O que a pandemia roubou de nossas crianças?
O que a doença poupou as crianças em relação aos sintomas mais severos, afetou sua saúde mental e emocional. O estresse e ansiedade são muito reais, eu sei! Esta é uma crise universal e, para algumas crianças, o impacto será para toda a vida.
As consequências do isolamento se estendem em vários aspectos, como:
- Dependência excessiva dos pais;
- Desatenção;
- Preocupação;
- Problemas de sono (devido a alteração da rotina);
- Falta de vitaminas e nutrientes;
- Baixa imunidade;
- Falta de apetite;
- Pesadelos;
- Desconforto e agitação;
- Estresse e ansiedade excessiva.
Pense dessa forma: 34% da população de 0 a 3 anos frequentava a creche, e 93% das crianças de 4 a 5 anos frequentavam a pré-escola antes da pandemia (dados retirados de: Repercussões da Pandemia de COVID-19 no Desenvolvimento Infantil). Com essa paralisação, a educação também foi afetada.
Ainda que muitos colégios tenham estabelecido o ensino à distância (EAD), nem todas as famílias têm condições de acesso a essa modalidade de ensino. Algumas crianças, as mais novas principalmente, tem capacidade de ficar muito tempo em frente a uma tela para realizar atividades didáticas. Muitos estão na idade de aprender a escrever e ler, e seu aprendizado pode sim ser afetado pela situação.
Por isso é essencial que os pais estimulem, incentivem e participem nesse momento crucial, e também é por isso que as crianças estão mais dependentes dos pais. Ainda nos estágios iniciais do desenvolvimento da afetividade e da inteligência, as crianças se guiam pelas experiências, pelo que podem ver, ouvir, tocar, cheirar, imaginar, imitar, dizer e brincar, e no momento praticamente toda sua base são os pais em casa.
E se os pais estiverem estressados? Ansiosos com a situação? Com problemas financeiros e sem conseguir administrar as tarefas? Sem tempo para brincar com o filho? Como fica a criança em casa, longe dos amiguinhos, dos outros familiares ou responsáveis? Os dois pólos – a avaliação da situação e os recursos para enfrentá-la – são muito difíceis para uma criança pequena, sobretudo se os seus pais não puderem ajudar.
E falando em problemas financeiros, a pandemia diminuiu a renda de milhares de famílias, deixando certa 5,4 milhões de crianças de 0 a 6 anos (29% do total) vivendo em condições de pobreza. Esse aspecto envolve tantos outros, como alimentação, moradia, condições sanitárias, educação e até mesmo atendimento médico se necessário.
Todas as consequências somadas, tanto externas quanto internas, psicológicas e emocionais, causam nas crianças experiências negativas em seu período de maior desenvolvimento cognitivo e mental, e estudos mostram que crianças que vivenciam adversidades no início da vida correm maior risco de problemas de saúde mental no futuro. Aumentam os riscos de depressão futura, de distúrbios e problemas comportamentais.
E com tudo isso vem aquela culpa materna, aquela sensação de “o que eu poderia estar fazendo para evitar tantas coisas negativas para meu filho?”, e não existe um passo a passo que vá ajudar todas as famílias. Cada situação é muito única, cada família sabe o que está passando por aí, mas também garanto que a presença de pais afetuosos e solidários nesse momento fará TODA a diferença. Vou trazer um post só sobre isso, mamães e papais. Nem tudo está perdido, viu? Estamos juntos nessa luta diária até tudo melhorar.
Confira mais dados em órgãos oficiais de saúde:
- https://theconversation.com/the-long-term-biological-effects-of-covid-19-stress-on-kids-future-health-and-development-140533
- https://data.unicef.org/topic/covid-19-and-children/
- Artigo: WORKING PAPER – Repercussões da Pandemia de COVID-19 no Desenvolvimento Infantil
- Artigo: Impact of COVID-19 on children: Special focus on psychosocial aspect
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Dra Kelly Marques Oliveira
CRM 145039
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