Fiquei realmente assustada com a notícia que um grande Hospital particular em São Paulo havia fechado devido a hiperlotação, com falta de leito para casos graves e algo me chamou a atenção. Nesse ano, a virulência do vírus está mais forte do que no ano passado, e quadros mais graves tem atingido 10% das crianças, contra 6% do ano passado, segundo médica do departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Vamos entender melhor essa doença, o que ela causa, e como perceber uma piora do quadro.
O vírus sincicial respiratório (VSR) é a causa mais comum de bronquiolite e pneumonia em crianças menores de 1 ano. A cada ano, 4-5 milhões de crianças menores de 4 anos adquirem uma infecção por VSR e mais de 125.000 são hospitalizados anualmente segundo dados dos EUA.
A infecção por VSR é limitada às vias respiratórias e em bebês e crianças pequenas pode envolver o trato respiratório inferior com frequência, manifestando-e como a chamada bronquiolite. O vírus pode ser transmitido por contato, através de gotículas da via aérea como tosse, espirro, ou secreções em pele e mucosas ou em objetos como brinquedos e grades de berço.
Quais são os sinais e sintomas da infecção por vírus sincicial respiratório?
A doença geralmente inicia com sintomas de um resfriado comum e progride rapidamente ao longo de 1 a 2 dias para uma inflamação em pequenas vias aéreas caracterizada por tosse, coriza, sibilância e estertores, febre baixa (<38,5 °C) e diminuição da aceitação oral. Em quadros mais graves, pode ocorrer dificuldade respiratória intensa com retrações intercostais e cianose, e até 20% dos pacientes podem ter febre alta.
É super importante avaliar o estado de hidratação do bebê (um bom parâmetro para os pais é avaliar se está aceitando bem o leite materno ou fórmula, caso seja menor de 6 meses, e outros líquidos, se for maior de 6 meses, e ainda avaliar se a urina está clara e abundante).
Quais são os critérios de gravidade para a Bronquiolite?
• Vômitos
• Letargia
• Apnéia
• Taquipnéia
• Tiragem
• Gemência
• Batimento de asa de nariz
• Cianose
A incidência de infecção bacteriana grave concomitante ou secundária em associação com a infecção por VSR é baixa (<1%), porém o risco de otite média (infecção no ouvido) é elevado, até 40% dos casos. Em bebês pequenos, usualmente menores de 3 meses, pode ter a apnéia (parada respiratória com um período, que pode ter repercussão ou não) desproporcional aos sinais e sintomas respiratórios, e em lactentes com menos de 6 semanas de idade, podem apresentar um quadro semelhante a sepse (infecção generalizada).
A reinfecção por VSR pode ocorrer em todas as idades. Porém quanto maior a criança, o quadro clínico é limitado a um quadro de infecção de via aérea superior, como o resfriado.
A Bronquiolite por VSR pode estar associada a hiper-reatividade brônquica das vias aéreas (presença de chiado no peito quando apresentar algum resfriado), porém a sua relação com o desenvolvimento de asma no futuro permanece ainda controverso.
Como fazer o diagnóstico de infecção por Vírus Sincicial Respiratório?
Normalmente exames adicionais não são indicados. Atualmente o teste de reação de cadeia de polimerase (PCR) é altamente sensível e permite o resultado rápido. A coleta do exame pode ser feita de forma simples, com swab de secreção de orofaringe. O raio-x de tórax pode avaliar a presença de alterações como atelectasias ou pneumonia associada, mas os achados não são específicos do vírus. A avaliação da saturação de oxigênio pode ser feita pelo médico e a baixa saturação é um dos indicadores para internação.
Quais são os fatores de risco para VSR?
A maioria das crianças internadas com bronquiolite por VSR nasceram a termo sem nenhum fator de risco conhecidos. A idade é o fator preditor mais importante para ocorrência de bronquiolite grave. Sabe-se que 2/3 das internações por bronquiolite ocorre em bebês menores de 5 meses.
As maiores taxas de internação devido a bronquiolite por VSR, são de bebês entre 30 a 90 dias de vida, considerado esse o período em que há a queda das células maternas de defesa (IgG) que foram passadas via placenta no terceiro trimestre de gestação. Isso explica a maior risco dos prematuros em desenvolverem a doença.
Outros fatores de risco para evolução grave da bronquiolite são: prematuros menores de 29 semanas, crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade, presença de doença cardíaca congênita.
Qual o tratamento da bronquiolite?
A maioria dos cuidados que ocorrem na bronquiolite são de suporte, ou seja, manter o bebê confortável, amenizar o desconforto respiratório, manter uma boa oxigenação, reduzir o gasto calórico (como esforço para respirar, a febre) e manter a hidratação e alimentação.
Vamos falar mais sobre tratamento, e se o VSR pode aumentar o risco de asma nos próximos posts.
Um bjo
Pediatra, Alergista e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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