Vacinas e Meningite: o que você precisa saber – parte 3

meninigite, vacinas, vacinação, doenças na infância, pediatria descomplicada,

Vimos nos outros posts sobre meninigite parte 1 e meninigite parte 2 sobre o que é essa essa doença chamada meningite e porque ela preocupa tanto, além de entendermos quais tipos de meningite existem e como prevenir.

Recentemente houve alguns casos trágicos de meningite relatados na mídia, como o caso do filho da cantora Eyshila e a morte de 2 irmãs no Rio de Janeiro. Essa doença ainda assusta muito os pais, e com razão.

Vamos conversar hoje sobre as vacinas que protegem as crianças contra meningite.

Quais vacinas protegem contra meningite?

A meningite pode ser causada por diferentes tipos de vírus e bactérias, e existem algumas vacinas que pode proteger contra essa doença.

Veja os posts sobre vacina:

Vacina Meningocócica tipo C conjugada 

Oferece proteção contra o meninigococo do tipo C, um dos mais importantes causadores da meninigite. Disponível na rede pública de saúde (SUS) e no particular. 

Esquema recomendado: vacina aos 3 e 5 meses de idade, reforço com 1 ano.

Vacina Meningocócica ACWY conjugada 

Oferece proteção contra o meningococo dos grupos A C W e Y.   A vacina ACWY já está disponivel somente no particular em crianças a partir dos 3 meses, e pode sr feita no lugar da meningocócica tipo C conjugada. É recomendado também um reforço aos 11 anos de idade.

Vacina Meningocócica tipo B recombinante

A vacina contra a meningite B é uma vacina relativamente nova no Brasil, liberada desde maio de 2015, porém já presente em vários países com segurança há alguns anos. Ela oferece proteção contra bactérias meningocócicas do grupo B, atualmente o segundo grupo  mais prevalente causador da meninigite meningocócica, depois do meningococo tipo C.

Infelizmente NÃO está disponível no SUS e o custo é alto.

Um pouco de como essa vacina surgiu…

No passado houve várias tentativas de se fazer uma vacina contra o meningococo tipo B, porém sem sucesso, pois a bactéria possui uma cápsula com proteínas muito semelhantes às presentes nos neurônios do corpo humano, o que tornava a vacina ineficaz (o nosso corpo não reconhecia como estranho). Foi desenvolvida uma técnica chamada vacinologia reversa para a fabricação dessa vacina. Essa técnica consistiu na análise completa do genoma da bactéria causadora da doença, a seleção dos genes mais imunogênicos e não presentes no corpo humano, e a a inclusão dessas proteínas selecionadas na vacina. As proteínas presentes na vacina são: Neisserial heparina-binding antigen (NHBA), factor H binding protein (fHbp) e a Neisserial adhesina A (NadA) e Outer Membrane Vesicle (OMVnz).

 

Esquema de doses

Crianças entre 2 a 5 meses: 3 doses + 1 reforço. Intervalo mínimo de 2 meses entre as doses. Reforço entre 12 e 15 meses. Exemplo: 3, 5, e 7 meses, reforço com 1 ano.

Crianças entre 6 a 11 meses: 2 doses + 1 reforço. Intervalo mínimo de 2 meses entre as doses. Reforço após 2 anos. Exemplo: 6 e 8 meses, reforço com 2 anos.

Crianças acima de 12 meses: 2 doses sem necessidade de reforço. Intervalo mínimo de 2 meses entre as doses. Exemplo: 1 ano e 1 ano e meio.

Eventos adversos:  febre , às vezes alta, principalmente nas primeiras 6 horas, irritabilidade, sonolência e dor local.

Vacina pentavalente ( DTP/DTPa, VIP, Hib) ou Hexavalente ( DTPa, VIP, Hib e Hepatite B)

A vacina pentavalente ou hexavalente que engloba os microorgismos causadores da difteria, tétano, coqueluche, poliomielite e Haemophilus influenzae tipo b (Hib), e a Hexavalente que acrescenta a proteção contra Hepatite B. Essa vacina confere proteção contra uma bactéria importante, a Haemophilus tipo B, que pode causar meninigite. Com a ampla cobertura vacinal, e a inclusão dessa vacina no SUS, sendo fornecida pelo governo, a doenças causados por essa bactéria caiu drasticamente.

Esquema recomendado:

  • Vacinar aos 2, 4 e 6 meses de idade, e reforço com 1 ano.

A vacina pentavalente celular está disponível nos postos de saúde, de forma gratuita. A vacina pentavalente acelular ou a hexavalente, estão disponíveis no particular. Ambas conferem proteção contra o Haemophilus.

A vacina pneumocócica

A vacina pneumocócica protege contras as doenças causadas pelo pneumococo, como otite (infecção de ouvido sinusite, pneumonia e a temida meniningite. A vacina disponível no posto de saúde é a vacina conjugada 10-valente (Pneumo10), e a disponível no particular contém 3 sorotipos a mais, a 13-valente (Pneumo13). É importante saber que existem outros sorotipos de pneumococo, porém os mais importantes e causadores de doenças são os presentes nas vacinas.

A vacina 10-valente (Pneumo10) protege contra 70% das doenças graves em crianças causada pelo pneumococo, e a vacina 13-valente (Pneumo13)  protege contra 90%.

Esquema recomendado: 

Vacina aos 2, 4 meses e reforço com 1 ano (mudança em 2016)

  • 1 a 2 anos e  NÃO vacinadas: 2 doses, com intervalo de 2 meses entre elas.
  • 2 a 5 anos e NÃO vacinadas: 1 dose
  • 2 a 5 anos e portadoras de doenças crônicas: pode ser necessário complementar a vacinação com a vacina polissacáride 23-valente (Pneumo23)

Em grupos de risco a recomendação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) recomenda-se o esquema 3+1 (3 doses e 1 reforço)

Vacina tríplice viral ou MMR ou SCR 

A vacina tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola. A meningite pode ser uma complicação dessas doenças, e portanto é importante fazer a vacina. Contra indicada em imunodeprimidos.

Esquema recomendado: 1 dose com 1 ano e 1 reforço entre 1 e 2 anos.

Disponível no SUS e particular, porém no SUS somente 1 dose. 

Vacina contra Varicela 

A vacina protege contra a varicela, mais conhecida como catapora, uma doença que dá febre alta, manchinhas no corpo tipo bolhas vermelhas e que coçam muito e pode ter como complicação grave pneumonia e meningite. A vacina protege contra a doença e a criança pode ter a doença mesmo sendo vacinada, porém numa forma muito mais leve. Uma complicação grave é a Encefalite por Varicela.

Esquema recomendado: primeira dose com 1 ano, reforço entre 1 e 2 anos. Em casos de surtos na escola, por exemplo, pode ser dada a primeira dose aos 9 meses.

Disponível no SUS e no particular, porém no SUS somente 1 dose. 

Todas as vacinas existentes contra meniningite tornam a cobertura vacinal para meningite bacteriana em torno de 80%, o que é um ganho muito grande quando se trata de uma doença tão grave.

É importante ressaltar que existem inúmeros VÍRUS que causam meninigite viral, e até encefalite, sem vacinas disponíveis. Nesses casos a melhor proteção é lavar sempre as mãos, evitar lugares fechados e evitar contato com pessoas doentes.

Espero que tenha ajudado a esclarecer bem esse assunto!

Para seguir o blog e receber as novidades por email, basta clicar no botão “seguir” no site. Siga também no Facebook (ative o “ver primeiro”, para receber aviso dos posts novos) e Instagram (@pediatriadescomplicada, clique no canto superior direito “ativar notificações de publicação”).

Dra Kelly Marques Oliveira

Pediatra e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC)

CRM 145039

Consultório particular em São Paulo: (11) 5088-6699/ Whatsapp (11) 93014-0007

Referências bibliográficas:

Compartilhe
Facebook
Twitter
Telegram
LinkedIn