Já se dizia que criança precisa se sujar! Precisa ter contato com a natureza, brincar no parque…até determinada idade somos mais cuidadosos com possíveis micróbios e doenças que nossos filhos podem pegar, e é fato que o seu sistema imunológico (de defesa), está em construção, e é imaturo, mas até que ponto precisamos ser tão neuróticos com a limpeza? Vocês vão ver nesse post que dar um pouco de liberdade à criança e deixá-la “se sujar” pode ser inclusive benéfico!
Você já ouviu falar da Hipótese da higiene, também conhecida como Teoria da higiene? Vamos entender um pouquinho sobre esse assunto curioso e importante!
O que é Hipótese da higiene?
Já ouviu alguém falando “sujeira é boa para nós”, ou “criança pra ser saudável tem que brincar na terra”? São comuns não é mesmo? Frases assim tem tudo a ver com a hipótese da higiene. Essa teoria relaciona o aumento da disposição de doenças alérgicas em pessoas que não foram expostas durante a infância a agentes patogênicos, como, por exemplo os micro-organismos, parasitas, bactérias, etc, deixando-as mais propensas a desenvolver alergias. Isso aconteceria porque seu sistema imunológico não foi devidamente estimulado durante os primeiros anos de vida.
A Hipótese da higiene afirma que a causa da doença alérgica pode ser intolerância imunológica devido à exposição inadequada aos parasitas e micróbios na infância. Em outras palavras, o tipo de parto, o tamanho da família, o aumento da limpeza e menor taxa de infecção, juntamente com as vacinas contra muitas doenças da infância, têm sido responsáveis pelo aumento de doenças alérgicas. Isso ocorre porque esses fatores se unem para criar um ambiente que oferece baixas chances de infecções cruzadas dentro de uma família.
De acordo com a hipótese da higiene, quando o sistema imunológico não está ocupado com coisas como desenvolver formas de combater parasitas, pode aprender a atacar corpos estranhos aleatórios como o pólen, pêlos de animais, ácaros, surgindo as doenças alérgicas.
A Hipótese da Higiene afirma que excesso de limpeza pode levar a aumento das doenças alérgicas.
Quando surgiu essa Teoria?
Foi por volta dos anos 70 e 80 do século XX que o número de casos de pessoas com doenças alérgicas começou a crescer. Isso deu início a uma série de investigações científicas sobre o assunto. Então, surgiu a hipótese da higiene. Este conceito foi originalmente proposto por um pesquisador britânico, David Strachan em 1989.
A exploração desse novo conceito, da hipótese ou teoria da higiene, gerou vários estudos. A partir dessa hipótese, surgiu a idéia de que o crescimento do número de casos de doenças alérgicas deve-se ao aumento da higiene pessoal ou pública. Então atribuem-se vários fatores para a diminuição da exposição microbiológica, entre eles: mudança da vida rural para a urbana (onde as crianças deixam de ter tanto contato com animais e agricultura), aumento do uso de agentes de limpeza antimicrobianos em casa, uso de muitos antibióticos, menor tempo de amamentação, entre outros.
Como a amamentação, por exemplo, contribui para a teoria da higiene? O leite materno proporciona um efeito protetor contra infecções, mediado pela transferência de anticorpos maternos e por componentes que afetam o intestino da criança. Em um estudo feito no Canadá, os pesquisadores perceberam que crianças que ficaram menos tempo sendo amamentadas, ficaram mais sujeitas ao surgimento de asma.
No entanto, existem vários outros fatores que podem ser capazes de explicar o aumento da incidência de doenças alérgicas, independentemente da hipótese da higiene. Esses incluem:
- As mudanças na alimentação
- Poluição ambiental
- Mudanças no padrão de atividade física
- O aumento da obesidade
- Estresse na vida moderna
- Predisposição genética
- Mudanças no status sócio-econômico
O que podemos dizer disso tudo então?
Muitos estudos apoiam a hipótese da higiene por relacionar o aumento de doenças alérgicas a diminuição de exposição aos micróbios. Porém há estudos contraditórios, tornando as evidências inconclusivas.
O fato é que devemos entender bem a diferença entre “sujeiras” e “germes”, entre “limpeza” e “higiene”. Só assim vamos compreender o melhor tipo de exposição negativa e positiva no qual estamos sujeitos. O ideal mesmo é buscarmos o equilíbrio, protegendo em especial as crianças quando há riscos de infecções nocivas, mas lembrando que a exposição a micróbios, com exposição à natureza princiapalmente, tem seus efeitos benéficos e não tem problema algum.
Afinal, criança que é criança tem que se sujar, brincar ao ar livre, ter contato com a natureza! Isso é extremamente importante não somente para seus sistema imunológico, mas para seu desenvolvimento como um todo!
Com carinho,
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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