Olá queridos papais e mamães
Hoje vou falar sobre um tema SUPER comum e prevalecente na população. É a rinite alérgica. Se seu filho vive com o nariz escorrendo, com o olho vermelho, espirrando e parece que sempre está “gripado”, fique atento, ele pode ter rinite! Eu particularmente sofro muito de rinite, desde pequena e sei o quanto ela atrapalha nossa vida…
Vamos então descobrir o que é essa doença e como lidar com ela, ajudando nossos pequenos a respirar melhor!
Rinite alérgica: a doença da civilização moderna
A rinite alérgica é definida como uma inflamação da mucosa do nariz que tem maior prevalência entre as doenças respiratórias crônicas em crianças e adultos, comprometendo muitas vezes a qualidade de vida, o desempenho escolar e social da criança. É causada pela reação exacerbada do próprio organismos a substancias ou poluentes que geralmente não causariam dano nenhum a um pessoa não alérgica. Esse alérgenos são: poeira, ácaros, baratas, fungos, caspas de animais como cão e gato, pólens, poluentes ambientais (como fumaça de cigarro), e até mesmo mudanças bruscas de temperatura, também são considerados desencadeantes. As infecções virais também tem um importante papel no desenvolvimento da crise alérgica. É chamada também de doença da civilização moderna…
Os sintomas da rinite são: coriza clara, nariz que vive entupido e coçando, espirros e coceira nos olhos e vermelhidão, sem conjuntivite infecciosa. Você provavelmente nunca viu ou soube de alguém que morreu de rinite alérgica, porque ela não mata, entretanto ela afeta demais a qualidade de vida dos pequenos…Esses sintomas uma vez instalados e persistentes, podem levar à fadiga crônica, dor de cabeça, dificuldade de atenção e aprendizagem e até apnéia do sono. A rinite é o principal causador da “síndrome do respirador oral”, que ocorre quando existe uma obstrução à passagem de ar devido ao aumento dos cornetos nasais e adenóide, que ficam “inchadas” na rinite. Essa síndrome pode levar a várias consequências importantes, como alterações no crescimento craniofacial, e maior predisposição de desenvolver amigdalites, faringites, otites e sinusites.
A rinite alérgica também tem uma relação muito próxima com a asma. Um grande estudo mostrou 80% dos pacientes asmáticos têm rinite alérgica, e se ela não está bem controlada, a asma também piora! Hoje consideramos que asma e rinite são espectros da mesma doença, com os mesmos fatores desencadeantes e tratamento semelhantes.
E esse negócio é contagioso?
Por ser um processo alérgico e não infeccioso a rinite não se transmite de pessoa para pessoa. O que existe é uma chance muito maior do seu filho ter se você, papai e mamãe também têm.
Como tratar
O tratamento é feito com medicações que controlam a inflamação da mucosa nasal por longos períodos. O mais importante, entretanto, é controlar o ambiente, afastando os alérgenos que prejudicam a criança. Eles podem ser identificados através de testes alérgicos. Em casos mais graves, a medicação pode ser reforçada com antialérgicos e até mesmo corticoides nasais. A imunoterapia (tratamento com vacinas) também pode ser uma opção e deve ser feito por especialista na área.
Se o seu filho apresenta obstrução nasal frequente ou persistente, respira pela boca, apresenta roncos noturnos, coça o nariz, os olhos e/ou ouvidos, tem crises de espirros ou o nariz escorre o tempo todo, tem lacrimejamento ocular e olhos vermelhos e inchados, tem tosse persistente ou em crises, dores de cabeça ou mesmo “resfriados” que demoram a melhorar, procure um médico pediatra. Seu filho pode ter rinite alérgica! |
Como evitar as crises
Se as queixas respiratórias pioram após o contato com poeira, mofo ou objetos guardados, a alergia deve ser maior aos ácaros que “moram” nesses lugares. Os ácaros são seres microscópicos que se alimentam de detritos da poeira e preferem ambientes com pouca luminosidade e elevada umidade. Aquela poeira acinzentada que é visualizada nos estrados de colchões e cantos das casas é rica em ácaros. Somente em um travesseiro já foram contados mais de 100 mil ácaros, e estima-se que em colchões este número suba para milhões. Por isso a importância do uso das capas impermeáveis para colchões e travesseiros, entre outras medidas que citamos a seguir. E não resolve comprar colchões e travesseiros novos, pois em poucos meses já estarão cheios ácaros novamente.
As medidas mais comumente recomendadas pelos pediatras para as crianças com alergia aos ácaros são:
- Manter a casa arejada e ensolarada, evitar umidades ou vazamentos e não abusar dos umidificadores de ar;
- Evitar carpetes, tapetes ou forrações, especialmente no quarto;
- Evitar móveis estofados ou objetos que acumulem pó;
- Manter bichos de pelúcia ensacados com plástico e não deixar objetos amontoados;
- Retirar o pó com pano úmido, evitando vassouras ou espanadores;
- Aspirar os colchões semanalmente;
- Colocar capas impermeáveis no colchão e travesseiro e limpá-las com pano úmido toda semana. Lavá-las a cada dois ou três meses (vale encapar colchão comum com aquele material tipo courino ou plástico mesmo, ou comprar capa de colchão de plástico em lojas especializadas!)
- Lavar roupas de cama semanalmente com água quente (acima de 60ºC);
- Evitar cobertores de lã – preferir edredons e lavá-los com frequência;
- Evitar cortinas pesadas, longas ou com muitas camadas de pano. Preferir persianas verticais de PVC (limpar com pano úmido semanalmente);
- Animais com pêlos – O ideal é convencer o seu filho a ter um peixinho, ou iguana…mas como sabemos que nem sempre é possível, tentar manter nossos bichos queridos fora de casa e principalmente fora do quarto. Nunca na cama!
A alergia nas estações
No Brasil, as estações de ano não são muito marcadas, por isso esse tipo de rinite alérgica não é tão comum. Entretanto, alguns pacientes, especialmente adolescentes e adultos jovens, poderão apresentar sensibilidade aos pólens. Os sintomas serão mais intensos ocorrem de setembro a dezembro, principalmente em dias secos e com vento, porque nestas situações os pólens se propagam com maior facilidade. Chama atenção a presença de sintomas oculares importantes (olhos vermelhos, com lacrimejamento, coceira intensa nos olhos e pálpebras inchadas), além dos sintomas nasais da rinite.
O tratamento medicamentoso pode variar de acordo com a estação do ano e intensidade dos sintomas. Os pacientes que apresentam sintomas eventuais não necessitam de tratamentos preventivos e podem ser tratados somente durante as crises. O uso de colírios antialérgicos pode ser indicado.
Fique longe do cigarro!
Mamãe, saiba que o cigarro, a poluição, os odores fortes e produtos químicos funcionam como irritantes primários. Eles agridem a mucosa respiratória independentemente de mecanismos alérgicos, e devem ser evitados.
O cigarro está diretamente associado a uma série de doenças respiratórias na infância, e aumentam e muito o risco do desenvolvimento de qualquer doença respiratória. Filhos de pai ou mãe fumante serão sempre fumantes passivos! Por isso, boa hora e bom motivo para parar de fumar!
Leve regularmente o seu filho ao Pediatra e nunca ofereça um medicamento sem a orientação médica. A automedicação deve ser evitada sempre, pois pode expõe a criança a riscos desnecessários e acarreta danos à saúde.
Bem espero que depois desse post vocês estejam respirando aliviadas! A rinite alérgica precisa ser diagnosticada e tratada adequadamente!
Se vocês têm alguma dúvida ou angústia sobre como tratar essa doença, por favor, deixe seu comentário, dúvida ou sugestão aqui.
Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉
Um bjo
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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Veja outras dicas em:
- Asma e bronquite na criança: perguntas e respostas
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Referências bibliográficas:
- Asthma and allergic rhinitis as symptoms of the same disease: a paradigm under construction. Camargos et al. Jornal de Pediatria – Vol. 78, Supl.2, 2002
- Allergic Rhinitis: epidemiological aspects, diagnosis and treatment. Ibiapina et al. J Bras Pneumol. 2008;34(4):230-240
- Impact of asthma, allergic rhinitis and mouth breathing in life quality of children and adolescents. Campanha et al. Rev CEFAC, São Paulo, v.10, n.4, 513-519, out-dez, 2008
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