Recentemente, o ex-apresentador Tiago Leifert e a jornalista Daiana Garbin trouxeram a público o diagnóstico de sua filha Lua de um câncer raro nos olhos que ocorre nas crianças, chamado de retinoblastoma, e traz um alerta: observem seus filhos e façam o acompanhamento adequado deles no médico, além do questionamento RETINOBLASTOMA e o TESTE DO OLHINHO – qual a sua importância?
O que é o retinoblastoma?
O retinoblastoma é um tumor maligno raro que tem sua origem das células da retina – parte do olho responsável pela visão – e pode afetar um ou ambos os olhos. É o tumor primário dos olhos mais comum em crianças, e pode ocorrer ainda em bebês ou crianças até 2 anos de idade, e ainda pode estar presente ao nascimento.
É um tumor raro da infância que afeta 1 em cada 17.000 crianças, e que se for diagnosticado precocemente, as chances de cura chegam a 90%. Por isso o diagnóstico precoce é tão importante!
Porém pode ser uma doença fatal quando não diagnosticada e tratada, podendo levar a óbito até 50% dos casos.
Quais são os sintomas dessa doença?
O sintoma que está presente em 90% dos casos diagnosticados, é a leucocoria, popularmente conhecida como ‘sinal do olho de gato’, que nada mais é do que um reflexo branco na pupila. Esse reflexo branco na pupila dos olhos, quando refletido por uma luz de um flash, por exemplo, ou quando realizado o teste do olhinho, ocorre porque a luz incide sobre a superfície do tumor e impede a passagem de luz.
Como não há passagem de luz, essa via ótica não manda sinais para o centro da visão, no cérebro e a visão não se desenvolve no olho acometido. Porém, em crianças, por terem um cérebro muito plástico, o cérebro se adapta completamente, usando toda a visão do olho normal, por isso, pode não ser perceptível no início do quadro.
Outros sintomas podem ser mais precoces que a leucocoria, como por exemplo o estrabismo, ou um movimento anormal dos olhos, e mesmo quando a criança olha de lado para conseguir enxergar. Observem seus filhos e procure o oftalmologista, que é o médico especialista do olho, para avaliar.
Outros sintomas presentes também são dificuldade para enxergar (que pode não ser precoce em crianças), olhos vermelhos, alteração da pupila (a parte preta e central dos olhos). Pode ter dor quando está associada a uma condição chamada de glaucoma secundário.
“Sinal do Olho de Gato” – Leucocoria
Fonte: http://psf1junqueiropolis.blogspot.com.br/2011/05/o-que-e-retinoblastoma.html
Como é feito o diagnóstico de retinoblastoma, doutora?
O diagnóstico mais preciso é feito através de exames como fundo de olho, ultrassonografia ocular e ressonância magnética com contraste, mas isso quando já foi feita a suspeita diagnóstica pelo médico oftalmologista.
Apesar de o principal sintoma ser a leucocoria (o famoso “olho de gato”), o seu aparecimento significa que a doença já está avançada e as chances de salvar o olho da criança serão menores. Antes disso, a criança já pode apresentar como sintoma sensibilidade à luz (fotofobia) ou um desvio dos olhos, por exemplo, estrabismo.
O diagnóstico geralmente acontece em torno de 18 meses de vida, quando a criança já consegue verbalizar mais e também observa-se alguns sintomas. A origem do retinoblastoma é genética e deve-se investigar casos na família.
E como prevenir ou fazer o diagnóstico precoce?
Felizmente, um dos screenings mais importantes é realizado obrigatoriamente já na maternidade. É o Reflexo do Olho Vermelho, também chamado de Teste do Olhinho, que faz parte das diretrizes de rastreamento neonatal desde o primeiro semestre de 2003.
É um exame rápido, simples, indolor e, quando feito por profissionais capacitados, é possível detectar muito precocemente alterações como o retinoblastoma e outros diagnósticos diferenciais como catarata, glaucoma congênito, entre outros. O teste do olhinho deve ser feito também pelo pediatra pelo menos a cada 6 meses, até os 2 anos de vida.
Como é feito o teste do olhinho?
O teste do olhinho nada mais é do que o teste do reflexo do olho vermelho, um teste realizado na maternidade ou em consultório pelo pediatra. O teste é feito ao se incidir uma luz, no caso feita com oftalmoscópio pelo médico sobre o olho do bebê. O exame é feito na penumbra para que a pupila esteja mais dilatada. Quando o reflexo de ambos os olhos é vermelho, significa que está normal.
Se houver um reflexo diferente entre os olhos ou a presença de opacidade, a criança deverá ser avaliada por um oftalmologista com urgência, pois poderá ter problemas como: catarata congênita, retinoblastoma ou retinopatia da prematuridade.
É importante lembrar que todos os prematuros com 32 semanas ou menos e/ou menores de 1500g devem ser avaliados com dilatação de pupila por oftalmologista na 6ª semana de vida e acompanhados de acordo com o quadro clínico.
Em olhos saudáveis, esse reflexo é sempre vermelho. Outros sintomas que podem aparecer são estrabismo, vermelhidão, deformação do globo ocular, baixa visão, conjuntivite, inflamações, e dor ocular.
Uma vez feito o diagnóstico de Retinoblastoma, o que fazer?
O tratamento vai depender do tamanho e da localização do tumor. O objetivo é a cura e a manutenção da visão. Além disso, é importante avaliar todos os parentes de 1º grau da criança com a doença.
Quando o diagnóstico ocorre precocemente e sem acometimento extraocular, a chance de cura é de até 90%.
Por isso, é extremamente importante que se os pais perceberem qualquer alteração ou anormalidade nos olhos do filho, procurem um médico o quanto antes. O diagnóstico precoce possibilita o tratamento adequado e aumenta as possibilidades de preservar a visão e a vida da criança.
Observem seus filhos e procure o médico quando houver suspeita de que há algo de errado.
Aproveite os nossos conteúdos e não se esqueça de seguir os nossos perfis nas redes sociais para estar atualizada em tempo real!
Referências bibliográficas
degree, cause, and potential consequences. Pediatrics 2002; 109:E45.
- Abramson DH, Beaverson K, Sangani P, Vora RA, Lee TC, Hochberg HM et al. Screening for
retinoblastoma: presenting signs as prognosticators of patient and ocular survival.
Pediatrics 2003; 112:1248-55.
- Antoneli CBG, Steinhorst F, Ribeiro KC, Chojniak MMM, Novaes PERS, Arias V, Bianchi A.
Rev Assoc Med Bras 2004; 50(4): 400-2
- Seregard S, Lundell G, Svedberg H, Kivelä T. Incidence of retinoblastoma from 1958 to
1998 in Northern Europe: advantages of birth cohort analysis. Ophthalmology 2004;
111:1228-32.
- Shields CL, Shields JA. Basic understanding of current classification and management of
retinoblastoma. Curr Opin Ophthalmol 2006; 17:228-34.
- Broaddus E, Topham A, Singh AD. Incidence of retinoblastoma in the USA: 1975-2004. Br J
Ophthalmol 2009; 93:21-23.
- Hurwitz RL, Shields CL, Shields JA, Chévez-Barrios P, Gombos D, Hurwitz MY,
Chintagumpala MM. Retinoblastoma. In: Principles and Practice of Pediatric Oncology, 6th
ed, Pizzo PA, Poplack DG eds, Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia 2011. p.809-37.
- Dhar SU, Chintagumpala M, Noll C, Chévez-Barrios P, Paysse EA, Plon SH. Outcomes of
integrating genetics in management of patients with retinoblastoma. Arch Ophthalmol
2011; 129:1428-34.
- de Graaf P, Göricke S, Rodjan F, Galluzzi P, Maeder P, Castelijns JA, Brisse HJ.Guidelines
for imaging retinoblastoma: imaging principles and MRI standardization. Pediatr Radiol
2012; 42:2-14.
- Age-adjusted and age-specific SEER cancer incidence rates, 2004-2008. Acessado em 4
dec. 2013 Disponível em
http://seer.cancer.gov/csr/1975_2008/results_merged/sect_29_childhood_cancer_iccc.pdf.
- Silva DB, Barreto JHS, Pianovski MAD, Morais VLL, Land M. Epidemiologia e diagnóstico
precoce do câncer na criança. In: Campos Júnior D, Burns DAR editores. Tratado de
Pediatria. 3a ed. São Paulo: Manole; 2014. p.2203-8.