Foi recentemente vinculado nas mídias sociais um novo estudo que mostrou que o uso de paracetamol durante a gravidez aumenta o risco da criança desenvolver autismo.
Isso realmente deixou as mamães assustadas.
O estudo foi pioneiro, mas fica o alerta: devemos tomar cuidado com quaisquer medicações na gravidez. Veja abaixo:
Um novo estudo descobriu que o paracetamol (acetaminofen), uma das poucas medicações usadas para dor durante a gravidez, e amplamente utilizado, pode ter uma forte associação com sintomas do transtorno do espectro autista principalmente em meninos, e relacionado a transtorno de atenção e hiperatividade em ambos os sexos.
O estudo foi publicado no periódico International Journal of Epidemiology. Foi o primeiro estudo que relata essa associação entre o uso da medicação na gravidez e transtorno do espectro autista em crianças. Ao se comparar crianças expostas e não expostas à medicação, foi encontrado um aumento de 30% no risco de déficit de atenção e aumento de sintomas clínicos do TEA em meninos.
O estudo foi realizado na Espanha, e foram recrutadas 2644 mães no momento do nascimento do bebê, ao completar 1 ano de idade e aos 5 anos. As mães foram questionadas sobre o uso do paracetamol durante a gravidez e a frequência de uso, classificada como nunca, esporádica, ou persistente. Cerca de 40% das mães utilizaram o paracetamol durante a gravidez. Sintomas de atenção e hiperatividade foram observados nas crianças expostas. Se a exposição à medicação ocorreu de forma persistente, foram identificados sintomas de desatenção, impulsividade e alteração na velocidade de processamento visual, feito por teste computadorizado.
Como isso se justifica?
O Paracetamol pode ser prejudicial para o desenvolvimento neurológico das crianças por algumas razões: Primeiro, age sobre os receptores de canabinóides no cérebro, afetando a diferenciação e sinapse neuronal, e a migração axonal. Pode também ocasionar alterações no sistema imunológico (de defesa) do nosso corpo e até ser tóxico para alguns fetos, que não tem a mesma capacidade do adulto de metabolizar a droga. Além disso, o paracetamol pode atuar como um disruptor endócrino afetando a função testicular e produção de andrógenos.
Não se sabe porque meninos foram mais propensos do que meninas, mas sugere- se que o cérebro masculino pode ser mais vulnerável a influências nocivas no início da vida.
O estudo conclui que a exposição generalizada de crianças ao paracetamol ainda no útero poderia aumentar o número de crianças com TDAH ou do TEA, porém estudos maiores precisam ser feitos.
O que devo fazer com essa informação?
Um único estudo não consegue tirar conclusões definitivas, portanto, calma! o que fica CLARO é que gestantes devem evitar ao máximo uso de medicações na gravidez, e que sempre devem ser orientadas pelo seu médico.
Tanto o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como o Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem um diagnóstico muito subjetivo, e fica difícil comprovar relação de causa-consequência com quaisquer comparativos (uso de medicações, alimentos, vacinas, por exemplo), porém mesmo assim é importante entender que devemos manter hábitos saudáveis, e isso inclui a gravidez, certo?
A referência completa do estudo encontra-se abaixo, pra quem quiser conferir! Compartilhe com uma futura mamãe 😉
Um abraço,
Dra. Kelly Marques Oliveira
Pediatra e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
Consultório particular em São Paulo: (11) 5088-6699
Referências Bibliográficas