Leite Materno e o Microbioma

Já sabemos que a amamentação apresenta benefícios nutricionais e protetores contra infecções. Agora, além disso, o leite materno mostrou algo ainda mais interessante em sua composição: a capacidade de realizar um imprinting na composição do DNA da criança, com efeitos para toda a vida. O leite materno é capaz de influenciar naquilo que chamamos de microbioma humano. O microbioma faz a regulação da células do sistema imunológico, com respostas metabólicas, adipogênese (processo de diferenciação entre células) e desenvolvimento cerebral e cognitivo.

A importância do microbioma humano é tamanha, que sua evidência é perceptível desde o nascimento, um exemplo seria na diferença da microflora entre o parto vaginal e o parto cesário. Da mesma forma, o leite materno é capaz de transmitir elementos únicos relativos à formação da microbiota do indivíduo, como os Oligossacarídeos no leite humano (OLH),que são responsáveis pelo crescimento e colonização de bactérias benéficas ao trato gastrintestinal do bebê.

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Existem, ainda variações específicas próprias na produção dos oligossacarídeos pela mãe. E o que isso significa ? significa que o leite materno pode variar sua composição de acordo com o “status imunológico” daquele bebê.

Como tudo isso acontece?
Um longo processo ocorre até que o leite materno obtenha todo esse poder imunológico, em suma, o leite materno contém, uma dominância das células imunitárias do fenótipo relacionado com o intestino, tais células amadureceram dentro do intestino da mãe, enquanto isso, as citocinas do leite materno também variam dependendo das experiências imunológicas da mãe.

Por conseguinte, há uma entrada coordenada para o sistema imunológico, específico  da mãe, no qual os tipos de bactérias individuais são favorecidos e as respostas imunitárias são transmitidas.

Nas últimas duas décadas, tornou-se evidente a possibilidade de que eventos cruciais de imprinting pudessem ser modulados durante a amamentação, com potenciais efeitos ao longo da vida para o bebê. Esses eventos podem ser mediados diretamente ou através de resultados no microbioma infantil.
Portanto, é notável que o leite materno transmita elementos de seu próprio microbioma e respostas imunes, e também fornece pré-bióticos específicos para apoiar o crescimento de bactérias benéficas.

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Alimentação é determinante
O modo de alimentação é o segundo determinante fundamental do microbioma infantil. Os lactentes amamentados mantêm diferenças microbianas notáveis, independentemente do modo de parto. O leite humano contém uma variedade muito maior de açúcares comparado a  leites de outros mamíferos, até 8% do seu poder calorífico é fornecido na forma de HMOs indigestíveis, que funcionam como pré-bióticos para suportar o crescimento de bactérias específicas.

A cesariana, os antibióticos perinatais e a incapacidade de amamentar são os três principais fatores que afetam este processo. O resultado de um estudo a respeito de aquisição de flora e respostas imunes em primatas, identificaram diferenças claras tanto na composição bacteriana intestinal quanto nas respostas imunológicas em macacos alimentados com leite materno em comparação com os alimentados com fórmula, o mesmo estudo apontou, que tais respostas, persistiram na vida adulta. Além das mudanças mediadas pela flora, os componentes individuais do leite materno podem afetar diretamente a programação epigenética do bebê.

Com isso, é possível constatar, que o leite materno não é ”apenas” alimento mas provavelmente , o medicamente mais personalizado, exclusivo e específico que o bebê pode receber, já que atende todas as suas necessidades, de acordo com o perfil genético da criança, prologando os seus efeitos benéficos ao longo da vida.  Esses dados nos fazem refletir sobre, a importância do leite materno, e de como a saúde por ele oferecida, não deve ser desperdiçada!

Um bjo!

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências Bibliográficas 

Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect

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