Conheça os sinais de autismo em bebês

É possível reconhecer sinais do autismo em bebês, Dra. Kelly?

Sim! Sabemos que a saúde da criança é uma caixinha de surpresas e vez ou outra surgem certas situações e condições na qual precisamos nos adaptar ao longo do desenvolvimento de nossos filhos. Uma dessas condições é o autismo.

Quando o bebê ou a criança é diagnosticado com autismo, muitos pais se negam a acreditar ou ficam perdidos e não sabem quais atitudes devem ser tomadas, porém é muito importante buscar ajuda médica pois a condição, quando feito diagnóstico precoce, pode fazer toda a diferença na vida desse bebê, pois é possível iniciar o tratamento e intervenção precocemente. 

O autismo, ou transtorno do espectro autista (TEA), como é corretamente denominado hoje, é como o nome já diz, um espectro, e há quadro leves e sutis, e quadros mais graves. Por isso é importante ficarmos atentos aos sinais. 

Mas quais são os sinais que devem receber atenção dobrada dos pais?

O autismo é uma síndrome que causa problemas na comunicação, comportamento e socialização da criança, e seus sinais podem ser vistos desde os primeiros meses de vida. São estes sinais:

Não demonstra reações quando é chamado pelo nome: Quando completam um ano de idade aproximadamente, os bebês já conseguem compreender seu nome e reagem ao serem chamados por ele. Bebês que estão no dentro do espectro do autismo raramente demonstram reações aos estímulos de voz dos pais, principalmente ao ter o nome chamado. É como se não escutasse o que está sendo dito. Às vezes a resposta ao nome acontece, mas é diminuída para a idade. Em muitos casos, os pais podem confundir até com algum problema de audição, que deverá ser descartado também.

Bebê não emite nenhum som comunicativo: O autismo tem como base a dificuldade na comunicação, e desde o início os bebês com TEA podem ter essa dificuldade de troca, seja através do olhar, balbulcios, gestos e palavras. Quando estão despertos, é normal que os bebês emitam uma série de sons para chamar a atenção dos pais ou para tentar interagir. Normalmente são sons incompreensíveis, resmungos, gritinhos ou gemidos que recebem o nome de “balbuciar”. No caso do autismo, o bebê não costuma emitir estes sons mesmo sem apresentar nenhum problema na fala. Isso ocorre porque a criança com TEA tem dificuldade na comunicação, na troca com o outro. Para ela o interesse maior parece estar nos objetos, luzes, movimentos, e não nas pessoas.

Demonstra poucas expressões faciais ou nenhuma: Sorrisos e expressões faciais são comuns ao longo do desenvolvimento do bebezinho e costumam aparecer com cerca de 2 meses de vida mesmo que ele ainda não saiba o que significa de fato tal expressão. Essas expressões acontecem por causa da troca entre o bebê e o cuidador, que motiva a troca de expressões e olhares, ao brincar com o bebê. O bebê aprende através dessa troca. Bebês com TEA, tem uma dificuldade nessa imitação e troca do outro, com diminuição da atividade od que chamamos de neurônios espelho. Algo que deve chamar a atenção logo no início é a troca de olhares durante a mamada. É natural que um bebê busque o olhar da mãe nesse momento, e caso isso não aconteça, não necessariamente significa que seja autismo, mas é importante conversar com seu pediatra sobre essas questões, e procurar saber mais sobre isso. Muitas vezes o olhar do bebê para a mãe torna-se até evitativo numa distância próxima, o que chama a atenção. 

Bebê não quer brincar com outras pessoas ou demonstra estar muito confortável com qualquer um: Crianças autistas normalmente tendem a demonstrar um comportamento de isolamento, ou seja, evita ao máximo estar perto de outras crianças e adultos, seja para brincar ou interagir. O bebê com TEA  pode passar horas brincando sozinho, com um mesmo objeto ou brinquedo, sem se incomodar. Por outro lado, ao contrário do que muitos pensam, um outro sinal de autismo é a criança aceitar colo de qualquer pessoa, por exemplo. Com aproximadamente 8 meses é comum que o bebê estranhe pessoas que não são de seu convívio, já o bebê autista pode sentir-se igualmente confortável com todos, ou seja, não faz uma diferenciação entre familiares e estranhos.

Incômodo com toques, abraços ou demonstração de carinho: É normal que os bebês se sintam confortáveis e até mais calmos e seguros quando recebem carinho da mãe ou do pai. Bebês com autismo podem sentir o contrário: o bebê pode se sentir extremamente incomodado e até apresentar sinais de repulsa a esse tipo de contato, e pode não portanto gostar de colo, de toques como abraços e beijos, massagem, e o olhar nos olhos. Isso não é porque não gostam de carinho. Na verdade, bebês com TEA podem ter algum transtorno de processamento sensorial que tornam muitas vezes quele toque aversivo para eles. 

Demonstra incômodo com a textura de certos alimentos e com determinados sons: Sabe-se que crianças autistas são as mais afetadas pela dificuldade na introdução alimentar, e isso se deve pelo falo de seus sentidos sensoriais serem diferentes. Texturas, cheiros, cores e sabores diferentes do que ele já está acostumado podem deixá-lo muito desconfortável, o que, para muitos pais, acaba sendo um motivo de grande preocupação pois afeta diretamente esse momento de transição entre o leite materno e o consumo de alimentos sólidos, no período de introdução alimentar. É importante trabalhar essas questões muitas vezes de maneira específica e pode ser necessário ajuda especializada.

VAMOS DESCOMPLICAR?

  • O bebê precisa de mais estímulos que o comum para atenderem ao chamado dos pais;
  • Apresenta pouco contato visual durante a amamentação ou nenhum;
  • Pode demonstrar incômodo extremo a toques e demonstração de carinho;
  • Evita interações e pode aceitar colo de desconhecidos facilmente;
  • Demonstra poucas expressões faciais;
  • Déficit de interesses sociais;
  • Pode apresentar regressão na fala e em movimentos que já sabia fazer;
  • Pode apresentar movimentos repetitivos, por exemplo, balançar-se (rocking) ou mexer as mãos (flapping) .

Lembre-se que nem sempre alguns destes sinais são diretamente ligados ao autismo! O mais importante é que os pais observem seu bebê e, caso notem alguns sinais acima, consultem um pediatra para que o bebezinho seja avaliado corretamente. Essa consulta com o pediatra é MUITO importante pois se o autismo for identificado precocemente, é possível reduzir drasticamente o grau da condição com o tratamento adequado e terapias de intervenção precoce. 

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Dra Kelly Marques Oliveira

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Dra Kelly Marques Oliveira

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