os nutrientes essenciais ao crescimento e o desenvolvimento da criança. Além de ser mais bem digerido quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses de vida e continua sendo de extrema importância até pelo menos o segundo ano de vida da criança. Ao contrário do que muita gente diz, o “leitinho” não vira água!

8. Efeito positivo na inteligência

O leite materno tem um impacto positivo sobre a inteligência já foi comprovado em um estudo de meta-análise que comparou o desenvolvimento cognitivo de bebês amamentados e não amamentados, ao longo do tempo, com resultados superiores na avaliação do QI nos bebês amamentados, e ao longo da vida adulta. (Anderson, Johnstone, Remley, 1999)

9. Melhor desenvolvimento da cavidade bucal

Para a criança retirar o leite do peito precisa fazer um exercício com a cavidade oral, necessário para a melhor conformação do palato duro, o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. O uso de chupetas e mamadeiras, diferente do peito, empurram o palato para cima, fazendo com que o assoalho da cavidade nasal se eleve. Isso leva à diminuição da cavidade nasal e prejuízo à respiração.

10. Proteção contra o câncer de mama

A mamãe que amamenta também ganha! Para cada ano de duração na amamentação há uma redução no risco de câncer de mama em 4,3%. (Collaborative group in hormonal factores in breast câncer, 2002)

11. Método contraceptivo da lactação e amenorréia

A amamentação nos primeiros seis meses de vida do bebê garante uma eficácia de 98% como método anticoncepcional, desde que a mãe esteja amamentando exclusivamente esteja em amenorréia. (Gray et al., 1990).

12. Custo zero com benefício incomparável

Não existe nenhum outro leite que se compara ao leite materno para o bebê, além de não ter custo nenhum financeiro para a família é o melhor alimento para o bebê! Tem coisa melhor?

13. Vínculo entre mãe e filho

É inquestionável o vínculo entre mãe e filho que a amamentação promove. Não tem nada melhor do que poder ter o filho nos braços podendo dar o melhor que você tem para o seu bebê e vê-lo crescer em seus braços.

Lógico que muitas vezes existem dificuldades a serem superadas, lutas e sofrimento. Por isso, mamãe, se você está passando por alguma dificuldade, espero que com todas essas informações você se sinta motivada. Não desista! Busque ajuda e apoio sempre.

 

Um abraço,

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

Consultório Espaço Médico Descomplicado – São Paulo: (11) 5579-9090/ whatsapp (11) 93014-0007

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