Birra X Inteligência emocional – Como usar uma a favor da outra?

Chegou a hora de descomplicar a BIRRA!

Muito se pode falar sobre a birra infantil: o porquê, que faz parte do desenvolvimento, como evitar e como lidar com ela…. Mas hoje quero falar de um ponto muito importante: a birra é uma oportunidade maravilhosa para a educação emocional!

Vamos lá, com qual dessas birras você já teve que lidar por aí?
  • Meu filho só quer sair se for com um sapato específico.
  • Meu filho só quer comer se for no prato colorido.
  • Minha filha não quer ir pro banho, e quando vai não quer sair.
  • Sempre que falo não, meu filho esperneia e chora.
  • Tem dias que minha filha não quer comer nada por pura birra.

E então? Quem tem filhos certamente já passou por uma (ou mais) das situações descritas acima.

Normalmente, essas birras costumam ocorrer entre os 2 e 4 anos de idade da criança pois, nesse período, seu cérebro ainda não está completamente desenvolvimento para lidar com determinadas emoções.

Entenda dessa forma: Entre os 2 e 4 anos, a criança faz descobertas incríveis e ganha uma enorme capacidade de interação, mas as áreas de autorregulação do seu cérebro ainda não se desenvolveram, ainda não existe uma maturação completa. Uma dessas áreas (a principal) é o neocórtex, parte responsável por várias habilidades diretamente ligadas a autonomia de uma pessoa, como a reflexão, a imaginação, o planejamento, a resolução de problemas e até mesmo a análise de situações.

Durante o as birras, a criança está passando por uma forte onda de emoções que ainda não tem plena capacidade de lidar, o que resulta em choro, acessos de raiva, se jogar no chão e espernear. A birra infantil atua como se a parte mais primitiva do cérebro fosse acionada, causando todas essas reações!

E é claro, é um momento difícil de manter a calma, mas é preciso! A forma como os pais lidam com a situação é a chave para transformar esses momentos de birra em momentos de grande aprendizado emocional. Você pode, através de certas atitudes, ajudar seu filho a entender o que ele está sentindo, controlar suas reações diante de determinadas emoções, reconhecer que aquela atitude não é certa e ainda pensar em como o outro vai se sentir diante daquela atitude.

“E quais são as atitudes que podem ajudar, Dra?”

Mantenha a calma, o adulto é você 

Primeiro, antes de qualquer coisa, é preciso manter a calma. Nos momentos de birra, quando seu filho está gritando e chorando, perder a paciência é fácil e pode atrapalhar a forma ideal de lidar com a situação. Lembre-se que você é a pessoa responsável por mediar a situação, você pode explicar ao seu filho o que ele pode estar sentindo e ajudá-lo, então perder a calma, gritar ou brigar certamente não terá um poder muito efetivo, não é? Imagina que ele já está irritado, não entende exatamente a frustração que está sentindo, e tudo que recebe são gritos. Isso pode, até mesmo, causar a reação contrária, fazendo a criança fazer ainda mais birra.

Então confira o que você pode fazer para ajudar:

Ajude-o a entender o sentimento e valide-o

Na hora da birra, do choro insistente, tente conversar com seu filho ajudando-o a entender o que está sentindo. Indique emoções, por exemplo falando “Você está muito bravo, filho”, ou “Você está triste que isso não deu certo, filha”. Ajude-o a entender aquele sentimento, aquela forte emoção, e a entender que não tem problema se sentir daquela forma às vezes. Ter consciência e aceitar o sentimento é um dos primeiros passos para ajudar os pequenos.

Explique as consequências daquele comportamento 

Explique como você, ou alguém que está próximo, se sente com a situação. Por exemplo, se seu filho está gritando e jogando coisas, fale como aquilo te deixa triste. Se ele está chorando e esperneando, fale como o papai, por exemplo, ficou chateado com aquela atitude. Isso auxilia, além do controle da birra, a fazer com que seu filho entenda o sentimento do outro, entenda que suas atitudes podem afetar outras pessoas. Ele está aprendendo a ter empatia!

Faça combinados, e cumpra-os

Se seu filho teimou com alguma coisa e está insistindo por isso, como por exemplo vocês foram ao shopping e ele está fazendo birra que quer um brinquedo específico, explique que você não irá comprar aquele brinquedo naquele momento, pois não foi o combinado. você pode explicar para ele que pode ganhar aquele presente no seu aniversário ou em outra data comemorativa, ou tentar explicar que ele já tem muitos brinquedos legais em casa esperando. Ajude-o a entender que nem sempre ele conseguirá o que quer, e ele não deve ficar sempre zangado por isso. Caso não funciona, faça combinados. Você já sabe que ele irá pedir algo, então combine com ele: ele irá ganhar um sorvete, ou ir brincar num brinquedo do shopping por exemplo, mas não vai comprar nenhum brinquedo novo. Esse é o combinado, que vcs juntos, decidiram antes.

A emoção deve ser diferente da reação

Caso a birra envolva atitudes como bater, jogar coisas ou até mesmo quebrar brinquedos, é preciso mostrar que a emoção deve ser diferente da reação. Explique que é normal se sentir frustrado ou bravo as vezes, mas não pode bater em ninguém e nem jogar as coisas. Nesse caso, você pode usar a mesma técnica de dizer que isso te deixa triste ou explicar que pode fazer “dodói”.

Mude o foco

Crianças pequenas não conseguem manter a concentração por muito tempo, então dar um sermão pode não ajudar, na verdade pode até piorar a situação. Tente mudar o foco de seu filho, mostrando outros brinquedos ou algo que chame sua atenção. Quando ele estiver mais calmo, você pode tentar conversar de novo.

Valorize o não! 

Às vezes é difícil falar não para nossos filhos, parece ser o caminho mais complicado, mas é preciso. Crianças que nunca são contrariadas e não entendem que nem sempre podemos ter tudo o que queremos tendem a se tornar adultos irritados e frustrados, podendo até ser agressivos e infelizes. Usar o “não”, muitas vezes, ajuda os pequenos a entender o conceito de limites e ajuda a lidar com o sentimento de superar uma frustração.

Conta aqui nos comentários se as dicas estão funcionando por aí! E se souber de mais alguma dica escreve aqui também! Estamos juntos!

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Dra Kelly Marques Oliveira

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