Novas recomendações de sucos para crianças – parte 2

Se pra você ainda aquela idéia de que a introdução alimentar deve acontecer com um suquinho de fruta, ou o suco já faz parte logo no início da alimentação do bebê, ou mesmo se você está procurando informações confiavéis para a introdução alimentar do seu filho, leia esse post.
Vamos falar um pouco hoje quais as novas recomendações de suco pela Academia Americana de Pediatria (AAP), e para entender melhor porque a recomendação mudou, leia a parte 1 do post.
Entenda que a idéia não é condenar o consumo de suco, mas sim encontrar um equilíbrio!
 As  frutas são extremamente importantes como fontes de vitaminas e minerais que necessitamos e o suco das frutas também fazem parte de uma alimentação equilibrada. O consumo de frutas é extremamente benéfico ao ser humano e claro, para as crianças. A fruta é responsável por fornecer vitaminas e minerais, reduzir o risco de doenças cardiovasculares, proteger contra o câncer, e limitar a ingestão calórica excessiva.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que tenha 3 porções de fruta por dia para as crianças, e é encorajado o seu consumo. No entanto, o suco, em detrimento da fruta, não oferece nenhuma vantagem nutritiva sobre a fruta inteira. Existe a perda das fibras, e o suco acaba sendo consumido mais rapidamente do que a fruta. Além disso, o suco não necessariamente estimula o consumo de fruta in natura (uma pessoa pode tomar suco e detestar a fruta) . É recomendado que a necessidade diária de fruta de uma pessoa seja pelo menos a metade com fruta in natura, e não somente suco.

Leia sobre sucos aqui

Bebê pode tomar suco? 

A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que o leite humano seja o único nutriente para bebês menores de 6 meses de idade.  Na impossibilidade do aleitamento materno, deve ser usada uma fórmula infantil adequada para idade. Não há necessidade de outros nutrientes antes dos 6 meses.

O suco não deve substituir o leite materno, o que pode resultar na ingesta insuficiente de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais como ferro, cálcio e zinco. O consumo excessivo de suco tem sido associado a desnutrição e baixa estatura.

A recomendação da AAP e da Academia Americana de Odontologia Pediátrica é que o suco seja oferecido no copo e não na mamadeira, devido ao risco aumentado de cárie dentária. A partir de 1 ano o suco pode ser oferecido como parte de uma refeição ou lanche e não como meio de hidratação da criança, disponível o dia todo, nem como meio de acalmar a criança.

O suco não deve ser usado como tratamento da diarréia, pois apresenta alto teor de carboidratos (11-16 g%), quando comparado com soluções de reidratação oral (2,5-3 g%), podendo levar a má absorção e piora da diarréia.

Pode acontecer de haver uma irritação perioral (devido a acidez do suco em contato com a pele) ou a famosa “assadura no bumbum” devido a má absorção de carboidratos.

Conclusões

  1. Suco de frutas não apresenta benefícios nutricionais para crianças menores de 1 ano.
  2. O suco de fruta não apresenta benefícios nutricionais quando comparada a frutas in natura para bebês e criancas e não tem papel essencial na alimentação das crianças.
  3. 100% de suco de fruta fresco ou reconstituído pode fazer parte de uma alimentação saudável de crianças maiores de 1 ano, como parte de uma alimentação equilibrada. Bebidas de frutas não são equivalente ao suco (100%) de fruta.
  4. Suco não é indicado para o tratamento da desidratação ou o tratamento da diarréia.
  5. O consumo excessivo de suco pode estar associado à desnutrição (subnutrição e desnutrição).
  6. O consumo excessivo de suco está associado com diarréia, flatulência, distensão abdominal e cárie dentária.
  7. Sucos não pasteurizados podem conter agentes patogênicos que podem causar doenças e devem ser usados com cautela em crianças.
  8. Caso seja oferecido suco à criança, em quantidade apropriada para idade, não causam problemas clínicos.
  9. Sucos fortificados com cálcio ou vitamina D, apresentam fonte biodisponível desses nutrientes porém não são e não devem ser substitutos do leite materno ou fórmula infantil em crianças.

Recomendações

  1. O suco não deve ser introduzido na dieta dos lactentes antes dos 12 meses de idade, a menos que clinicamente indicado.
  2. A ingesta de suco deve ser limitada, de acordo com a idade:
    • 1 a 3 anos: 120ml por dia 120- 180ml por dia para
    • 4 a 6 anos:120- 180ml por dia
    • 7 a 18 anos: 240ml ou metade da recomendação de frutas para a idade na forma de suco  (a recomendação é de 2 a 2,5 xícaras de frutas por dia).
  3. Crianças não devem usar mamadeiras ou copos de transição que permitam o consumo de suco ao longo do dia de forma  fácil e acessível. Não se deve dar suco para crianças na hora de dormir.
  4. Deve-se incentivar o consumo de frutas in natura pelas crianças em detrimento do suco, devido ao maior aporte de fibras.
  5. O leite materno ou na impossibilidade desse, a fórmula infantil deve ser o alimento para bebês até 6 meses de idade.
  6. O consumo des suco de frutas não pasteurizados devem ser desencorajados em crianças.
  7. Crianças com desnutrição (subnutrição e desnutrição), a quantidade de suco consumida deve ser avaliada.
  8. Deve-se limitar o consumo de suco no caso de diarréia crônica, flatulência excessiva, dor abdominal e inchaço.
  9. Deve-se discutir a relação entre o consumo de suco e cárie dentária, principalmente relativo à forma e quantidade oferecida à criança.
  10. Deve ficar claro a diferença entre suco de fruta e bebida de fruta.
  11. Crianças com peso anormal (baixo peso ou obesidade) devem ter uma redução no suco de frutas na alimentação.
  12. Em creches, escolas  deve-se buscar reduzir o consumo de suco e  promover consumo de frutas in natura.

 

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 Um abraço,

Dra. Kelly Marques Oliveira

CRM 145039

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação 

Consultório Espaço Médico Descomplicado – São Paulo: (11) 5579-9090/ whatsapp (11) 93014-0007

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Referências bibliográficas:

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