Alergia alimentar, alergia ao leite de vaca e intolerâncias no bebê amamentado

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Estou amamentando. Devo me preocupar com a minha alimentação? 

A maioria dos bebês não tem problemas com aquilo que a mamãe come.  A mãe não deve limitar sua alimentação durante a amamentação. O equilíbrio e o bom senso devem guiar sua alimentação, mas não há necessidade de você limitar sua alimentação a não ser que haja alguma reação óbvia no seu bebê, ou sabidamente alguma alergia alimentar. Não corte todos os alimentos

de uma vez, senão não saberá o que está causando o problema!

Não existe uma “lista de comidas que a mãe que amamenta deve evitar”. Cada bebê é único e reage de maneira diferente.

Até quando devo considerar a agitação/irritabilidade “normal” nos bebês? (Bebês “fussy”)

A agitação e irritabilidade (bebês “fussy”) é considerada normal para os bebês até certo ponto, e NÃO está relacionada à dieta da mãe. Irritabilidade isolada que acalma com amamentação, não está relacionada à alimentação ( e sim a um provável salto de crescimento!). Veja abaixo alguns sintomas associados ao bebê com alergia alimentar.

Possíveis sinais de alergia alimentar

Apenas uma pequena porcentagem de bebês “fussy” ou agitados terão de fato alergia alimentar. Alguns sinais são importantes para diferenciar alergia de uma agitação normal. Veja os sintomas que você deve ficar atento:

  • Irritabilidade após as mamadas, choro inconsolável por longos períodos
  • Agitação excessiva (fussy, em inglês)
  • Dificuldade para dormir ou acordar de repente com alguma dor ou desconforto
  • Histórico familiar positivo para alergia (asma, rinite, dermatite atópica e alergia alimentar) 
  • Exantema ou rash cutâneo, urticária, eczema 
  • Assadura que não melhora, pele seca ou tipo “lixa”
  • Chiado no peitocongestão nasal ou sintomas semelhantes a resfriado
  • Distúrbios gastrointestinais (diarréia e/ou constipação, distensão abdominal)
  • Vômitos após mamadas
  • Fezes com muco ou sangue
  • Dificuldade de ganho de peso e desnutrição 

A gravidade da reação ao alimento está diretamente relacionada com a quantidade do alimento que a mãe consome ou que o bebê é exposto.  Quanto maior a quantidade, mais grave a reação, e tende a piorar com o tempo. Alergia alimentar pode ocorrer dentro de minutos (reações graves), mas os sintomas no bebê que mama exclusivamente no peito pode demorar de 4 a 24h após a exposição, pois a quantidade presente no leite materno é muito menor do que se ingerisse o alimento diretamente.

Quais alimentos têm maior risco de causar alergia?

Os mais comuns são: leite de vaca e derivados, soja, trigo, ovo, milho, amendoim e castanhas. O leite de vaca é o alimento mais comum relacionado a alergia alimentar.

Quais alimentos têm maior risco de causar intolerância? 

  • Se a mãe é intolerante a esse alimento, como o leite por exemplo (veja a diferença entre intolerância a lactose e alergia ao leite)
  • Um alimento que a mãe recentemente comeu em grande quantidade
  • Um alimento novo (se os sintomas do bebê surgiram a partir dele)
  • Se algum alimento te faz mal, ou é indigesto, e você já o evita, pode também fazer mal para o bebê, sem necessariamente ser alergia.
  • Alimentos industrializados, frituras, salgadinhos e doces gordurosos ou ricos em açúcares, grãos, podem incomodar o bebê e provocar mais gases. ( Provavelmente se houver exagero você também irá sentir!)

Faça um diário alimentar e tente relacionar aos sintomas do bebê, isso pode ajudar a descobrir qual alimento está fazendo mal para o bebê.

O que fazer se um alimento específico parece ser um problema?

Se você acha que seu bebê está reagindo a um alimento em particular, converse com o seu pediatra. O diagnóstico de alergia alimentar deve ser feito pelo médico e você não deve fazer dietas mirabolantes sem orientação. Isso pode te levar até a uma restrição desnecessária!

Meu bebê tem intolerância a lactose? 

Se o seu bebê é sensível produtos com leite ou derivados é improvável que seja intolerância a lactose. Essa condição é rara em crianças, e muito mais comum em adultos. Veja a diferença entre APLV e intolerância a lactose no post.

Alergia a proteína do leite de vaca (APLV) 

Bebês com suspeita de APLV devem confirmar o diagnóstico com seu médico e de preferência deve ser acompanhada por especialista, um alergologista ou gastroenterologista pediátrico). O diagnóstico deve ser confirmado pelo especialista, pois muitas vezes trata-se apenas de cólica do bebê recém nascido, algum salto de crescimento ou bebê “fussy” devido a diminuição da produção de leite.

O tratamento de APLV consiste em eliminar todas as fontes de leite e derivados, e isso requer acompanhamento médico e do nutricionista, para que não haja carência de fonte de nutrientes importantes para a mamãe e bebê. Além disso, muitos dos sintomas podem persistir por semanas, mesmo com a dieta de exclusão feita corretamente.

Mais informações sobre APLV você encontra no post:

DICAS E RECOMENDAÇÕES PARA QUE TEM APLV

Doença do refluxo gastroesofágico 

Todos os bebês tem refluxo chamado fisiológico. Isso significa que é normal voltar um pouco de leite após as mamadas, e isso pode ser até em quantidades maiores. O que diferencia o refluxo fisiológico do patológico, também chamado de Doença do Refluxo gastroesofágico é o comportamento da criança. Se existe dificuldade de ganho de peso e altura, ou mesmo perda de peso, dor após as mamadas (diferente de cólica do bebê), converse com o seu pediatra. Veja mais sobre Doença do Refluxo no post.

Cólica do lactente 

Sim, até os 3 meses de vida, as vezes um pouco mais o bebê pode estar simplesmente sofrendo de cólicas, e ser completamente normal. Ficar excluindo alimentos da sua dieta, fazer medidas mirabolantes ou mesmo achar que é alguma doença não resolve! Converse com seu pediatra, e leia também os posts sobre cólica do bebê para entender melhor essa condição…

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Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências bibliográficas

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