Birras e desprezoterapia: será que funciona?

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Na semana passada, a TV Globo publicou uma matéria sobre birras em crianças na idade entre 2 e 3 anos. Coincidentemente ou não, na mesma semana, 2 amigas minhas, com crianças próximas da mesma idade pediram “socorro” para mim com dificuldade com seus filhos, passando por essa fase…crianças até então dóceis, amáveis, de repente começavam a chorar, questionar tudo, brigar, jogar objetos no chão e, eventualmente, se jogar no chão e espernear por horas…parece familiar para você?

A reportagem da Globo orienta que para passar por essa fase, deve-se praticar a “desprezoterapia”, que nada mais é que “deixar a criança chorar”, não atender as suas vontades e ignorar o ocorrido. Mas será que isso funciona? Talvez funcione, pois essa fase irá passar, independente do que você faça. Entretanto, compreender melhor a fase pela qual o seu filho está passando é muito mais importante. 

Como uma querida amiga também relatou em seu post sobre essa fase, gostaria de dar algumas dicas aqui também.

A crise dos 2 anos é uma fase da criança em que se caracteriza pela “adolescência dos bebês”: mudanças no humor, birras e uso da palavra “não”. Essa fase acontece quando a criança começa a lutar entre a sua confiança nos adultos e seu desejo de independência. Também é conhecida como “terrible two” (terríveis 2 anos) em inglês.

Nessa idade, é importante saber que a criança está passando por importante marcos do seu desenvolvimento, seja motor, intelectual, social e emocional. O seu vocabulário cresce rapidamente, eles estão ansiosos em aprender coisas novas e por si próprios, e estão começando a descobrir que precisam seguir certas regras. Apesar desse desejo por independência, não conseguem expressar claramente seus desejos e sentimentos. Isso pode levar a frustração e mau comportamento.

Como lidar com a birra em público 

Não deixe seu filho chorando e se debatendo em público. Tire o seu filho da situação e leve-o para um lugar tranquilo, sem “platéia, como o carro ou o banheiro. Use a terapia do abraço (veja abaixo) e espere a “birra” passar. Não atenda todas as suas demandas apenas para ela parar de chorar. Isso a ensinará que sempre que ela fizer isso, você fará sua vontade.

Evite que a birra aconteça

A birra acontece geralmente quando seu filho está com fome, cansado, entediado, irritado com sono. Antecipe essas situações ao prestar atenção aos sinais que seu filho te dá. Ofereça uma comida, sente com ele para uma soneca, faça uma atividade com ele antes que a birra apareça.

Ensine o seu filho

Ensine o seu filho a diferença entre o certo e o errado. Dê a ele opções para escolher: escolha entre a camiseta azul ou amarela, deixe-a comer laranja ou banana. Evite perguntas abertas e vagasm pois isso pode causar frustração.

Encoraje sua independência

Dê a seu filho liberdade dentro daquilo que lhe é permitido (e não perigoso) fazer e encoraje seus esforços. Ajude-o a passar pela frustração, ofereça suporte. Leve-0 para caminhar, deixe-o lidar com as emoções. Ensiná-lo agora irá evitar muitos conflitos e dificuldades futuras.

A terapia do abraço 

Essa terapia nada mais é do que abraçar seu filho com carinho quando a birra começar. Diga que compreende, que não fará todas as suas vontades, mas que estará sempre ao seu lado. Abraçe forte e com amor. E espere sua reação. Pode demorar um pouco, mas seu filho entederá que você o ama, mas não fará tudo que ele quer sempre. Isso o ajudará na construção do seu emocional e psicológico.

Meu filho ficará mimado? 

Ajudar seu filho não significa fazer todas as suas vontades, nem usar de artimanhas para conseguir algo: “se você parar de chorar eu te darei um doce”, ou “se você fizer isso eu deixo você ficar assistindo elevisão até tarde”. Ajudá-lo significa saber dizer não, sem dizer não. Ofereça outras opções, não foque na birra! Imponha limites responsáveis e seguros à criança. Uma criança dessa idade pouco sabe sobre “o que é perigoso”, ou “o que faz mal”, mas você sabe. Ensine-a e explique quantas vezes forem necessárias. Não damos facas ao nosso filhos, porque daríamos tudo que eles pedem, se sabemos que cada coisa tem sua hora e lugar, e muitas são até perigosas?

Se o seu filho está no meio da crise de birra, tenha paciência, ofereça conforto e neutralize o seu comportamento com amor e carinho. Evite usar a palavra “não”. Use outras formas de disciplina, como o redirecionamento (para outra atividade) ou o senso de humor. Evite também situações difíceis para a criança, como ir ao shopping no seu horário de soneca. Ao aceitar as mudanças que seu filho está passando, e mostrar amor e respeito, você o ajudará a passar por essa fase difícil.

Dr Greene, pediatra, escreve:

“Gosto de pensar como se fosse o processo de nascimento. O trabalho de parto é uma experiência muito intensa. Dor, após dor, e então produz algo lindo – um bebê nasce. As crises de birra e de comportamento aos 2 anos de idade são “dores de parto” na formação psicológica do seu filho: uma situação difícil, então outra, e como resultado temos o nascimento da sua personalidade. Esse momento é lindo (mas difícil), com um resultado que realmente vale a pena. “

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Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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