Mitos sobre a língua presa e porque ela afeta a amamentação – Parte 1

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Existem muitos mitos relacionados à amamentação, e muitos deles tem a ver com a forma com que o bebê faz a pega no peito.  A mecânica da mamada está diretamente relacionada ao movimento amplo da língua, e se existe alguma limitação para esse movimento podemos ter problemas na amamentação.

Mas porque esse tal de freio na língua pode causar tantos problemas na mamadas?

Já expliquei um pouco sobre essa condição chamada anquiloglossia num post anterior, e como suspeitar se seu bebê pode ter a linguinha presa. Veja o que NÃO te contaram sobre amamentação no post, e vamos desmistificar alguns mitos também…

Mito # 1:  As mães precisam entender que amamentar pode ser doloroso. Elas precisam esperar até que seus mamilos fiquem “calejados” e já não doam mais. Se a mãe não consegue amamentar, simplesmente deve bombear o seu leite ou trocar por fórmula na mamadeira.

Fato: Nada poderia estar mais errado que essa afirmação! A amamentação é um momento entre mãe e bebê ficam juntos e formam vínculo. Esse vínculo criado dura uma vida toda. Mães que não amamentam acabam levando o peso da culpa sobre elas e muitas vezes entram até em depressão. Amamentação não deve ser dolorosa nem sofrida, deve ser algo gratificante e prazeroso. Mães tem instinto. Se uma mãe acha que algo está errado, geralmente está. E deve ser corrigido.

Mito # 2: Freio lingual curto não tem nada a ver com problemas relacionados à amamentação

Fato: Amamentação depende da habilidade da criança criar um vácuo para retirar o leite do peito. O movimento de levantar e abaixar a língua dentro da boca cria esse vácuo, junto com o movimento de ordenha do leite. Se a língua é impedida de fazer o movimento, a criança não consegue tirar o leite de forma eficiente e sem dor. Isso leva a inúmeros problemas na amamentação, como dificuldade de ganho de peso, refluxo, cólicas, mamadas ineficazes, muito longas ou muito curtas, choro, engasgo, e para a mamãe, dor e fissuras que não cicatrizam, obstrução de ductos e mastite, entre outros. Se você não acredita, veja a foto abaixo de um bebê antes e após o procedimento.

pre cirurgia anquiloglossia grau 3 e lip tie grau 3
Bebê com anquiloglossia (língua presa). Veja a pega fechada, com o lábio inferior pouco aberto

 

pos cirurgia classe 3
Mesmo bebê após a frenotomia labial e lingual. Veja a abertura da boca e o lábio inferior evertido

Mito #3: Freio labial curto não tem nada a ver com amamentação.

Fato: Amamentação depende da habilidade da criança formar um bom selo com o seio da mãe. Quando o lábio superior não consegue ficar evertido (boca de peixinho, voltado para cima) esse selo é raso ou incompleto. Isso frequentemente leva a criança e fazer “click” enquanto amamenta e acaba engolindo muito ar. Isso cria um comportamento semelhante à cólica ou refluxo. Não é um refluxo verdadeiro, com retorno de conteúdo ácido ao esôfago, mas AEROFAGIA ou deglutição de ar. Isso leva a inúmeros problemas na amamentação, já relatados acima. Os bebês podem ter marcas no lábio superior, como se fosse uma pele mais seca, em formato de bolha (veja foto abaixo).

lip tie classe IV

 Mito # 4 Qualquer pessoa consegue diagnosticar a presença do freio curto da língua  (língua presa) ou freio curto do lábio ao examinar o bebê no colo dos pais. Errado!

Fato: O exame de um bebê com suspeita de anquiloglossia (freio curto da língua) deve ser feito por um profissional habilitado, que vai  examinar toda a cavidade oral, lábios, bochechas, lábio inferior e superior, freio labial e lingual, palato duro e palato mole. Para isso é preciso uma visualização ótima e um treinamento para tal.

Mito # 5: Meu bebê foi examinado no hospital e feito até o teste da linguinha, e disseram que estava tudo bem. 

Fato: Por diversas vezes o teste da linguinha mostra-se falho ao diagnosticar anquiloglossia e bebês. A não ser que seja um freio da língua obviamente curto e bem anteriorizado, o diagnóstico não é feito, e aquela mãe segue com inúmeras dificuldades na amamentação, que muitas vezes acabam por levar a um desmame precoce. A maioria dos pacientes que chegam no meu consultório não foi diagnosticado no hospital.

No próximo post, vou falar um pouco mais sobre como a anquiloglossia pode afetar a forma como os bebês mamam, e causar cólicas, gases e refluxo em bebês…aguardem! 

Se você está com dificuldades na amamentação, procure ajuda o quanto antes, e pessoas capacitadas em amamentação. Se existe a suspeita que seu bebê  tem a  língua presa, procure um profissional habilitado em fazer o procedimento! 

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Referências bibliográficas
Exposing the top 10 Myths (takes) in diagnosing and treating tethered oral Tissues (tongue-ties and lip-ties) in breastfeeding infants. Lawrence Kotlow PDF
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