Mitos sobre a língua presa e porque ela afeta a amamentação – Parte 2

Bebé mamando, amamentação, anquiloglossia, freio curto lingual, freio curto da lingua, tong tie, pediatri descomplicada, mitos da amamentacao

Nesse post vamos conversar mais um pouco sobre o impacto que a anquiloglossia pode ter na amamentação, e porque alguns sintomas como cólica, gases e até refluxo podem melhorar uma vez corrigido o problema. Na verdade, tudo está relacionado à própria mecânica da mamada, ao movimento necessário da língua para fazer a ordenha eficaz no peito. Se existe limitação para esse movimento, os problemas começam.

Veja a primeira parte do post sobre língua presa e amamentação aqui.

Já expliquei um pouco sobre a anquiloglossia num post anterior, e como suspeitar se seu bebê pode ter a linguinha presa.

Mas porque esse tal de freio na língua pode causar tantos problemas na mamada?

Veja os outros 5 mitos relacionados a amamentação e anquiloglossia aqui.

Mito # 6: Toda criança que regurgita muito tem doença do refluxo e deve ser tratada 

Fato: Todas as crianças no início da vida regurgitam, pois apresentam o que chamamos de refluxo fisiológico. O refluxo fisiológico se trata de uma imaturidade de esfincter esofágico do bebê. Alguns bebês regurgitam mais do que outro, mas o refluxo só será patológico (doença do refluxo gastroesofágico) se tiver outros sintomas como irritabilidade intensa, e dificuldade de ganho de peso. Uma condição que é frequentemente confundida com refluxo e subdiagnosticada é a anquiloglossia. Bebês com a língua presa não conseguem fazer a pega correta, que permitiria um selo entre a boca do bebê e o peito na qual não escapa ou entra ar, mas forma-se um vácuo. Dessa forma o bebê acaba engolindo grande quantidade de ar, e nota-se “clicks” na boca do bebê enquanto ele mama, que inclusive podem ser extremamente dolorosos para a  mãe. Esse ar engolido durante as mamadas, aumenta a chance do bebê regurgitar mais e aí achamos que é refluxo!

A grande questão é que se mudarmos a mecânica da mamada, o bebê engolirá menos ar e esse “refluxo” tende a desaparecer. Por isso a importância de um profissional capacitado em amamentação examinar o bebê e identificar se existe anquiloglossia. Uma vez identificado, deve-se realizar a frenotomia quando indicada. Isso tudo não muda a forma como encaramos as regurgitações em bebês? 

Mito # 7  A língua presa do bebê não tem nada a ver com refluxo, cólicas ou engasgos

Fato: Bebês com língua presa tendem a regurgitar mais, pois engolem muito ar, como foi explicado acima. A forma como eles mamam está prejudicada. Além disso, bebês que engolem muito ar, podem ter mais gases e consequentemente mais cólicas, o que podem deixar os pais muito preocupados. Bebês podem ter ronco no nariz que pode ser confundido com obstrução nasal, quando na verdade é o leite que reflui também. Os bebês podem ficar extremamente irritados durante as mamadas, engasgarem  com o leite pois não coordenam bem a língua, entre outros problemas. Muitas vezes ao corrigir a língua presa, existe uma melhora importante de todos esses outros problemas associados.

Mito #8: A correção da língua presa deve ser feita mais tardiamente, usualmente se a criança apresentar algum problema de fala.

Fato: Se existe um problema na amamentação que ocasiona dor, dificuldade às mamadas e ganho de peso do bebê, o mais lógico é que se corrija o problema o quanto antes! De fato, existem vários estudos que mostram que o alívio da dor muitas vezes é imediato após o procedimento e que melhora , e muito a amamentação!

Mito # 9:  O procedimento de frenotomia não é seguro, ou tem muitos riscos e não vale a pena fazer.

Fato: O procedimento de frenotomia consiste num procedimento simples, que pode ser realizado por médico ou dentista habilitado para tal, cujo risco de infecções ou complicações é praticamente zero. É um procedimento na qual é cortado o pequeno pedaço de tecido do freio lingual e labial, para “liberar” a língua para realizar movimentos amplos. Isso permite que a língua faça movimentos de onda, necessários à amamentação.

Veja o vídeo abaixo do procedimento de frenotomia:

[wpvideo 5Te8jbwD]

Mito # 10:  Uma vez que realizei o procedimento de frenotomia, nenhum cuidado adicional é necessário.

Fato: Após realizar o procedimento de frenotomia, são necessários alguns cuidados. A região do frênulo que foi aberta tende a fechar e cicatrizar novamente, formando novamente o frênulo (veja figura abaixo). Assim, alguns exercícios para evitar que o tecido se forme são necessários. A língua também é um músculo pequeno porém extremamente importante. O musculo tem memória, e precisa ser exercitado uma vez que fica “livre” para se movimentar na boca. Muitas vezes é necessária uma equipe multidisciplinar com médico, fonoaudiólogo, consultor de amamentação para restabelecer a amamentação.

pediatria descomplicada, dra kelly oliveira, frenotomia
Fonte: www.drghaheri.com/

Se você está com dificuldades na amamentação, procure ajuda de um profissional capacitado em amamentação o quanto antes. Se existe a suspeita que seu bebê  tem a  língua presa, procure um profissional habilitado em fazer o procedimento! 

Para seguir o blog e receber as novidades por email, basta clicar no botão “seguir” no site. Siga também no Facebook (ative o “ver primeiro”, para receber aviso dos posts novos) e Instagram (@pediatriadescomplicada, clique no canto superior direito “ativar notificações de publicação”).

Dra Kelly Marques Oliveira

CRM 145039

Consultório particular em São Paulo: (11) 5088-6699/ Whatsapp (11) 93014-0007

Referências bibliográficas

Exposing the top 10 Myths (takes) in diagnosing and treating tethered oral Tissues (tongue-ties and lip-ties) in breastfeeding infants. Lawrence Kotlow PDF

Compartilhe
Facebook
Twitter
Telegram
LinkedIn
Rolar para cima