Colo demais faz mal? Vira e mexe me deparo com essa pergunta no consultório. Às vezes ela surge sutil, com a mãe tentando explicar de uma forma angustiada o porque seu bebê chora tanto, e como ele acalma quando é colocado no colo.
“Eu já ouvi de algumas pessoas que colo faz mal, vai acostumar mal e depois não conseguirei tirá-lo do colo, é verdade?” “Criança tem que dormir no berço! Ele vai ficar dependente de você!”
Será mesmo? Será que o colo faz mal? Não parece ser o que dizem os estudos…
Uma pesquisa realizada pela Universidade da Colúmbia Britânica e do BC Children’s Hospital Research Institute comprovou que a quantidade de contato físico trocado entre mãe e bebê pode afetar a criança em nível molecular. Sim! O impacto que esse contato próximo promove alterações importantes no desenvolvimento do bebê. A pesquisa aponta que ao experimentar a sensação de angústia e receber pouco contato físico, a criança tende a apresentar um perfil molecular subdesenvolvido para a idade. Este é o primeiro estudo a mostrar que o simples ato de tocar, no início da vida, tem raízes profundas e consequências significativas sobre a expressão genética.
Ao coletar material genético das crianças que participaram do estudo, a equipe constatou uma modificação bioquímica chamada metilação do DNA. Os cientistas encontraram diferenças consistentes entre crianças que receberam contato físico e as que não, em cinco locais de DNA específicos. Dois locais afetam afetam diretamente nos genes com diferentes funções: um desempenha um papel no sistema imunológico e o outro está envolvido no metabolismo.
Então porque o colo é tão importante no início da vida? Você já ouviu falar de exterogestação?
Exterogestação significa literalmente “gestar fora”. A gestação dura 9 meses, mas quando nascemos, não nascemos prontos. O bebê nasce ainda imaturo, incapaz de perceber completamente o mundo ao seu redor. Isso gera uma insegurança enorme, e uma necessidade enorme de trazer à sua memória as sensações que tinha dentro do útero. A exterogestação acontece nos 3 primeiros meses de vida do bebê, que também chamamos de quarto trimestre de gestação, o último trimestre que acontece fora da barriga.
Colo é a resposta para um bebê que ainda não sabe que saiu do útero. Colo talvez seja a resposta para a maioria das perguntas que seu bebê ainda nem sabe fazer. Para sensações que ainda está aprendendo a sentir. O colo traz calor, aconchego, segurança, conexão.
O colo é capaz de simular essa sensação do útero! Traz proximidade, balanço, calor, conexão. Bebês se comunicam pelo choro! O colo traz aconchego e segurança. Colo é a resposta para um bebê que ainda não sabe que saiu do útero. Colo talvez seja a resposta para a maioria das perguntas que seu bebê ainda nem sabe fazer. Para sensações que ainda está aprendendo a sentir. E como colo é bom! Como é confortável e aconchegante! Como é relaxante, gentil, seguro. Colo é tudo que um bebê quer e precisa nesse momento!
Impossível que colo possa fazer mal em algum momento da vida! Só a falta dele que é vazia! Que parece não encaixar, que faz falta! Colo não faz mal! Mas é daqueles vícios que nunca queremos ficar sem! E que nunca falte! Nunca diga que colo faz mal a uma mãe. Isso seria negar seus instintos maternos! Seria negar amor! Seria como separar dois seres que ainda não se percebem separados! E nem o são.
Então dê colo, muito colo! Sempre! Eles crescem rápido…
“Então mamãe, traga-me para junto de ti. Bota-me em teu colo. Olha para mim. O mundo é de nós dois. E nós somos o mundo. Ouça mais teu coração, teu instinto. Eu preciso de ti.” – Seu bebê .
Um Bjo
Dra Kelly Marques Oliveira
Pediatria, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação
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Fonte:
- Sarah R. Moore, Lisa M. McEwen, Jill Quirt, Alex Morin, Sarah M. Mah, Ronald G. Barr, W. Thomas Boyce, Michael S. Kobor. Epigenetic correlates of neonatal contact in humans. Development and Psychopathology, 2017; 29 (05): 1517 DOI: 10.1017/S0954579417001213
University of British Columbia. “Holding infants — or not — can leave traces on their genes: Amount of close and comforting contact from caregivers changes children’s molecular profile.” ScienceDaily. ScienceDaily, 27 November 2017. <www.sciencedaily.com/releases/2017/11/171127094928.htm>.