Estudo publicado no NEJM associa Zika vírus e microcefalia

Estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) relatam novas evidências que fortalecem a associação entre o vírus Zika e um aumento dos casos de microcefalia, citando a presença do vírus no cérebro de um feto abortado de uma mulher européia que engravidou enquanto vivia no Brasil.

Uma autópsia do feto mostrou microcefalia, assim como lesão cerebral grave e altos níveis do vírus Zika em tecidos cerebrais fetais, excedendo os níveis de vírus normalmente encontrados em amostras de sangue. Isso torna ainda mais provável a infecção pelo vírus Zika causar danos ao feto, como a microcefalia.

Pesquisadores no Brasil estão se esforçando para determinar se a chegada do vírus Zika naquele país causou um grande aumento na microcefalia, com mais de 4.000 casos suspeitos da doença relatada até o momento. Brasil confirmou mais de 400 desses casos, como microcefalia, e identificou a presença de Zika em 17 bebês, mas uma ligação ainda não foi comprovada. Em janeiro, foi encontrado evidências de vírus Zika em amostras de cérebro do Brasil retiradas de dois abortos e dois recém-nascidos que morreram logo após o nascimento.

O vírus é transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, e não existe nenhum tratamento ou vacina.

Segundo o relato de caso do NEJM, a mãe apresentou sinais de infecção Zika durante a 13ª semana de gravidez, mas os ultrassons durante a semana de 14 e 20 foram normais. Um novo ultrassom realizado na 29ª semana foi encontrado anomalias fetais graves. Isso sugere que o ultrassom pegar sinais de anomalias fetais graves somente mais tardiamente na gestação. Muitas mães inclusive não tem acesso a esse tipo de exame. A qualidade do ultrassom também depende muito do examinador.

Além de ter sido encontrada a microcefalia, o feto não apresentava outras deformidades. Não havia histórico familiar de anormalidades genéticas que poderiam ter causado a microcefalia.

Na autópsia, foram encontrados inúmeras calcificações no cérebro, sugestivo de inflamação, além da superficie do cérebro sem as ranhuras características. As amostras do cérebro foram positivas para o vírus Zika. Foi negativa para outros vírus da mesma classe, como dengue, febre amarela ou vírus do Nilo Ocidental. Também foi descartado outras causas infecciosas potenciais de microcefalia, como rubéola, citomegalovírus e toxoplasmose.

A partir das amostras de cérebro, a equipe foi capaz de identificar a sequência genética completa do genoma viral Zika, que combinava mais estreitamente uma estirpe do vírus Zika isolado de um paciente de Polinésia Francesa em 2013 e uma estirpe do vírus Zika isolado em São Paulo, Brasil, em 2015.

Não foi encontrado nenhuma presença do vírus em outro local que não o cérebro, e sem outros defeitos em qualquer outro lugar, o que sugere que o vírus ataca seletivamente o tecido nervoso.

Segue o trecho da discussão do artigo do NEJM:

“Esse caso mostra uma lesão grave no cérebro causada pela transmissão vertical do vírus Zika. Recentemente o vírus Zika foi encontrado no líquido amniótico em 2 fetos com microcefalia, o que confirma a sua transmissão introuterina. De todos os relatos sobre flavivírus e seus efeitos teratogênicos, os investigadores descrevem os olhos e o cérebro como principais alvos. Não foi identificado a presença do vírus em outros orgãos. o que sugere um forte neurotropismo do vírus. Mais pesquisas são necessárias para afirmar as implicações dessas observações. É provável que a rápida disseminação do vírus no mundo tenha um incentivo grande para mais pesquisas a respeito, uma vez que existe uma carga emocional e econômica importante na sociedade.”

Para saber mais sobre zika vírus e microcefalia, e como se proteger da doença, acesse os posts abaixo:

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Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências bibliográficas

http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1600651#t=article

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