
É virose mamãe, e agora?
Nesse post da série: “Manhê! Tô com dor de barriga!”, vamos conversar sobre como prevenir a desidratação, qual soro usar, bebidas comerciais a evitar e as dietas recomendadas
Uma vez que já abordamos em outro post como identificar a desidratação, vamos entender agora como preveni-la, ou tratá-la se ela já ocorreu.
Primeiro, cuide da hidratação
Lembre-se, se o seu bebê ou criança está com diarréia ou vomitando, porém ainda aceita líquidos, ofereça-os a ele! Água, sucos, chás, água de coco…..e claro, o leite materno se ainda mama. Somente tome cuidado com o açúcar nesses líquidos, procure não adoçá-los pois isso pode piorar a diarréia…
Mas e o soro de reidratação oral?
Vamos primeiro entender o que é o soro de reidratação oral e porque ele é fundamental para manter a criança hidratada. O soro nada mais é do que uma mistura de proporções de glicose (um tipo de açúcar de fácil absorção, sódio e outros eletrólitos, em proporções mais fisiológicas e que tem uma rápida absorção no nosso corpo, mesmo no intestino doente.
Crianças com virose, quando estão desidratadas aceitam bem o soro de reidratação oral, pois apesar do seu sabor bem ruim (coloca ruim nisso), estão ávidas por líquidos. O soro funciona bem para crianças que estão levemente desidratadas, porém para crianças desidratadas graves é necessário procurar um serviço de emergência. (veja aqui o post sobre como identificar a criança com desidratação).
| Preparo do soro oral |
| – Misturar todo o envelope em um litro de água fervida ou filtrada;- Não adicionar açúcar nem sal;- Não ferver o conteúdo depois de pronto;- Só usá-lo por 24 horas. Após esse prazo, jogar fora o que sobrou e preparar mais um litro |
Mas doutora, se o soro é ruim porque não usar somente água ou Gatorade®?
Crianças com algum grau de desidratação a ingestão de água exclusivamente pode desencadear algo que chamamos de hiponatremia, com consequente edema celular (a célula fica inchada), pois a criança está ingerindo água sem eletrólitos. Esse edema no cérebro pode causar convulsões. Isso claro, nos casos extremos e mais graves, em que a criança está irritada e desidratada também. Nos caso que a criança está bem e recusa o soro, pode ser somente pelo gosto ruim…(lembre-se que um bom parâmetro é o xixi do pequeno!)
O soro deve ser oferecido aos poucos para a criança, num bebê pequeno pode ser feito com seringa de 10 ml, em bebês pouco maiores uma medida de um copo de café desses descartáveis, e para crianças maiores, um copo maior de 100 a 200ml. O importante é oferecer várias vezes ao dia, principalmente sempre que a criança tiver diarréia ou vômitos.
Não se deve dar soro oral em crianças muito sonolentas ou muito prostradas, que devem ser levadas a um serviço de emergência.
O Gatorade®, apesar de um sabor mais palatável à criança, tem proporções aumentadas de glicose na sua composição e acabam por não promover a hidratação. Dessa forma podem ser usados pensando em oferecer líquidos à criança como qualquer outro liquido, mas não em tratar a desidratação.
Em crianças que mamam no peito, o aleitamento materno deve não só ser continuado como também estimulado. Além de sua excelente absorção pelo intestino, ele ajuda a combater a própria infecção, pois o leite materno é rico em imunoglobulinas, responsáveis pelas defesas do organismo.
Outros leites podem sem mantidos, pois no geral não atrapalham a criança e usualmente a cirança passa a aceitar somente esse alimento. Entretanto se a criança apresentar uma assadura de fralda que não melhora, pode ser secundária a uma insuficiência transitória de lactase, e nesse caso deve ser suspenso. O diagnóstico é feito pelo pediatra.
A criança também deve manter sua dieta habitual, porém preferir as dietas leves e de fácil digestão, tais como os compostos com amido (macarrão, arroz, pão) e os alimentos com pouca gordura (cozidos e grelhados simples). Tanto as hortaliças verdes, como as leguminosas e as frutas muito fibrosas (laranjas, mamão) devem ser ingeridas em pequena quantidade (podem piorar a diarreia…), Vegetais podem ser consumidos. Evitar os alimentos doces, industrializados e o excesso de gordura, pois pode haver um certo grau de malabsorção dessas substâncias nessa fase.
| Deve-se manter a dieta normal, devendo os alimentos serem oferecidos em pequena quantidade, com intervalos curtos, respeitando-se o apetite e a sede das crianças sem forçar a aceitação dos mesmos. |
Não se deve usar medicamentos que encurtam a diarréia.
A diarréia é uma resposta natural do organismo à presença dos agentes infecciosos, que tem como objetivo expulsá-los para o exterior do organismo. Por isso se você está tentando impedir que o trânsito intestinal funcione (e no caso da diarréia até demais), pode promover uma infecção intestinal séria no seu filho!
| Qualquer medicamento deve ser prescrito somente pelo médico. Nunca faça automedicação, muito menos com o seu filho! |
E os probióticos? Tem algum efeito?
Os probióticos são popularmente conhecidos como lactobacilos e bifidobactérias. São microrganismos vivos (bactérias e leveduras) que existem normalmente no intestino dos indivíduos saudáveis, que são resistentes à acidez gástrica e aos sucos intestinais, e que atingem o intestino grosso em quantidades adequadas Ao modificarem a composição da microflora intestinal, criam condições desfavoráveis à multiplicação dos agentes patogênicos, sejam bactérias ou vírus (especialmente o rotavírus), levando a uma menor duração da diarréia.
E os prebióticos?
São nutrientes não digeríveis que atuam na fermentação dentro do intestino, estimulando seletivamente o crescimento dos probióticos. Não são microorganismos. Ainda não existem indicações formais na literatura.
O zinco ajuda?
O zinco é responsável pela composição da função celular, no crescimento e na regulação das cito- cinas. A lesão do epitélio que ocorre no decurso duma infecção intestinal, principalmente quando ela se torna mais prolongada ou grave, a sua suplementação pode ser benéfica.
Considerações finais
A virose, como popularmente chamamos qualquer infecção intestinal, tem curso benigno em sua maioria e duração limitada. A sua principal complicação é a desidratação, que pode ser evitada com medidas simples. Qualquer medicação deve ser prescrita pelo médico da criança.
Obrigada por ficarem comigo em mais uma série!
Por favor coloquem suas dúvidas e angústias, comentários e sugestões.
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Um bjo
Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
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Confira outros posts da série:
Dor de barriga da criança e desidratação, saiba o que fazer.
O que fazer quando seu filho tem diarréia.
Referências bibliográficas:
- Acute diarrhea in children –Teresa Mota Castelo et al. Saúde infantil, setembro 2008
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