O que causa a meningite: saiba mais sobre cada uma delas – parte 2

meninigite, criança doente, crianca doente, pediatria descomplciada

No post anterior, conversamos um pouco sobre o que é meningite, quais seus sintomas, falamos um pouco sobre vacinas e quando devemos levar ao médico para avaliação. Hoje vamos falar um pouco sobre cada tipo de meninigite e o que devemos saber sobre cada delas.

Recordando…

A meningite é uma inflamação das membranas (meninges) que envolve o cérebro e a medula espinhal. A inflamação dessa membrana provoca os sintomas de dor de cabeça, febre e rigidez no pescoço.  A grande  maioria dos casos de meningite são causados por vírus, mas bactérias ou fungos também podem causar a doença. A identificação e tratamento precoces são fundamentais para uma boa evolução.

A meningite bacteriana

As bactérias  entram na corrente sanguínea e chegam até as meninges no cérebro e medula espinhal. Isso pode accontecer através do contato de uma criança doente (ou adulto) para outra criança saudável, ou por uma infecção que esteja próxima das meninges, como uma infecção de ouvido, sinusite ou devido a um trauma na cabeça, que cria uma via de passagem dessa bactéria para o cérebro. É o que chamamos de solução de contiguidade.
A forma de transmissão depende do agente que causa a meninigite. Alguns são extremamente contagiosos, outros não. Além disso, depende muito da suscetibilidade de cada pessoa. A maioria das que entram em contato com o vírus ou a bactéria NÃO fica doente, caso contrário teríamos epidemias de meninigite, como resfriado no inverno. No entanto crianças, idosos e pessoas com o seu sistema imunológico (de defesa) debilitado, correm maior risco de ter a doença. Vamos falar sobre os mais importantes abaixo!

Quais são as principais bactérias que causam meningite?

Pneumococo (Streptococcus pneumoniae): É a principal causa de meningite bacteriana em todas as idades. Essa bactéria também é responsável por infecções respiratórias como pneumonia, otites e sinusites, porém a maioria dos indivíduos não desenvolve a doença (lembra o que falei de suscetibilidade acima?).  A boa notícia é que existe vacina para os principais sorotipos dessa bactéria, o que reduziu muito a incidência e gravidade da doença. A vacina Pneumocócica protege contra essa bactéria.

Meningococo (Neisseria meningitidis): Esta bactéria é também uma das principais causas de meningite bacteriana. A sua importância se dá devido a causa de surtos em creches e ser altamente contagiosa.  A transmissão ocorre através de contato com saliva, beijo, compartilhamento de alimentos ou objetos, tosse ou espirro. Uma situação específica que pode ocorrer é a disseminação do meningococo na corrente sanguínea, que leva a uma doença extremamente grave e potencialmente fatal, chamada de meningococcemia. Essa doença leva um quadro de choque hipovolêmico, com sangramentos e distúrbio de coagulação. Deve ser tratada imediatamente e com suporte adequado. Um sinal que aparece nessa situação é a petéquia, caracterizada por manchas vermelhas no corpo que não desaparecem quando a pele é pressionada (veja figura abaixo). Em outras doenças também podem aparecer, como dengue. Se isso ocorrer, procure o médico imediatamente. Felizmente temos vacina contra os principais sorotipos de meningococo, são eles: sorotipo A,  B,  C,  W135  e  Y. O sorotipo C é o mais prevalente e as vacinas que protegem são: vacina meningococica tipo C, meningocócica tipo B recombinante e ACWY. No público, somente a vacina contra o meningococo C está disponível.

meningitis_342x198_A8FF2B
Sinal de petéquia no corpo
Uma coisa interessante é que o meningococo NÃO sobrevive no ar ou nos objetos.

Haemophilus (Haemophilus influenzae): antigamente era grande responsável por quadros de doenças respiratórios graves (como a epiglotite) e meningite, porém com a vacina, o número de casos reduziu drasticamente. A vacina contra Haemopilus tipo B (Hib) é dada na rede pública, incluída na vacina pentavalente ou hexavalente.

Listeria (Listeria monocytogenes): encontrada em queijos não pasteurizados, cachorros quentes e carnes mal cozidas. As mulheres grávidas, recém-nascidos, idosos e pessoas com sistema imunológico debilitado estão mais suscetíveis a essa bactéria. A Listeria pode atravessar a barreira placentária e causar infecção no final da gravidez, que pode ser fatal para o bebê.

E a meningite viral? 

Os  enterovírus  (poliovírus,  echovírus,  vírus  coxsackie  A,  vírus  coxsackie B) são os principais causadores da meningite viral, mas outros vírus como o do sarampo, da caxumba, o vírus da varicela‐zoster (que causa catapora) e o vírus do herpes simples também podem causar meningite. A meningite viral cursa com sintomas mais leves, acompanhados por um quadro gripal ou de diarréia e fica difícil diferenciar de quadros virais comuns. Os sintomas são semelhantes, com dor de cabeça intensa, febre e vômitos. Os casos são mais comuns no fim do verão e começo do outono.

Pelos poucos dados relatados, o filho da cantora Eyshila teve meninigite viral. Infelizmente, alguns casos evoluem de forma grave, muitas vezes até fatal, apesar de ser muito raro. Alguns vírus acabam causando sequelas graves, e levam a encefalite, que é o acometimento não só das meninges, mas também do cérebro. O tratamento nesses casos é suporte, e dependendo do vírus, alguns antivirais.

Existem vacinas para alguns vírus como o do sarampo caxumba e rubéola (vacina tríplice viral) e o da varicela, porém não para outros vírus. 

Como qualquer quadro viral, a transmissão se dá pelo contato com a saliva, secreções e contato próximo com o doente. Somente pouquissímas pessoas que tiveram contato com o vírus vão desenvolver a doença. Os cuidados são os mesmos de uma gripe comum, como lavar as mãos com frequência e o uso do álcool gel, evitar aglomerações.

Veja o infográfico abaixo para divulgação! Baixe o PDF aqui.  

meninigite bacteriana, meninigite, o que é meninigite, pediatria descomplicada

Para seguir o blog e receber as novidades por email, basta clicar no botão “seguir” no site. Siga também no Facebook (ative o “ver primeiro”, para receber aviso dos posts novos) e Instagram (@pediatriadescomplicada, clique no canto superior direito “ativar notificações de publicação”).

Dra Kelly Marques Oliveira

Pediatra e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC)

CRM 145039

Consultório particular em São Paulo: (11) 5088-6699/ Whatsapp (11) 93014-0007

Referências bibliográficas:

Compartilhe
Facebook
Twitter
Telegram
LinkedIn