Existe ainda muita dúvida sobre qual posição o bebê deve dormir- independente se for no berço ou cama compartilhada – e isso porque até há algum tempo atrás a orientação era diferente da que temos hoje.
Sabemos que hoje a posição correta de dormir é de barriga para cima, e vamos entender melhor o porquê…
Após diversos estudos envolvendo vários países e milhares de crianças, foi comprovado que dormir de barriga para cima reduz em até 70% o risco de Síndrome da Morte Súbita do Lactente (em inglês, Sudden Infant Death Symdrome – SIDS). A morte súbita, ou morte do berço como é popularmente conhecida, é uma das maiores causas de mortes entre bebês até um ano de idade.
Porque a posição de barriga para cima é mais segura?
A explicação é simples: quando o bebê dorme de barriga para cima, e volta um pouco de leite na boca do bebê, e ele engasga, a primeira reação do bebê é tossir ou fazer algum movimento que chamará a atenção dos pais. Isso levará os pais a fazer a manobra de Heimlich ou desengasgamento, e salvar o bebê. Se o bebê é colocado de bruços (barriga para baixo), pela própria imaturidade do cérebro, não percebe que está engasgado e respirando um “ar viciado” (rico em gás carbônico, pára de respirar) e morre silenciosamente. Além disso, quando o bebê está de barriga para baixo, ele pode engasgar e não conseguir tossir ou se mexer para chamar a atenção.
A posição de lado também não é recomendada pois a criança pode rolar e ficar de bruços e acontecer a mesma situação relatada acima.
Segundo o Prof. Dr. Cesar Victora, autor da pesquisa publicada no Lancet e responsável por inúmeros estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) voltados para amamentação, as evidências de que dormir de barriga para cima são irrefutáveis, e o argumento é forte: “é melhor engasgar do que morrer”.
O estudo publicado no Lancet em 2007, demonstrou que a morte súbita é a maior causa de falecimentos entre bebês de 1 a 12 meses nos países desenvolvidos. As evidências científicas são inquestionáveis e as academias de pediatria dos EUA e Inglaterra, por exemplo, já recomendam deitar o bebê de barriga para cima como a única posição correta.
O que é Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) ou SIDS (Sudden Infant Death Syndrome) ?
Quais os fatores de risco envolvidos com o aumento de risco de morte súbita?
- Exposição ao cigarro na gravidez e após o nascimento
- Exposição cigarro no ambiente
- Uso de colchões ou travesseiros muito moles
- Superaquecimento do bebê (hiperagasalhar, por exemplo)
- Bebês prematuros
- Bebês com baixo peso ao nascer
- Baixo nível social e econômico
Cuidados na hora de dormir
Além do cuidado de sempre colocar o bebê de barriga para cima, outras medidas são importantes para um sono seguro.
Você sabia que colocar o bebê para dormir com muita roupa é um dos fatores de risco de morte súbita?
Fique atento às seguintes recomendações:
- Evite o excesso de roupas e fraldas que possam dificultar os movimentos do bebê e superaquecê-lo
Deixe os braços do bebê livres, para fora das cobertas, ou em sacos de dormir próprios (sleep bags) ou chamados cueiros. Assim, evita-se que ele deslize na cama e fique com a cabeça embaixo das cobertas. - Deixe a cama livre de almofadas, travesseiros, “naninhas” (paninhos e bichinhos usados por algumas crianças para dormir), bichos de pelúcia e outros brinquedos que possam dificultar a respiração do bebê.
- Protetores de berços acolchoados são contra indicados e aumentam o risco de sufocamento. O melhor é não usar. O mesmo raciocínio é válido. É melhor o bebê bater de leve na grade do berço do que morrer sufocado pelo protetor de berço.
- A temperatura do quarto deve ser confortável para um adulto vestindo roupas leves. Em climas ou épocas mais frias, pode-se usar um aquecedor. O importante é que a temperatura do quarto esteja agradável para o bebê conseguir dormir com roupas leves, e não “encapotado” de roupa. Toque na sua pele, veja se não está suando demais ou incomodado. Temperaturas extremas devem ser evitadas sempre que possível.
- Para minimizar o incômodo que o uso do ar condicionado ou aquecedor provocam, um umidificador também pode ser usado.
- Acima de tudo, o bom senso é importante. Faça essa pergunta para você mesmo: se eu estivesse usando a roupinha do bebê, estaria confortável?
- Veja orientações para o quarto seguro aqui.
Não exposição ao cigarro
O cigarro aumenta o risco de morte súbita independente dos outros fatores. Evite a exposição ao cigarro ao máximo. A exposição à fumaça do cigarro deve ser evitada na gestação e após o nascimento do bebê. A cama compartilhada é CONTRA- INDICADA se um dos pais é fumante! Evitar a exposição ao cigarro diminui o risco de morte súbita, além de inúmeras outras doenças também!
Estamos cansados de saber que a exposição à fumaça do cigarro afeta gravemente a saúde das crianças. Os bebês de mães fumantes durante a gestação tem três vezes mais riscos de morte súbita do que os bebês de mães não fumantes. Fumar durante a gestação aumenta o risco de aborto, parto prematuro e baixo peso ao nascer, além do risco do bebê desenvolver doenças respiratórias.
Amamentação exclusiva até os 6 meses de idade
Sabemos que existem inúmeros benefícios do aleitamento materno para o bebê. A prevenção da morte súbita é uma delas.
O leite materno protege o bebê contra várias doenças, como alergias, diarréias, resfriados, infecções urinárias e respiratórias. Mamar ainda desenvolve e fortalece a musculatura da boca e do bebê, melhora a mastigação, deglutição e a fala. Além de tudo, é um momento muito especial entre mãe e filho, fortalece o vínculo entre eles e transmite segurança, carinho e o amor.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses, e estimulado até os 2 anos de idade ou mais.
Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉
Um bjo
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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Referências bibliográficas
- Rachel Y Moon, Rosemary S C Horne, Fern R Hauck. Sudden Infant Death Syndrome. Lancet 2007; 370: 1578–87
- http://www.cdc.gov/SIDS/riskfactors.htm