Amamentação: o que você precisa saber antes do bebê nascer

Olá mamães!

Hoje voltarei num tema que particularmente gosto muito, a amamentação. São tantos aspectos a serem abordados que dividirei em vários posts. Por isso ainda falarei muito sobre esse tema!

Não raro hoje em dia encontro mães com dificuldades na amamentação. Eu como pediatra, tenho acompanhado inúmeros problemas relacionados à amamentação, a insegurança que ela causa, o sentimento de culpa que as mães trazem, e inúmeras dúvidas relacionadas ao assunto…

O nascimento do bebê é um evento único na vida de uma mãe, e também é o início de uma nova etapa. Nesse momento ela encontra-se extremamente fragilizada, insegura, com medo e também exausta! A presença de alguém que a ajude a superar essas questões, e principalmente as concernentes à amamentação é fundamental.

Infelizmente muitos profissionais da saúde, ao invés de ajudar, tem deixado mais “cargas” para essas mães carregarem, sentimento de culpa e informação em excesso e de forma vazia, vaga, sem que tenha de fato uma assimilação e aprendizado pela mãe!

Tenho aprendido com as mamães em meu consultório (e sou muito grata a elas por isso!)  que paciência é importante, é preciso mostrar e não somente falar, repetir quantas vezes forem necessárias… mamães de bebês pequenos são capazes de pensar em 300 coisas ao mesmo tempo (ok, as vezes até mais) e não conseguir assimilar tudo em uma única consulta…por isso o acompanhamento de perto é fundamental!

Introduzo então aqui o conceito de aconselhamento em amamentação.

Trata-se da competência do profissional de saúde em auxiliar a mulher em tudo que está relacionado a amamentação: desde o pré-natal, orientações quanto a posição e pega, produção de leite, dúvidas da mãe, acompanhar dificuldades e avaliar de perto e em todos os seus aspectos a amamentação. Aconselhar não significa dizer à mamãe o que ela deve fazer, mas significa ajudá-la a tomar decisões, após ouvi-la, entendê-la e dialogar com ela sobre os prós e contras das opções. Cria o espaço para que haja confiança e vínculo da mãe com o profissional, que é fundamental para o aconselhamento e sucesso da amamentação.

Como fazer esse aconselhamento? Existem diferentes momentos que o pediatra tem a oportunidade de poder orientar a mãe em relação ao seu bebê e devemos aproveitar esses momentos ao máximo! Hoje falarei sobre o momento no pré natal. Veja outro post relacionado aqui.

Aconselhamento Pré-natal

Sabe-se que a promoção da amamentação na gestação, comprovadamente, tem impacto positivo na prevalência do aleitamento materno, em especial entre as mamães de primeira viagem! O acompanhamento pré-natal é uma excelente oportunidade para motivar as mulheres a amamentarem. É importante que pessoas significativas para a gestante, como companheiro e
mãe, sejam incluídas no aconselhamento.

Acho essencial esse aconselhamento, pois as mamães nessa fase estão mais tranquilas para ouvir, ávidas por informação, e ainda não tem um bebê totalmente dependente dela para cuidar! Por isso, tudo o que ela puder aprender e assimilar nesse momento é bom e deve ser feito.

Durante o acompanhamento pré-natal, quer seja em grupo, quer seja no atendimento individual, é importante dialogar com as mulheres, abordando os seguintes aspectos:

  • Planos da gestante com relação à alimentação da criança, assim como experiências prévias, mitos, suas crenças, medos, preocupações e fantasias relacionados com o aleitamento materno;
  • Importância do aleitamento materno;
  • Vantagens e desvantagens do uso de leite não humano (as famosas fórmulas lácteas…);
  • Importância da amamentação logo após o parto, do alojamento conjunto e da técnica (posicionamento e pega) adequada na prevenção de complicações relacionadas à lactação; Possíveis dificuldades na amamentação e meios de preveni-las. Muitas mulheres “idealizam” a amamentação e se frustram ao se depararem com a realidade;
  • Comportamento normal do recém-nascido;
  • Vantagens e desvantagens do uso da chupeta. (Teremos um post só para abordar esse assunto polêmico!)
  • O exame das mamas é fundamental, pois por meio dele podem-se detectar situações que poderão exigir uma maior assistência à mulher logo após o nascimento do bebê, como, por exemplo, a presença de mamilos muito planos ou invertidos e cicatriz de cirurgia de redução de mamas.
  • O uso de sutiã adequado ajuda na sustentação das mamas, pois na gestação elas apresentam o primeiro aumento de volume.
  • Se ao longo da gravidez a mulher não notou aumento nas suas mamas, é importante fazer um acompanhamento rigoroso do ganho de peso da criança após o nascimento, pois é possível tratar-se de insuficiência de tecido mamário (são casos raros e o diagnóstico é feito pelo médico!).

NOTA: A “preparação” das mamas para a amamentação, tão difundida no passado, não tem sido mais recomendada de rotina. A gravidez se encarrega disso. Manobras para aumentar e fortalecer os mamilos durante a gravidez, como esticar os mamilos com os dedos, esfregá-los com buchas ou toalhas ásperas, não são recomendadas, pois na maioria das vezes não funcionam e podem ser prejudiciais, podendo inclusive induzir o trabalho de parto. O uso de conchas ou sutiãs com um orifício central para alongar os mamilos também não tem se mostrado eficaz. A maioria dos mamilos curtos apresenta melhora com o avançar da gravidez, sem nenhum tratamento. Os mamilos costumam ganhar elasticidade durante a gravidez e o grau de inversão dos mamilos invertidos tende a diminuir nas gravidezes subseqüentes. Nos casos de mamilos planos ou invertidos, a intervenção logo após o nascimento do bebê é mais importante e efetiva do que intervenções no período pré-natal.

Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉

Pediatra, Alergista e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Bibliografia:

Tratado de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017 n.

Saúde na criança: Nutrição Infantil, Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Ministério da Saúde, 2009.

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