O fenômeno de Raynaud, ou vasoespasmo

Um dos grandes motivos para interrupção precoce do aleitamento materno é a dor relacionada a amamentação.

Estudos mostram que até 96% das mães que amamentam sentem dor nos mamilos nas primeiras 6 semanas após o parto.

As diversas causas de dor nos mamilos incluem: dor de descida do leite, problemas com a pega e posicionamento do bebê, obstrução dos ductos lactíferos, dermatite atópica ou de contato, infecções secundárias por Candida albicans ou Staphylococcus aureus e fenômeno de Raynaud do mamilo.

Apesar de existirem poucos relatos na literatura sobre o Fenômeno de Raynaud, e essa condição ainda ser subdiagnosticada, o profissional de saúde deve lembrar e saber fazer o diagnóstico se houver queixas de dor pela lactante, pois muitas vezes essa acaba sendo a razão pela qual a mãe deixa de amamentar.

O fenômeno de Raynaud afeta até 10% das mulheres saudáveis de 21 a 50 anos de idade.

Ele é caracterizado por episódios reversíveis de vasoespasmo das extremidades, causando uma isquemia intermitente e subsequente vasodilatação reflexa, associada a alteração da coloração. A isquemia se manifesta com palidez, podendo ser seguida de cianose, e por último, por conta da vasodilatação reflexa e reperfusão, o eritema.

Fenômeno de Raynaud mamilar é caracterizado por uma dor em pontada ou queimação na mama com branqueamento e outras mudanças de cor do mamilo.

Pode ser classificado em: primário ou secundário. O primário é de origem desconhecida, já o secundário apresenta uma causa de base que leva ao Fenômeno de Raynaud.

Mulheres em idade reprodutiva apresentam risco aumentado de desenvolver o fenômeno de Raynaud, devido a uma resposta vasomotora exagerada associada aos estresse e a níveis elevados de estrogênio.

O estrogênio aumenta a expressão de receptores adrenérgicos no músculo liso, que estão associados à constrição das artérias cutâneas induzida pelo frio. Além disso, o estresse emocional provoca aumento da liberação de norepinefrina do sistema nervoso simpático, que se liga a esses receptores regulados nas paredes dos vasos. A amamentação pode ser estressante, iniciando um ciclo de feedback positivo.

Para o diagnóstico, é necessário presença de dor crônica no mamilo, por 4 ou mais semanas, de moderada a forte intensidade associada a 2 dos seguintes critérios.

1) Alterações de cor, observadas ou autorreferidas, do mamilo, principalmente com exposição ao frio.

2) Maior sensibilidade ao frio ou mudanças de cor das mãos ou pés com a exposição ao frio

3) Falha na terapia com antifúngicos orais.

O diagnóstico então é confirmado após responder ao tratamento.

Pacientes com fenômeno de Raynaud mamilar são frequentemente diagnosticados com candidíase, sendo esse um diagnostico diferencial, já que apresenta quadro clínico semelhante.

O fenômeno de Raynaud às vezes está associado a doenças autoimunes subjacentes, especificamente distúrbios do tecido conjuntivo, como lúpus e esclerodermia, sendo então referido como fenômeno de Raynaud secundário.

O fenômeno de Raynaud do mamilo também foi relacionado com cirurgia de mama anterior.

O tratamento inicial baseia-se em medidas não farmacológicas:

  • Calor: compressas quentes após amamentar ou sempre que a mãe tem dor.
  • Massagem nas mamas.
  • Alongamento do músculo peitoral
  • Aquecer os mamilos
  • Evitar exposição ao frio e o consumo de cafeína e medicamentos vasoconstritores.

Se as medidas acima não forem efetivas, pode ser necessário o tratamento farmacológico com nifedipina, um bloqueador de canal de cálcio, que causa vasoconstrição. Por ser usado no tratamento de hipertensão arterial, tem como efeito colateral queda da pressão, sendo assim, é importante avaliar a tolerância da mãe ao medicamento.

O reconhecimento precoce do Fenômeno de Raynaud do mamilo pode ajudar a prevenir a interrupção prematura da amamentação devido à dor intolerável, de modo que o bebê e a mãe possam experimentar os benefícios nutricionais, imunológicos, psicológicos e sociais da amamentação.

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Dra Kelly Marques Oliveira

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