Quando todo mundo está olhando, ninguém está olhando.

“Era domingo de manhã, na noite anterior tinha sido o aniversário da minha mais velha, uma amiga dela resolveu dormir em casa. Meu pequeno Lucas acordou pedindo para mamar. O pai levantou, fez o mama e deu na sala. Caiu no cochilo enquanto Lucas brincava. Qual o problema disso? Nossa piscina sempre ficava coberta, minha porta sempre fechada e trancada. Será que estava naquele dia? Até hoje me pergunto. Não sei se foi uma hora ou 20 minutos. Levantei, fui procurá-lo e não encontrei. Chamei, não respondeu. Fui lá fora. E a imagem até hoje me congela. Só tive força para gritar. Naquela hora, uma parte de mim foi embora e nunca mais voltou. Meu marido correu, tirou meu pequeno que boiava de costas da água, a amiga da minha filha chamou a ambulância. Enquanto eu ficava ali, congelada. Não tinha mais nada a ser feito.”

Essa história que recebi no direct esses dias, se repete 16 vezes por dia no Brasil (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático).

E estima-se que 3.600 casos de “quase afogamentos infantis” ocorrem todo ano. A maioria ocorre em piscinas, segundo o Ministério da saúde. 

Nesta época de festividades, tristemente, os números tendem a crescer. Todo cuidado é pouco

Crianças se afogam rápido e silenciosamente. Elas podem perder a consciência em dois minutos (ou menos) e os danos cerebrais ocorrem após cinco.

A cabeça e os membros superiores são as partes mais pesadas do corpo em crianças mais novas, por isso elas tendem a perder o equilíbrio, o que torna objetos, aparentemente inofensivos, como baldes, banheiras e vasos sanitários extremamente perigosos e letais! 

E aí, o final do ano chega: casa cheia de gente, ou nem tanto assim. Crianças correndo e brincando pela casa. Sabe quando a mãe tá ali e fala: alguém olha ele por favor enquanto eu faço tal coisa?

Aí que mora o perigo. 

A verdade é que não precisa de muito tempo. Bastam alguns segundo e um descuido para o acidente (evitável) acontecer.

Criança precisa de supervisão o tempo todo. Inclusive as mais velhas.

Então como se proteger disso?

Seja qual for o ambiente do afogamento, uma piscina, um rio ou uma represa, a maior chance de sobrevivência é evitar que essas situações ocorram:

  • Não deixe o bebê ou criança sozinha na banheira, piscina ou qualquer reservatório de água nem por um instante. Eles devem estar a, no máximo, um braço de distância;
  • Não deixe baldes, bacias ou outros recipientes com água ao alcance de crianças menores de 5 anos. 
  • Piscinas portáteis devem ser esvaziadas e desmontadas após o uso;
  • Não deixe atrativos, como brinquedos, próximos ou em reservatórios e recipientes de água;
  • Não confie em boias ou outros dispositivos de flutuação que não sejam coletes salva-vidas. Nunca deixe a criança sozinha na água mesmo que esteja com colete salva-vidas;
  • Não permita que seus filhos utilizem objetos de modismo, sem que haja a certificação e confirmação de segurança: por exemplo, as “caudas de sereia”, que são responsáveis por vários afogamentos;
  • Não permita que seus filhos nadem em piscinas onde não haja proteção nos ralos quanto à sucção de cabelos, correntes, partes do corpo, como tampas abauladas específicas, sistemas de desarme de motobomba, etc.

O que fazer quando observar alguém se afogando (mesmo que não seja criança)?

  • Sempre: chame ajuda! Ligue 193
  • Se o socorro iniciar na água, forneça flutuação para a vítima interromper o processo de afogamento. 
  • Se a vítima estiver inconsciente, tente fazer ventilações de resgate (se for seguro) ainda na água se for água rasa ou tiver dois socorristas. Remover da água assim que possível.
  • Se a vítima não estiver responsiva, cheque se há presença de respiração e pulso. Na ausência dessas características, você estará diante de uma parada cardiorrespiratória ou quadro de insuficiência respiratória e deverá informar o socorrista do 193 para ser orientada sobre uma conduta específica para cada situação.

Acidentes são mais comuns em época de férias!

Fique de olho. Torne o ambiente mais seguro. Converse com seu filho e explique porque ele não pode ficar sozinho, onda há perigo (crianças mais velhas)

E voltando ao “quando todo mundo está olhando, ninguém está olhando”: nomeie uma pessoa para cuidar do seu filho ( pode ser tia, vovó, dinda) que você confie e dê as instruções de cuidado e segurança sempre que você precisar se ausentar mesmo que por breves minutos

Todo cuidado é pouco. 

Principalmente quando estamos falando do bem mais precioso que temos.

Compartilhe este texto com todos que você ama, conhece e deseja proteger. 

Eu compartilho com você hoje porque farei tudo o que estiver em meu poder para que directs como o do começo deste texto não precisem se repetir.

Um beijo, Dra. Kelly Marques Oliveira
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039 RQE 47171 | 88906

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REFERÊNCIA:

https://www.metropoles.com/brasil/desde-2005-brasil-registrou-em-media-12-mortes-por-afogamento-a-cada-dia?amp
https://www.stanfordchildrens.org/en/topic/default?id=water-safety–injury-statistics-and-incidence-rates-90-P03004
https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/afogamento-esta-entre-as-principais-causas-de-mortes-acidentais-de-criancas-no-brasil/

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