Sabe aquela tosse chata que parece nunca passar? Começa como um resfriado, mas depois parece evoluir com secreção, catarro e pode dar até falta de ar em crianças e bebês, com acessos de tosse que levam à apnéia (parada da respiração por alguns segundos) e o bebê fica roxinho. Fique atento, pois pode ser coqueluche!
Mas…antes de falar sobre essa doença, imagine que existe uma forma segura e eficaz de proteger o seu bebê da coqueluche! Sim, existe vacina contra essa doença, mas alguns detalhes são importantes sobre essa vacina, vamos entender melhor nesse post.
O que é a Coqueluche?
A Coqueluche é uma doença infecciosa e altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis, que compromete todo o aparelho respiratório. A forma grave da doença geralmente acomete crianças menores de 3 meses, com taxas de mortalidade que variam de 5,5 a 14%. Essa doença ainda é um grande problema de saúde pública e continua ocorrendo na forma endêmica e epidêmica, mesmo nos países em que as coberturas vacinais no primeiro ano de vida são superiores a 95%. No Brasil, a cobertura vacinal contra a doença em gestantes chegou a apenas 59% em 2018, segundo dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).
Como ocorre a transmissão?
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa através do contato próximo por gotículas de saliva, como tosse e espirros. Em bebês, a fonte mais comum de transmissão é a própria mãe, sendo responsável por 37% dos casos. Bebês menores de 6 meses estão mais suscetíveis, pois ainda não tem o esquema completo de vacinação contra a doença. Outras pessoas como cuidadores e membros da família também podem transmitir a doença, como pai, avós, tios e irmãos mais velhos. Por isso a imunização dos pais e cuidadores é primordial para proteção ao bebê.
Quais são os sintomas da Coqueluche?
A doença se caracteriza por três fases sucessivas. A fase catarral é muito semelhante a sintomas de resfriado comum: febre, coriza, mal-estar e tosse seca, podendo evoluir para acessos de tosse seca contínua. Na fase paroxística ou fase aguda, ocorrem acessos de tosse com inspiração forçada, e prolongada, que podem seguir por vômitos e apnéia (a criança para de respirar por alguns segundos, podendo ficar com os lábios roxos). É a famosa tosse com guincho, com uma respiração profunda ao final para puxar o ar. Por último, na fase de convalescença, os acessos de tosse tendem a desaparecer, mas a tosse comum persiste. As formas graves da doença podem levar à desidratação, pneumonia, convulsão, lesão cerebral e até a morte.
Lembre-se: no início, a coqueluche pode ser confundida com uma gripe ou resfriado comum, não sendo diagnosticada até que os sintomas mais graves apareçam. Por isso, se você suspeitar que seu bebê esteja com coqueluche, procure o seu pediatra.
É verdade que a coqueluche pode levar à óbito?
Sim, é um importante causa de mortalidade infantil e a maioria dos óbitos ocorrem em bebês menores de um ano de idade, principalmente nos primeiros seis meses de vida.
Como prevenir?
A vacinação é forma mais segura e eficaz de prevenção. Futuras mamães devem ser vacinadas com dTpa a partir da 20ª semana em todas as gestações, pois além de proteger a gestante e evitar que ela transmita a Coqueluche ao recém-nascido, permite a transferência de anticorpos ao feto protegendo-o nos primeiros meses de vida até que possa ser vacinado, por isso, é tão importante que a vacinação seja repetida a cada gravidez.. Pais, irmãos e cuidadores também devem se vacinar, para ampliar ainda mais a proteção.
Mais de 90% das hospitalizações pela doença são em menores de 2 meses, que não tem a proteção vacinal e estão suscetíveis à doença.
No Brasil, a vacina contra coqueluche é aplicada desde 1975, conhecida como a vacina tríplice bacteriana, ou DTP, e protege contra difteria, tétano e pertussis (coqueluche).Em 2014 a dTpa foi incluida no Programa Nacional de Imunização no calendário vacinal da gestante. É uma vacina confiável, segura e indicada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Existem 2 tipos de vacina, a de células inteiras e a acelular, ambas disponiveis no SUS nas Unidades Básicas de Saúde, para diferentes grupos
A vacina de células inteiras pode ocasionar maiores efeitos colaterais, como febre, vermelhidão e inchaço no local da picada, irritabilidade, sonolência e, mais raramente, convulsão até 48 horas após a dose, esta vacina é indicada apenas para menores de 7 anos. A vacina acelular para este grupo, está disponível apenas na rede particular e devido ao seu componente acelular, tem menos efeitos adversos.
Como é o esquema vacinal da dTpa/DTP/? Para gestantes, deve ser feito um reforço da vacina dTpa a cada nova gestação. Gestantes nunca vacinadas e/ou com o histórico vacinal desconhecido, recomenda-se pelo menos duas doses de dT e uma dose de dTpa, desde que a vacina dTpa seja aplicada após a 20ª semana de gestação, e o intervalo entre as doses deve ser de pelo menos 1 mês.
Para bebês, o esquema são 3 doses, aos 2,4 e 6 meses de idadeNesta faixa de idade a proteção contra Tetano, difteria e Coqueluche está incluida na vacina pentavalente disponivel no SUS e nas vacinas penta e hexavalente disponiveis na rede privada.. O 1º reforço entre 15 e 18 meses e o 2º reforço entre 4 e 6 anos podem ser feitos com a vacina de células inteiras no SUS (DTP) ou com a vacina acelular na rede privada.
O reforço da vacina dTpa é recomendado a partir dos 10 anos de idade, com novas doses de reforço a cada 10 anos.
Para quem a vacina é indicada?
- Bebês aos 2, 4 e 6 meses, com um reforço no segundo ano de vida.
- Crianças de 4 a 6 anos de idade como segundo reforço.
- Gestantes a partir da 20ª semana de cada gestação.Todas as pessoas que convivem com crianças menores de 1 ano, pois não possuem esquema vacinal completo, incluindo familiares, babás, cuidadores e profissionais da saúde.
- Adolescentes, adultos e idosos como reforço a cada 10 anos.
Eu não sou mãe, mas trabalho como cuidadora. Posso tomar a vacina?
Pode e deve! Todas as pessoas que convivem com crianças menores de 1 ano, , incluindo familiares, babás, cuidadores e profissionais da saúde, precisam ser vacinados.
Viram como a vacina é importante? A gente faz tanta coisa para proteger nosso bebê contra doenças, e nos preocupamos com tantas coisas antes do bebê nascer, não é? Então antes de ter seu bebê nos braços, VACINE-SE e vacine a todos aqueles que estarão próximos dele, combinado? Lembre-se de sempre conversar com seu médico para tirar todas as suas dúvidas também.
Com carinho,
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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