Você já imaginou o poder que contato entre mãe e bebê podem ter? O quão forte é esse vínculo? Já havia falado em outros posts sobre o poder do contato pele a pele, mas um fato ocorrido recentemente surpreendeu todas as expectativas.
Uma comovente situação, que parece até enredo de filme, aconteceu no estado do Ceará. Amanda Cristina Alves, que sofre de epilepsia crônica, estado na qual a pessoa tem quadros convulsivos, entrou em coma após o parto, em estado gravíssimo, e permaneceu dessa forma por 23 dias, até que algo surpreendente aconteceu.
Amanda tem diagnóstico desde a infância de epilepsia crônica, e por conta desse quadro, usa diversas medicações para o controle da doença. Ao descobrir a terceira gestação, precisou diminuir a dose do medicamento, para não prejudicar a formação do feto, porém as crises convulsivas durante a gravidez aumentaram. Um pico de ansiedade e agitação, levou a mãe grávida entre as 36 a 37 semanas, a convulsionar. Uma cesariana urgente, foi realizada a fim de evitar mais riscos para o bebê. Ao nascer, a criança foi transferida de forma imediata à UTI neonatal, sem que tivesse qualquer contato com mãe.
A partir desse momento, Amanda entra em coma, sem aparentar melhoras ou emitir respostas a estímulos sensoriais ou auditivos, foi então, que a enfermeira da UTI Fabíola Sá, teve uma idéia, que seria a última esperança contra aquela situação: colocar mãe e bebê em seu primeiro contato pele a pele. Desta forma, após consultar especialistas em infectologia e neurologia, e certificar-se de que não haveria riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, a enfermeira, coloca o bebê no colo da mãe, como se Amanda estivesse abraçando e acolhendo o seu bebê.
Para a surpresa e emoção de toda a equipe, a reação foi instantânea, os batimentos cardíacos da mãe aceleraram, lágrimas brotaram em seu rosto, em seguida, gotículas de leite saíram de seu seio, sem qualquer estimulação! Nos dias posteriores, a evolução de Amanda continuou a acontecer e foi notável, tanto que vinte dias após o acontecido, retornou para casa com o bebê em seus braços.
Esse acontecimento tão emocionante, só ressalta a importância do contato pele a pele entre mãe e bebê. É válido ressaltar que a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac-UFC), local do ocorrido, é um dos 40 hospitais brasileiros que adota o método canguru, esse método incentiva o pele a pele, tal prática ajuda na diminuição de infecções e fortalece a amamentação. Essa história emocionante será usada como estudo piloto para avaliar a importância dessa troca tão significativa entre mãe e bebê.
Não há dúvidas! A humanização no parto e no pós-parto é algo poderoso, um ”simples” toque, um ”pequeno” contato, teve força para despertar uma mãe, isso só prova que a ligação mãe-bebê é mais profunda do que podemos imaginar. O pele a pele, deve acontecer sempre que possível! Ele, como já falado, é poderoso e significativo! Em sua simplicidade carrega uma tremenda carga de amor, amor este que podemos ver nas palavras de Amanda:
” Vendo o meu caso, meu pai e meu marido achavam que eu não iria sobreviver. Quando senti o cheiro do meu filho senti uma emoção que não tenho palavras para explicar. Queria falar, mas não conseguia”.
Em resumo, é importante que o pele a pele aconteça! É nesse momento que mãe e bebê se conhecem, se fortalecem e se conectam. O pele a pele é belo, profundo e marcante, sendo, exatamente aquilo que mãe e bebê precisam!
Um bjo!
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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