Vira e mexe e esse assunto surge à tona: vacinas causam autismo? A vacina é algo extremamente importante e protege de fato contra inúmeras doenças, mas existem alguma correlação com o autismo? Aqui vocês vão encontrar os fatos, sem boatos e com referência a artigos científicos! Espero que ajude a desmistificar esse assunto tão polêmico.
Há uma grande discussão quando o assunto é autismo ou melhor Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e a vacina tríplice viral, ou MMR, que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola.
Mas, ao contrário do que foi divulgado anteriormente, a vacina MMR não desenvolve e nem aumenta o risco de autismo em crianças que estão em risco, de acordo com um novo estudo realizado pelo Instituto Serum Statens, pelo epidemiologista, Anders Hviid.
Este estudo foi realizado para combater a teoria criada em 1992 pelo gastroenterologista britânico credenciado, Dr. Andrew Wakefield, que afirmou que era possível que o vírus do sarampo no intestino e autismo tivessem uma ligação.
Na época, essa teoria informou que algumas crianças têm uma predisposição genética para problemas imunológicos e que quando uma variedade de toxinas ambientais, ou seja, vacina com organismos vivos, ataca desde cedo o sistema imunológico da criança, pode causar o aparecimento do autismo.
Entretanto, como esse estudo não tinha nenhum embasamento cientifico, só serviu para causar tumulto e medo, fazendo com que milhares de pais deixassem de levar seus filhos para vacinar.
Os pesquisadores da fundação de Wakefield no Texas, chamada Thoughtful House afirmaram, na época, que assim que a criança é vacinada, ela desenvolve um intestino permeável, o dano no tecido piora, o sistema imunológico enfraquece e as reações autoimunes começam. Nesse estudo, os pais que vacinaram seus filhos com a vacina MMR, relataram que muitas crianças desenvolveram o autismo após a vacina , mudando completamente seu comportamento. Outras pesquisas diziam que as crianças autistas têm mais problemas gastrointestinais e outros estudos revelam ainda que algum tipo de interação entre predisposições genéticas e questões ambientais pode contribuir para o autismo.
Nada disso foi comprovado de fato, e depois desse ocorrido, (pasmem) houve a denúncia de que o próprio médico coordenador da pesquisa estava envolvido em corrupção e ganho de propina por escritórios de advocacia contra a indústria farmacêutica.
Entretanto, neste ano, um estudo dinamarquês de escala inédita foi realizado pelo Instituto Serum Statens e afirmou o contrário: que a vacina MMR não aumenta as chances de desenvolvimento do autismo na criança.
Para chegar a essa conclusão, os estudiosos analisaram os mais de 650 mil registros de saúde de crianças da Dinamarca, nascidas entre os anos 1999 e 2010. O estudo levou em consideração o primeiro ano de vida delas até o dia 31 de agosto de 2013.
Nesta etapa, foi observado que mais de 95% das crianças foram vacinadas com a MMR e 6.517 delas foram diagnosticadas com autismo. Foi verificado também que essa vacina não aumentou a incidência de variáveis, como: sexo, período de nascimento, administração das demais vacinas oferecidas gratuitamente, histórico de irmão (s) com autismo e presença de fatores de risco, sendo prematuridade, baixo escore de Apgar e fumo durante a gestação.
O coordenador desse novo estudo e epidemiologista, Anders Hviid, destacou sobre a importância da vacina e os perigos de deixar de vacinar as crianças por medo do autismo, já que os sintomas podem ser mais intensos e alarmantes, principalmente com essa nova onda de surtos.
Este estudo apoia fortemente que a vacinação MMR não aumenta o risco de autismo, não desencadeia o autismo em crianças suscetíveis e não está associada ao agrupamento de casos de autismo após a vacinação. Para esta análise, o pesquisador Anders Hviid acrescenta a estudos anteriores abordando hipóteses de subgrupos suscetíveis e agrupamento de casos.
Dessa forma, este estudo Dinamarquês tem resultados que oferecem segurança para os médicos e autoridades de saúde. Confirmando que a vacinação MMR não aumenta o riscos de autismo, não desencadeie o autismo em crianças suscetíveis ou esteja associada a grupos de casos de diagnóstico de autismo após a vacinação.
Vamos pensar na IMPORTÂNCIA DESSE ESTUDO: nunca havia sido feito um estudo com um número tão grande de pessoas (mais de 650 mil!), e com um seguimento por tanto tempo (durante 3 a 14 anos!). O estudo foi Dinamarquês, um país com índice de corrupção baixíssimo, e ainda com um essa importância epidemiológica em termos de qualidade de estudo. Resumindo: esse estudo corrobora mais do que nunca que vacinas não tem ligação com autismo! Apesar de ter existido essa dúvida no passado, causado por um estudo forjado e mal feito, nunca se comprovou, e agora, menos ainda!
A própria Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) publicou um artigo sobre a comprovação de que a Tríplice viral não causa autismo e que este assunto não passa de um boato, já que afirma que “diversos trabalhos científicos foram realizados para averiguar a validade dos resultados, mas todos concluíram que não havia relação”.
A importância da vacinação
A SBIm afirma que o artigo que revela sobre o perigo da vacina foi banido da medicina, Wakefield perdeu a licença médica e está sendo responsabilizado por crime contra a saúde pública, mas que mesmo assim, o boato continua a ser reproduzido.
Não deixem de vacinar seus filhos devido a um boato como esse. Vacinas protegem contra doenças que são graves e podem matar. Não podemos brincar com isso.
O que você acha de tudo isso? A carteirinha de vacina do seu filho está em dia? Quais suas maiores dúvidas? Manda pra gente!
Com carinho,
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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Referências:
Se restou alguma dúvida, leia o artigo sobre o estudo Dinamarquês na íntegra : > https://annals.org/aim/fullarticle/2727726/measles-mumps-rubella-vaccination-autism-nationwide-cohort-study