Icterícia Neonatal

Você já ouviu falar em Icterícia Neonatal? Comum em bebês recém-nascidos, ela assusta quando diagnosticada, deixando os pais e a família muito preocupados. Por isso, vamos conversar um pouquinho por aqui e tirar muitas dúvidas que podem estar deixando a futura mamãe de cabelo em pé!

A Icterícia geralmente acomete os bebês a partir do terceiro dia de vida. Ela é uma alteração causada quando os níveis de bilirrubina no sangue, um pigmento amarelo fabricado naturalmente pelo organismo, são altos. Isso acontece pelo excesso de bilirrubina na corrente sanguínea, um pigmento produzido como resultado da deterioração das hemácias, as células que transportam oxigênio pelo organismo.

A bilirrubina é formada a partir da morte de glóbulos vermelhos que estão no sangue e esse processo de destruição ocorre nas células do baço, fígado e medula óssea. Em condição normal, a bilirrubina é levada para o fígado, por meio da corrente sanguínea e sua eliminação se dá para o intestino através das vias biliares, após seu armazenamento na vesícula biliar.

No entanto, quando acontece alguma anormalidade, em qualquer etapa deste processo, pode ocorrer o acúmulo dessa substância no corpo, o que causa a icterícia no bebezinho.

A hiperbilirrubinemia indireta costuma se manifestar clinicamente como icterícia quando atinge resultados superiores a 5 mg/dL.

Mas, dra, porque o bebê fica amarelo?

Como as funções hepáticas da criança não estão maduras, a bilirrubina fica concentrada na corrente sanguínea e o tom amarelo toma conta da pele, bem como das conjuntivas, a parte branca dos olhos.

Mas, mamãe, pode ficar tranquila: ela se manifesta em cerca de 60% dos recém-nascidos e mesmo não tendo sintomas adicionais, desde que seja detectada e controlada rapidamente, a Icterícia não costuma representar grandes riscos para o pequeno.

No entanto, se a quantidade de bilirrubina for excepcionalmente alta, existe risco de o sistema nervoso central ser atingido pela substância e pode até causar encefalopatia, uma lesão que está por trás da paralisia cerebral. Por isso, a detecção rápida e as recomendações sugeridas pelo pediatra precisam ser seguidas à risca!

Mas, como saber que meu bebê tem icterícia , dra@pediatriadescomplicada?

Esse é um teste que é feito rapidamente: basta pressionar suavemente a testa ou nariz do pequeno e se o local ficar amarelo pode ser um quadro leve do problema. O médico neste caso, saberá avaliar melhor, e caso haja necessidade irá solicitar o exame de bilirrubina sérica, coletado através de exame de sangue.

Algumas maternidades fazem testes para analisar se o bebê tem icterícia neonatal antes de liberar o pequeno para casa, mas caso essa doença afete o bebê após a alta hospitalar, é recomendado procurar por um médico se você perceber:

  • Pele e olhos amarelados
  • Apatia ou cansaço excessivo
  • Irritabilidade anormal

E quando preciso me preocupar?

Quando o bebê tiver com o corpo todo bem amarelo, principalmente a região das perninhas e pés, é fundamental que ele seja levado com urgência ao pediatra, pois caso ela não seja tratada, pode provocar uma lesão no sistema nervoso central, condição conhecido como kernicterus.

Você sabia que a incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho pode causar a icterícia?

É isso mesmo! Por conta dessa diferença, o organismo tende a acelerar a destruição dos glóbulos vermelhos e quanto mais eles se rompem, maior é o acúmulo de pigmento e o fígado não dá conta de depurar tudo. Por isso, alguns casos pedem tratamentos específicos. Importante lembrar que cada caso deve ser individualizado , e por isso, um especialista deve analisar cada bebê em particular!

A amamentação e a icterícia

Além disso, os pequenos que tem dificuldade em se alimentar também podem ter Icterícia. O leite materno tem substâncias que favorecem o processamento de bilirrubina, e a amamentação acelera a eliminação da bilirrubina.  Quando o pequeno não mama, pode ficar com excesso do pigmento de bilirrubina e desenvolver icterícia.

É por isso que os prematuros tardios, ou seja, os nascidos entre 34 a 37 semanas de gestação, são os mais afetados, justamente porque a capacidade de sucção deles é menor e geralmente são mais sonolentos para mamar.

Por isso, amamente em livre demanda, pois isso irá proteger seu bebê da icterícia!

Diagnóstico

Para detectar a Icterícia no bebê, o médico realiza o exame comum: ele pressiona o dedo na testa da criança e depois de removê-lo, percebe se a pele ficou branca ou amarela. Caso fique amarelada, é importante fazer uma coleta sanguínea para medir os níveis de bilirrubina no sangue e dar início ao tratamento para conter o avanço dessa condição e acompanhar o caso mais de perto.

Se a maternidade possuir e o médico achar que é necessário, existe um teste onde não é preciso retirar sangue do bebezinho. Ele é feito com o bilirrubinômetro cutâneo, um equipamento que é posicionado na testa da criança e que permite a leitura de bilirrubina, mas que esse método não é tão preciso quanto o exame de sangue!

Se o bebê for diagnosticado com a Icterícia, ele pode permanecer em observação por um período de 48 a 72 horas. Esse tempo é indicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria por diversas razões e uma delas se refere ao fato de que, se ele for liberado antes da hora, a Icterícia pode passar despercebida e existe o perigo de a criança ter complicações. Por isso, é importante manter o bebê no hospital para iniciar um tratamento.

O bebê pode ter apenas icterícia fisiológica, sem incompatibilidade sanguínea, e nenhuma outra condição patológica, que é bem comum. A depender dos níveis de bilirrubina fará o tratamento com fototerapia ou não.

Tratamento

Existem 3 tipos de tratamentos para cada nível de icterícia. O pediatra que irá avaliar qual é o mais indicado para cada paciente. São eles:

– Fototerapia: esta técnica expõe a criança à luminosidade emitida por lâmpadas específicas, com uma luz azul-esverdeada, popularmente conhecida como banho de luz. Essa iluminação atinge diretamente a estrutura do pigmento, diluindo-o e eliminando-o, pela urina e/ou pelas fezes.

O procedimento é realizado durante um ou dois dias, mas a frequência e a intensidade devem ser avaliadas caso a caso.

– Imunoglobulina intravenosa: Se o problema de icterícia for causado por diferenças entre o tipo sanguíneo da mãe e do filho, pode ser necessário realizar no pequeno uma transfusão intravenosa de imunoglobulina.

– Transfusão: são raros, mas pode acontecer de o bebê precisar fazer uma transfusão de sangue.

É importante você saber que a rotina de amamentação e os demais cuidados devem seguir e é bem possível que a mamãe tenha alta primeiro que o bebê, mas isso não é motivo para se desesperar: pense que é para o bem do bebê que logo estará em casa com toda a família.

Se o bebê for diagnosticado com Icterícia Neonatal, mantenha a calma, afinal, na maternidade é onde ele receberá todo o cuidado que precisa para que sua saúde seja restabelecida!

 

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Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências 

http://www.jped.com.br/conteudo/01-77-s71/port.pdf

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/Ictericia_sem-DeptoNeoSBP-11nov12.pdf

https://www.google.com/amp/s/revistacrescer.globo.com/amp/Bebes/Saude/noticia/2016/02/ictericia-como-lidar-com-o-problema.html

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