Dermatite atópica e alimentação, como a alimentação pode afetar a pele?

Você já ouviu falar em dermatite atópica? E qual relação ela pode ter com o que você come? Leia no post!

A dermatite atópica é uma doença que afeta em muito a qualidade de vida de quem a tem, afeta o sono (da criança e de toda a família),  a auto estima e a alimentação. Torna-se uma angústia muito grande procurar saber como aliviar a doença, e se existe algum exame que ajude a identificar o que piora a doença, se é que tem mesmo…

Será que existe algum alimento que pode desencadear ou piorar a dermatite atópica? Como identificar esses fatores? Fazer exames sem saber o que procura, pode não ajudar, e até atrapalhar a alimentação dessas crianças, que muitas vezes já é restrita. Ao mesmo tempo um exame pedido de forma direcionada e correta auxilia no diagnóstico preciso.

Já dizia o sábio: “se você não sabe o que procura não identifica o que acha.”

Vamos entender um pouco sobre dermatite atópica e sua relação com alergia alimentar e como identificá-la.

Crianças com dermatite atópica tem maior risco de desenvolver alergia alimentar

A resposta é sim, infelizmente. Porém isso não significa que todos terão.

Um estudo, publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice, avaliou a história natural de 300 crianças com dermatite atópica, e foi identificado que metade delas havia uma relação de alergia com algum alimento. Dessas, 20%  apresentavam reações imediatas mais graves, inclusive anafilaxia, após a restrição ou exclusão desses alimentos. Os principais alimentos causadores foram leite e ovo.

É importante saber que são apenas 8 alimentos mais comuns que causam alergia alimentar, e responsáveis pelo desenvolvimento de dermatite atópica em crianças, que são: leite, ovo, trigo, soja, peixe, castanhas, amendoim, frutos do mar. Nos adultos os principais fatores agravantes da dermatite atópica são os chamados aeroalérgenos, como por exemplo ácaros, poeira, barata e epitélio de animais.

As reações alérgicas são conhecidas como IgE mediadas e não IgE mediadas, e a piora da pele pode acontecer de 6 a 48 horas após a ingesta do alimento. Dependendo da reação e do agravamento do quadro de dermatite, o médico irá indicar ou não a exclusão do alimento, não faça isso sem a orientação do seu médico.

Se eu atrasar a introdução alimentar de determinado alimento, isso irá diminuir o risco de alergia alimentar? 

De maneira simples, mas não simplista, essa pergunta com certeza ficou no ar. Se meu filho tem dermatite atópica, devo postergar a introdução alimentar de determinados alimentos conhecidos como alergênicos? A resposta mais rápida seria não, não deveria postergar a sua introdução. Estudos já mostraram que a introdução alimentar de todos os alimentos deve ser feita de forma oportuna. O atraso na sua introdução poderia inclusive aumentar a chance de alergias futuras.

Leia mais sobre como reduzir os riscos de alergia alimentar

Nesse estudo visto acima, foram coletados dados sobre a gravidade do quadro, o desenvolvimento de alergia a algum alimento, coleta de IgE específica ao alimento, alimentos evitados e o teste de provocação oral com o determinado alimento e tipo de reação. E através dessa investigação, observou-se que 50% dos pacientes com dermatite atópica tinham alguma alergia alimentar, e dessas 20% eram graves!  Ou seja, é mais comum do que se imagina. Mas o mesmo estudo chegou a conclusão que excluir completamente o alimento pode não ser a melhor estratégia…é preciso avaliar caso a caso!

Por isso não é para sair por aí excluindo todos os alimentos sem motivo, ou somente por um exame positivo. O acompanhamento médico com alergista, a avaliação do quadro clínico e exames é fundamental!

A eliminação completa de determinados alimentos e dietas muito restritas podem levar à perda de tolerância de alimentos e aumentar o risco de reações imediatas, principalmente em crianças de alto risco!

Porque a dieta de exclusão (sem necessidade) não diminuiria o risco?

Já existem estudos que na verdade mostraram o contrário. A exposição a aos alimentos ditos “alergênicos” cedo na vida poderia induzir a tolerância e não alergia, mesmo em pacientes de alto risco.

No estudo chamado The Learning Early about Peanut Allergy (LEAP Trial), foi constatado que a introdução precoce e consumo regular de amendoim diminuiu o desenvolvimento de alergia ao amendoim em crianças atópicas. O risco do desenvolvimento de alergia ao amendoim era maior nas crianças em que o amendoim era introduzido tardiamente, aos 5 anos, em comparação da introdução precoce, aos 4 a 6 meses.

Leia mais sobre alergia alimentar 

Como agir diante de tudo isso?

Paciente com quadro de dermatite atópica devem ter o acompanhamento próximo com o alergista, e a alergia alimentar deve ser investigada quando o quadro é mais grave, ou quando há suspeita de piora na ingesta de determinados alimentos.

Além disso, é importante ter um plano de ação para caso ocorra reações graves (quando o paciente tiver anafilaxia) e medicações específicas devem ser administradas.

Ter o acompanhamento de um alergista para que possa fazer o diagnóstico correto e dar o tratamento adequado é importantíssimo para o melhor cuidado do seu pequeno, busque ajuda. 😉

Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências Bibliográficas 

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