Fatores que podem atrapalhar na produção de leite (e como combatê-los)

Existem alguns fatores que podem afetar a produção de leite, e saber como evitá-los é um grande passo para impedir que isso ocorra!

Ansiedade, estresse, sobrecarga física e emocional, depressão pós-parto, cobrança, dor…que mãe não padece nos primeiros dias?

Os fatores relacionados à diminuição da produção de leite estão relacionados ao bebê, à mãe e a fatores externos.

Como a produção de leite funciona?

Saber como funciona o mecanismo de produção de leite pelo nosso corpo é o primeiro passo para impedir que a produção de leite diminua. Nos primeiros dias após o parto (em média 2 a 5 dias), a descida do leite ocorre independente do estímulo de sucção, devido à queda da progesterona e aumento da prolactina. No entanto, após esse período, a produção de leite é regulada através do esvaziamento da mama, num mecanismo perfeito. Isso significa que quanto mais o bebê mamar, mais leite irá produzir! O corpo da mulher “entende”o esvaziamento da mama como um “aviso”de que precisa produzir mais leite!

Ansiedade, desconforto, dor e estresse

Que mãe que não passa por isso? Dor para amamentar, privação de sono, cobranças, falta de apoio…Todos esses fatores juntos acabam por inibir a produção de ocitocina, hormônio responsável pela ejeção do leite, prejudicando a amamentação. Além disso o próprio estresse pode levar à diminuição da produção de leite. Por isso o apoio do companheiro, família e muitas vezes auxílio e orientação e apoio um profissional de saúde é fundamental. O binômio mãe bebê é muito forte, mamãe está bem, bebê está bem também! Procure livrar-se de preocupações além do cuidado com o seu beb6e, na medida do possível, e desfrute um tempo gostoso com ele! Peça ajuda e delegue coisas se for preciso!

Pega e posição incorretas

Apesar de muitas vezes as mamães não imaginarem, a pega é um fator chave no que diz respeito à produção de leite! Ela tem um papel fundamental na condução do leite do peito da mãe até a boca do bebê, uma vez que uma boa pega favorece o esvaziamento da mama. Portanto, uma boa avaliação da pega é fundamental. Porém, de nada adianta uma boa pega, ou até mesmo a posição correta se não existe o conforto. O ato de amamentar deve ser feito em um lugar agradável, tranquilo e muito confortável. Verifique sempre se existem apoios adequados para os braços e pés e se a posição em que você se encontra permite que seus ombros estejam relaxados. Lembre-se: você fará isso por horas durante todo o dia. Se mãe e bebê estão confortáveis, a ejeção do leite acontece e o bebê mama melhor.

Ingurgitamento mamário

Muitas mães acreditam que mamas ingurgitadas são bom sinal, mas a verdade é que não são! O leite materno contém peptídeos chamado inibidores de feedback da lactação (FIL, em inglês) que inibem a produção de leite. No momento em que a mama é esvaziada, esse peptídeo é eliminado e ocorre o estímulo da produção de leite. Vale ressaltar que este é um controle local para cada uma das mamas e é exatamente por isso que, quando o bebê mama mais de um lado do que do outro, pode começar a haver uma diferenciação no tamanho das mamas (o lado em que o bebê mama mais fica maior!). Outro mecanismo local da produção de leite e o receptor da prolactina que se encontra no alvéolo. Se a mama está muito cheia, a prolactina não consegue se ligar ao receptor, o que acaba por inibir sua produção.

Como tratar?

A livre demanda neste caso é fundamental! Garanta o esvaziamento da mama, em primeiro lugar, pelo bebê. Essa é a melhor forma de prevenir e tratar o ingurgitamento mamário. Pode acontecer de mesmo assim a mama ficar muito endurecida e o bebê ficar com dificuldade de pegar…neste caso, faça a massagem e ordenha do leite, para amaciar a mama e a aréola e então coloque o bebê para mamar. Para ajudar nesse processo, você pode usar compressas quentes (cuidado para não queimar a pele!) antes da massagem e ordenha, e compressas frias após as mamadas.

(colocar foto terapia 3 em 1)

Dor para amamentar

Outro tema muito importante é o tema da dor durante a amamentação. Nos primeiros dias, é muito frequente que os mamilos fiquem rachados, fissurados e isso seja responsável por causar muita dor. A dor é o primeiro sinal de que algo pode não estar correto, como a pega e posição do bebê, ou o bebê tenha alguma alteração anatômica que dificulte a mamada, como o frênulo da língua curto. Ela pode levar à dificuldade para amamentar e ao ingurgitamento, resultando na queda da produção do leite. Se a dor persistir procure ajuda de um especialista.

Privação de sono

Bom, isso nem precisa ser dito, não é mesmo? Que mãe que não sofre disso? Sei que nos primeiros dias é bem difícil regular os horários, amamentação, sonecas, banho, visitas, cólicas, ansiedade, estresse…mas vale a máxima: durma quando seu bebê dorme, descanse quando ele estiver descansando! A produção de leite pode ser altamente afetada pela privação de sono. O pico de prolactina ocorre na madrugada, período essencial para aumentar a produção de leite e renovar as energias! Que tal uma boa massagem, um banho relaxante, um cochilo no fim de tarde? Aprenda algumas técnicas de relaxamento, tenha um ritual de sono e use – os! Esqueça um pouco os milhares de afazeres que você “precisa” resolver e descanse.

Você já se alimentou hoje?

Por fim, mas não menos importante, para uma boa produção de leite, a alimentação é fundamental! Às vezes queremos tantas dicas “quentes” para aumentar a produção de leite, ervas, remédios naturais, alimentos que ajudam na produção de leite que esquecemos o básico: comer. Sei que esse é um item muito falho para as mamães, e não é por falta de saber. Muitas mães, principalmente no período pós-parto simplesmente “esquecem” de comer (sim, são muitas e muitas coisas para serem observadas, mas lembrem-se sempre que a alimentação é a base de tudo)! Como não dá para viver só de pão e água, nem de macarrão instantâneo, é fundamental uma alimentação correta! Se tiver ajuda, ótimo, mas muitas vezes os avós moram longe e não dá para contar com alguém. Nesse caso, uma forte recomendação é você fazer um pequeno estoque de comida no seu congelador, se possível para um mês! Lembrem-se sempre: Para alimentar outro ser que depende exclusivamente de você, é fundamental que você coma! Escolha refeições leves, rápidas e saudáveis. E lembre-se de beber bastante água.

O mais importante disso tudo é informe-se, empodere-se, procure ajuda se estiver com dificuldades, peça socorro! Acima de tudo você não está sozinha.

Escreva contando também as dificuldades que você tem passado! Se tiver dúvidas, manda pra gente!

Um grande abraço,

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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