Febre na criança: o que fazer?

 

 

Esse é um artigo que todo pai, mãe, vovô, vovó, dinda deveria ler…por favor, leiam até o final!

Febre é um dos principais motivos de preocupação para os pais, mas será que toda febre é grave? Ou ainda, será que toda febre deve ser medicada?

No Brasil, a forma mais comum de aferir a temperatura é axilar, e consideramos febre uma temperatura acima de 37,8C, sendo febre alta apenas acima de 39C. “Estado febril” ou subfebril, ocorre quando a criança está com temperatura entre 37,3 e 37,8C.

Nem toda febre precisa ser medicada, e nem toda febre é grave! Se nosso corpo aumenta a temperatura em determinadas situações, deve haver um motivo importante para tal! Muitos pais administram antitérmico à criança quando a criança está”quentinha” ou sem nem mesmo medir a temperatura, porque estão preocupados com a criança manter uma temperatura “normal”.

A febre, entretanto, não é a doença em si, na qual precisamos combater, mas um mecanismo fisiológico do nosso corpo que tem efeitos benéficos em lutar contra a infecção. A febre aumenta o metabolismo do nosso corpo e, dessa forma, deixa o corpo em “estado de alerta” para infecções. Sob esse ponto de vista, a febre é um bom sinal! Por outro lado a criança com febre pode ficar mais “amuadinha”, não se alimentar direito, nem aceitar líquidos, o que pode predispor à desidratação e até dessa forma dificultar a recuperação da criança.

Vamos entender um pouco como a febre funciona:

A febre é um mecanismo fisiológico do nosso corpo que ajuda a combater a infecção. A febre retarda o crescimento e reprodução de vírus e bactérias, aumenta a produção de neutrófilos e linfócitos T, células importantes no nosso sistema de defesa contra infecções.

O valor da febre tem relação com a gravidade da doença?

Não! A maioria das febres tem uma duração curta e são benignas, dificilmente chegam a temperaturas acima de 39C, e protegem o nosso corpo! A temperatura também não tem relação com a doença ser viral ou bacteriana. Alguns estudos mostram que a febre ajuda o nosso corpo a recuperar mais rapidamente de infecções virais, embora possam causar desconforto na criança.

A febre pode ser classificada como de baixa intensidade (37,8 a 38 °C), moderada (38 a 39 °C) ou alta (mais de 39 °C).

Quais seriam algumas vantagens em se medicar para febre?

Alguns benefícios incluem alívio do desconforto que ela causa, diminuição da perda de água causada pelo aumento da temperatura corporal, o que diminui a chance de desidratação.

E os riscos de se medicar para febre?

O uso de antitérmico de horário, por exemplo, pode “mascarar” a doença, levando ao atraso do seu diagnóstico e tratamento correto. Além disso, deve-se tomar cuidado com as doses da medicação, e sua administração correta.

Os medicamentos podem ajudar a baixar a febre em apenas 1°C a 2°C , sendo até possível que a temperatura não chegue ao nível normal. Dado que a febre é cíclica e sobe e desce por si, nem sempre é fácil afirmar que a febre baixou devido a algum medicamento ou à natureza da situação febril.

O que fazer então quando a criança está com febre???

O mais importante na avaliação da criança febril é: aprenda a observar! Avalie os sinais da criança, mais do que buscar uma temperatura “normal”! O principal objetivo ao tratar uma criança febril é melhorar o conforto. Crianças febris apresentam-se mais “caidinhas” e sonolentas, além de diminuírem a ingesta de água. Além disso, a febre pode dificultar o julgamento médico do estado da criança, por isso é importante avaliar a criança sem febre, sempre que possível.

Mantenha a criança hidratada e esteja atento aos sinais e gravidade!

O uso de antitérmicos

Nesse caso, o uso de antitérmicos se justifica para além da função e baixar a temperatura, mas também o seu efeito analgésico, ou seja, diminuir a dor! O antitérmico deve ser usado com o intuito de melhorar o conforto, diminuir a irritabilidade e prostração e melhorar a aceitação de alimentos. Ao baixar a temperatura, torna-se mais confiável para o médico avaliar o quadro clínico da criança.

É bom saber…

  • Medidas para diminuir a temperatura, como banhos com água morna, ou compressas mornas podem diminuir a temperatura sem necessariamente melhorar o conforto.
  • O uso de álcool no banho NÃO é recomendado, pois pode haver absorção do álcool pelo corpo.

A febre por si só é preocupante? 

Existe uma preocupação dos pais, médicos e enfermeiros sobre o potencial risco que a febre causa, chamado “febrefobia”. A maior preocupação identificada é que a febre alta, se não tratada, está associada a crises convulsivas, danos cerebral e morte. Isso é mito! 

Não existe nenhuma evidência de que reduzir a febre reduz a morbidade e mortalidade da doença, em outras palavras, ela NÃO piora o curso da doença, nem causa complicações neurológicas a longo prazo.  Uma possível exceção são crianças com doenças crônicas que podem resultar em alterações metabólicas e crianças criticamente doentes (em ambiente de UTI, por exemplo),  pois elas podem não tolerar o aumento do metabolismo que a febre causa.

Não há evidência que o uso de antitérmico reduz a ocorrência de convulsão febril. 

Não existe recomendação de se medicar com antitérmico antes da administração de vacinas, para diminuir o desconforto associado à injeção ou minimizar a ocorrência de febre. Tal medida pode até reduzir a resposta vacinal, e portanto, não se deve fazer de rotina!

MENSAGENS CHAVE: 

  1. A redução de temperatura, por si só, NÃO deve ser o objetivo principal da terapia com antitérmico, mas sim o conforto do paciente! 

  2. Os pais devem observar a criança febril, avaliar possíveis sinais de gravidade e aumentar a ingesta hídrica, além do fazer o uso correto de antitérmicos!

  3. O médico deve buscar tratar a causa da febre, realizar o diagnóstico correto quando possível e avaliar sinais de gravidade. 

Espero que tenha ajudado a esclarecer um tema tão comum e cheio de dúvidas na pediatria!

Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉

Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências bibliográficas

http://pediatrics.aappublications.org/content/early/2011/02/28/peds.2010-3852.full.pdf+html

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