O leite materno é o alimento mais saudável que o bebê vai receber em toda a sua vida. Nós já conversamos por aqui e também pelas redes sociais sobre a importância que ele tem na vida do bebezinho e que esses benefícios se estendem até a vida adulta, ajudando a combater diversas doenças, como a obesidade.
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Mas, você sabia que esse alimento tão precioso tem moléculas de açúcar que os bebês não digerem? Essa descoberta foi feita por alguns cientistas da Universidade da Califórnia em Devis, nos Estados Unidos e constaram que elas são digeridas por outros seres: as bactérias!
O mais incrível é que para produzir o leite, o corpo da mãe usa seus próprios componentes e usa a gordura que armazena, primeiramente dos quadris e das nádegas. Por isso, pode parecer estranho que um dos principais ingredientes do leite materno não possa ser digerido por humanos, já que ele é tudo o que o pequeno precisa e essencial para seu desenvolvimento. Mas o surpreendente é que leite tem uma grande quantidade de oligossacarídeos complexos, que são totalmente indigestos para bebês.
No entanto, há mais de meio século, os cientistas descobriram que essas moléculas complexas de açúcar não são absorvidas pelo intestino, além de não terem nenhum benefício nutritivo, mas os estudiosos não sabiam explicar sua presença no leite materno. Então, depois de se dedicarem a resolver esse enigma, descobriram por que as mães produzem grandes quantidades dessas moléculas e chegaram a uma hipótese: essas moléculas não alimentavam o bebê, mas deviam alimentar outra coisa: as bactérias”.
Amostras de oligossacarídeos foram testadas em bactérias até encontrar uma que crescia com essas moléculas. A Bifidobacterium infantis é a única que pode se alimentar dos oligossacarídeos do leite humano.
Mas essas bactérias não fazem mal para o bebê?
Na verdade, não. Olha só: o bebê vive em um ambiente estéril e protegido até o nascimento, quando começa a adquirir bactérias do seu entorno. O intestino delgado é particularmente suscetível a bactérias infecciosas patogênicas.
Assim, como essa bactéria alimenta-se dos oligossacarídeos, o intestino delgado se enche de Bifidobacterium infantis, cobre o intestino do bebê e impede que qualquer patógeno cresça, impedindo muitas infecções. Ou seja, as mães literalmente recrutam outra forma de vida para cuidar de seus bebês após o parto. Fantástico, né?
Mas, e os bebês prematuros?
Conseguir que as bactérias adequadas colonizem seus intestinos é um dos maiores desafios enfrentados pelos recém-nascidos prematuros. Eles têm grandes chances de desenvolver uma grave infecção intestinal, a enterocolite necrosante, e caso o tecido intestinal esteja infectado, podem surgir perfurações na parede do órgão, o que pode ser fatal.
Por isso, os médicos da unidade neonatal de Sacramento, na Califórnia, estão testando um novo tratamento para ajudar bebês prematuros: esses começaram a alimentar os pequenos com uma mistura de leite materno e Bifidobacterium infantis. E depois de um tempo mediram um aumento de bactérias nas amostras de fezes dos bebês. As evidências acumuladas até agora mostram que a bactéria pode prevenir a enterocolite necrosante.
Bactérias em todo o corpo humano
Há uma comunidade diversa de microorganismos que vive em cada um de nós: é o nosso microbioma. Elas crescem junto com cada um de nós: a comida que ingerimos, os lugares que visitamos, as pessoas com quem interagimos, cada nova experiência modifica esse bioma. É algo tão individual quanto nossas digitais. Já aparou para pensar nisso?
Milhares de espécies de bactérias vivem em nossa pele. Em cada centímetro quadrado, pode haver até mais de 1 milhão de bactérias. Um estudo identificou mais de mil espécies, que até então eram desconhecidas, simplesmente a partir de amostras do umbigo.
Mas é importante saber que essas bactérias com que convivemos todos os dias em nosso corpo não são parasitas, elas fazem parte de nossa microbiota e contribuem para o bom funcionamento do nosso corpo: Existem pesquisas que mostram que um desequilíbrio nas bactérias intestinais pode ter um enorme impacto no funcionamento dos nossos corpos.
A obesidade, a pressão arterial, seja alta ou baixa, e doenças cardíacas já foram vinculadas a microbiomas deficientes. É possível ainda que afetem nosso estado de ânimo, causando depressão, por exemplo.
Por isso, é essencial que tenhamos um bioma de bactérias saudável – desde o berço!
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Um bjo
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Referências
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4350908/
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039