Crise dos 2 anos – O que fazer?

 

Sabe aquele momento de birra que você prometeu pra você mesma que nunca iria ocorrer, até você ser mãe? De ver uma criança se jogando no chão do mercado ou shopping, porque foi contrariada? Pois é, esses dias chegam! Muitos chamam de terríveis 2 anos, ou “adolescência dos bebês”. Essa fase é muito delicada, pois é quando começam aquelas terríveis crises e birras.

Não gosto de rotular nomes mas é apenas para vocês saberem de que assunto vamos falar e como lidar com essa fase por vezes tão difícil! A verdade é que essa mudança de comportamento é normal dentro do desenvolvimento das crianças entre 1 ano e meio aos 3 anos de idade, quando são contrariadas pelos seus pais ou responsáveis.

Chorar e gritar na loja, porque os pais não querem comprar o brinquedo, ou se jogar no chão na fila do mercado por causa daquela bala ou biscoito, bater a cabeça na parede (acredite até os considerados bonzinhos podem fazer isso), beliscar e bater nos outros, todos esses exemplos, apenas refletem que a criança não está preparada para receber um não.

Eu sei que dá vontade de brigar, ou sair correndo, comprar logo o motivo da birra (brinquedo, chocolate, etc) apenas para não passar constrangimento. Então a primeira dica é respira fundo (mesmo) e vamos lá! Toda briga/ birra/ comportamento difícil tem uma razão de ocorrer! Às vezes é o cansaço acumulado, a privação de sono, a dificuldade de expressar seus sentimentos e lidar com eles. Afinal, adultos passa por isso, porque crianças não passariam? Olhe além daquela reação explosiva imediata. Esse é apenas a ponta do iceberg de algo mais profundo que pode estar acontecendo com eles.

Educação demanda dedicação e tempo, mas saiba: eles aprendem MUITO  mais pelo NOSSO  exemplo. Olhe nos olhos, coloque-se no lugar da criança, tente entender o real motivo daquilo. Apenas entregar o tablet ou celular na mão dele, gritar, bater ou fazer a vontade deles, são formas mais simplistas de resolver o problema, mas não contribuem em nada na construção de limites e no “trabalho” de educar.

Veja então algumas dicas sobre como lidar melhor com essa fase e como agir em determinadas situações! 😉

Uma criança com o cérebro a mil 

Nesta idade há um desenvolvimento considerável do cérebro infantil, com o aumento da cognição, do vocabulário linguístico, na capacidade de perceber os objetos e explorar os locais e espaços. Por isso, a criança organiza melhor seus pensamentos e sente necessidade de mais autonomia e de tomar de suas própria decisões.

Converse e coloque limites

A grande pergunta é: como os pais devem agir? Bater, gritar, ameaçar e colocar de castigo só vai piorar ainda mais a situação.

Procure agir com afeto e atenção. Sei que parece difícil, ainda mais no momento da birra. Mas somente com a sua firmeza e paciência é que a criança vai entender sobre limites e sobre o que é certo ou errado.

Lembre-se: nós pais somos o espelho dos nossos filhos. Por isso, seja compreensivo e converse com a criança no momento da birra. Se preferir a abrace e demonstre que você está entendendo aquela situação (sem reforçar o comportamento errado) mas que aquilo não é o certo naquele momento.

Segundo os psicólogos, se os pais agirem com amor, afeto e respeito podem fazer com que esta fase seja mais rápida e menos dolorosa para os pequenos. As crianças precisam entender as regras para poderem segui-las e aceitá-las.

Valide os sentimentos

A criança está chateada porque algo não aconteceu conforme ela queria? Não recebeu o brinquedo, ou algo que queria naquele momento? Ficou com raiva? Explique: “Filho, eu sei que você está chateado com isso, mamãe também fica assim às vezes e é normal, mas precisamos lembrar que nem sempre as coisas acontecer como a gente quer. Você pode se sentir assim, só não deve bater nas pessoas ou descontar nos outros. “( Apenas para entendermos como seria uma situação…)

O que fazer quando a criança vai para a escolinha nessa fase?

Geralmente, aos dois anos, época da crise, a criança vai pra escolinha ou creche, o que na verdade é muito importante para aprender limites, aprender a se socializar com outras crianças e interagir fora do seu convívio familiar.

No início essa convivência será difícil ( pelo fato da criança achar que é o centro das atenções), mas com a participação dos professores e pedagogos da escola, a criança aprenderá a ter a sua individualidade, sem desrespeitar a do colega.

Veja algumas dicas rápidas para você passar tranquilamente por essa fase:

  • Converse com o seu filho antes e depois de sair de casa. Explique o que ira acontecer ou pergunte como foi seu dia! 😉
  • Se seu filho costuma fazer birra em lojas de brinquedos, shoppings, parques e supermercados, procure conversar com ele antes e explique que vocês só irão fazer um passeio e que não poderão comprar nada.
  • Caso conversem depois do passeio, procure demonstrar que o ama muito, mas que o que ele fez foi errado e que deixou todos magoados.
  • Conversar com firmeza, carinho e assertividade é sempre o melhor afeto.
  • Nunca ameace.
  • Procure não dizer ao seus filho que irá deixar de gostar dele, se ele fizer birra! Isso só gera mais raiva e insegurança na criança.Lembre-se, nessa idade, ela é o reflexo de nossas ações.
  • Não sobrecarregue a criança com muitos afazeres e atividades, isso pode deixá-los cansados e consequentemente irritados.
  • Além da rotina puxada da creche, muitos pais colocam os pequenos no ballet, música, natação, jazz. Cuidado para não sobrecarregar a criança. Dessa forma, o convívio familiar fica muito restrito, o que pode aumentar dificuldades de relacionamento e estresse nos pequenos.
  • Encoraje sempre a criança.
  • Nessa idade, a criança costuma agredir os outros ou chorar, por se sentir frustrada. O importante é sempre dar muito amor e carinho. Elogiar nas simples realizações e conquistas do dia a dia também é muito importante para a autoestima e a socialização dos pequenos.
  • Incentive a independência de forma coerente​.
  • É importante estimular a criança a realizar tarefas sozinhas, desde que esteja de acordo com a sua idade, claro. Procure introduzir alguma tarefa que esteja mais perto do cotidiano da criança. Por exemplo, depois de brincar, estimule o seu filho a guardar os brinquedos, para que ele já entenda o que é organização, ou ajude-o a arrumar os livrinhos na estante dele. Acredite! Ele irá valorizar cada momento!
  • Institua pequenas tarefas que ele pode fazer e se sentir útil! Com 3 a 4 anos, seu filho pode arrumar a mochilinha da escola, levar o prato de comida até a cozinha (desde que não seja de vidro), arrumar objetos na estante, arrumar brinquedos e sapatos, sempre com a supervisão de um adulto). ​Deixe que tomem pequenas decisões​.

Eles podem decidir pequenas ações do dia a dia, como o sabor do sorvete e que cor de camisa usar, que brinquedo levar pra praça, etc. Porém, outras decisões não podem entrar em negociação de jeito nenhum, como a hora de ir pra cama, comer legumes ou usar a cadeirinha dentro do carro.

Entenda que é uma fase de aprendizado e mostre o caminho​.

Os pais precisam aceitar que seus bebês estão se tornando crianças independentes, com opiniões, desejos e comportamentos diferentes. E essa fase é muito importante para o desenvolvimento cognitivo das crianças.

Esse é o momento em que estão descobrindo o mundo, através de todos os seus sentidos, porém sem saber o que é o certo e o errado. Aí é que o papel dos pais é fundamental para sinalizar o caminho correto e impor limites.Tudo isso demanda muita dedicação, tempo, e principalmente muito amor, calma e paciência! Geralmente eu costumo dizer que é um dos maiores, senão o maior, desafio dos pais! Mas vale MUITO a pena. Afinal, são seres humanos em construção.

Acredito que esse caminho, será mais leve e feliz!

Espero ter ajudado! 😉

 

Com carinho,

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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