Vimos no primeiro post que a alimentação saudável começa com hábitos saudáveis implementados na casa e pelo exemplo dos pais. Falei um pouco sobre os 10 passos da alimentação saudável e hoje vamos explicar cada passo mais a fundo! Prontos? Vamos lá!
Passo # 1: Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
“Até os seis meses o leite materno é tudo que a criança precisa.”
Uma pausa aqui. Eu sei que estamos falando sobre introdução alimentar, mas não se esqueçam que ainda nessa fase o leite materno tem fundamental importância na nutrição do bebê. Os demais alimentos são um complemento à amamentação. Se a amamentação não estiver bem estabelecida, logo o bebê irá desmamar, e esse não é o objetivo.
Devo oferecer chás, água ou outro alimento antes dos 6 meses?
Não. O leite materno é completo e satisfaz todas as necessidades do bebê.
Vamos recordar?
- O primeiro leite da mamãe, chamado colostro, é produzido em pequena quantidade (o estômago do bebe é do tamanho de uma cereja ao nascimento!). Ele costuma ser bem amarelo, pois é rico em proteínas e imunoglobulinas, fundamentais nessa fase.
- O leite materno é suficiente para o bebê até o 6º mês de vida. A oferta de chás, sucos e água antes dos 6 meses pode prejudicar a sucção do bebê, e diminuir a oferta do leite materno. Além disso a oferta desses líquidos na mamadeira pode levar à “confusão de bicos” e provocar o desmame precoce.
- A pega errada prejudica o esvaziamento completo da mama, impede que o bebê mame o leite posterior (do final da mamada), que é rico em gordura, interfere na saciedade e encurta os intervalos entre as mamadas. Consequentemente a mãe pode pensar que o seu leite é insuficiente e fraco.
- A pega correta não dói e não machuca. Se isso estiver acontecendo, procure ajuda.
- O esvaziamento incorreto das mamas pode levar ao ingurgitamento mamário, e consequentemente diminuição da produção de leite.
- A mamãe deve estar atenta a uma alimentação saudável (lembre-se que o que você come passa para o bebê) e deve tomar muita água para estimular a produção de leite (mais de 2 litros!)
- O tempo para esvaziamento da mama depende de cada bebê. Com o passar do tempo, o bebê fica mais eficiente e costuma demorar menos tempo para mamar.
- Quando as mamães começam a trabalham é possível manter a amamentação. Veja no post que falei sobre Amamentação e Trabalho.
Para as mamães que não amamentam, como fazer?
- Quando por algum motivo a amamentação não é possível, as fórmulas infantis são indicadas e o seu uso deve ser orientado pelo pediatra.
- Não há necessidade de dar outros alimentos ao bebê antes dos 6 meses. O bebê deve receber água 3 a 4 vezes ao dia quando estiver em uso de fórmula.
- Não se deve dar leite de vaca integral para o bebê, pois há uma sobrecarga muito grande de proteínas, além de precipitar alergias, diarréia, problemas respiratórios como asma, e de pele, como a dermatite atópica. Além disso, há um risco maior de anemia e desnutrição. O leite de vaca também é pobre em vitaminas, oligoelementos e ácidos graxos essenciais.
“O bebê que mama no peito cresce, tem mais saúde e adoece menos.”
Para mais informações sobre aleitamento materno, benefícios da amamentação, pega correta, produção de leite materno, e dúvidas sobre amamentação, consulte os posts sobre esse assunto no blog.
Passo # 2: Ao completar 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais
“Para que o bebê continue crescendo bem, a partir dos seis meses, ele necessita receber outros alimentos além do leite materno.”
A partir dos 6 meses, a criança precisa complementar o leite materno com outros alimentos, embora este ainda continue sendo fundamental para o bebê.
- O bebê já tem maturidade neurológica e fisiológica para receber outros alimentos. Nessa idade o bebê já fica sentadinho para comer, o reflexo de protusão da língua diminui progressivamente, o que facilita a deglutição, e as enzimas digestivas são produzidas de maneira adequada.
- Mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve continuar a mamar no peito até os 2 anos ou mais. O leite materno protege contra doenças e crianças amamentadas ficam menos doentes.
- Com a introdução dos alimentos deve-se também oferecer água nos intervalos. Lembre-se que ela deve ser filtrada ou fervida. Prefira oferecer no copo ou no copinho de transição, para não estimular o desmame. A aceitação da água varia conforme os dias mais quentes ou frios.
- Sucos devem ser evitados até os 2 anos, preferindo sempre a fruta in natura.
- Os alimentos oferecidos a criança devem ser sem temperos picantes, sem produtos industrializados, com pouco ou sem sal e oferecidos amassados, desfiados, triturados ou picados em pequenos pedaços (vamos dicutir isso muito pois existem diferentes métodos, o mais tradicional e o chamado baby-led-weaning, em que são oferecidos ao bebê pedaços do alimento inteiros, para que a criança tenha uma experiência sensorial com a comida e desenvolva mecanismos de saciedade).
- A introdução dos alimentos deve ser lenta e gradual. É normal que a criança rejeite um alimento no início, pois tudo é novo, o sabor a consistência e até o ato de comer! É preciso ter paciência e continuar oferecendo, sem forçar. A orientação é que seja uma comida por vez no início por 2 motivos principais: se ocorrer alergia, os pais saberão identificar, e como são sabores novos, a introdução lenta permite udentificar as preferências.
- Os alimentos devem complementar o leite materno e não substituí-lo.
- A aceitação dos alimentos varia muito de criança para criança, e de um dia para outro. Por isso se o seu primeiro filho comia tudo que você oferecia, mas o segundo não quer muito saber de comer, isso é completamente normal! É preciso respeitar a individualidade de cada um.
Espero que tenham gostado, no próximo post tem mais!
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Um bjo
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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Referências bibliográficas:
- Dez passos para uma alimentação saudável: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. 2ª edição, 2ª reimpressão. Brasília 2013 – DF. Ministério da saúde
- Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 3ª. ed. Rio de Janeiro, RJ: SBP, 2012.
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