Vacinação: tudo que você precisa saber – parte 1

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Chegamos a um tema muito pedido aqui no blog, a tal das vacinas. Será que devo fazer no público ou particular? Quais são as diferenças? Contra quais doenças elas protegem mesmo?

Vou falar um pouco de cada uma delas, e quais idades devem ser feitas, do nascimento até a adolescência. Felizmente, nos últimos 10 anos, várias vacinas foram acrescentadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), que são as vacinas dadas pelo SUS. Hoje pode-se dizer que o programa de vacinas do nosso país é um dos mais completos do mundo.

Crianças prematuras seguem o calendário com algumas particularidades, bem como crianças com alguma imunodeficiência primária ou adquirida. Essas serão faladas mais pra frente. O pediatra que acompanha a criança deve estar atento a essas questões.

Vamos ver então sobre cada uma delas?

Do nascimento a 1 mês de vida

BCG

Vacina contém o bacilo de Calmette & Guérin atenuado. Feita ainda na maternidade, logo após o nascimento. É aplicada via intradérmica, no braço direito da criança. A dose é única.

Protege somente contra as formas graves de tuberculose, como tuberculose disseminada ou neurotuberculose. Após 2 a 3 semanas ocorre uma reação local, como se fosse uma ferida que logo cicatriza. Caso não ocorra nenhuma reação e não forme cicatriz, deve ser reaplicada em 6 meses. Crianças com imunodeficiência devem ter orientação do médico antes de receber a vacina.

SUS x particular: sem diferenças

Hepatite B – HepB

Feita de uma parte do vírus que causa a doença. Protege contra a infecção pelo vírus da Hepatite B. É segura e eficaz, não costuma dar reação. Esquema de 3 doses, com 0, 2 e 6 meses de vida, para garantir uma proteção adequada. Prematuros recebem uma dose a mais com 4 meses.

SUS x particular: primeira dose feita isolada (sem outras vacinas), portanto sem diferença.

2 meses

Hepatite B

Segunda dose, esquema 0, 2 e 6 meses, vide acima.

DTP/DTPa – Difteria, Tétano e Pertussis (tríplice bacteriana)

Protege contra difteria (crupe), tétano e coqueluche (a doença da tosse comprida!). A vacina contém o toxóide diftérico e o toxóide tetânico, e o componente inativado da bactéria pertussis. Essa vacina é feita aos 2, 4 e 6 meses, um reforço com 15 meses e outro com 4 anos. Gestantes também devem tomar essa vacina, com o esquema completo caso não tenham tomado, ou o reforço.

SUS X particular: O SUS disponibiliza a vacina DTP, que tem o componente inativado da bactéria pertussis, responsável por reações como febre, dor, choro inconsolável e hipoatividade. Outras reações adversas mais raras podem ocorrer, como a convulsão. O particular tem a vacina DTPa, com 3 antígenos de pertussis purificados (acelular). Sua eficácia é semelhante à DTP e costuma dar menos reações adversas ou muito mais leves quando presente.

Hib – Haemophilus influenzae

Protege contra doenças como meningite, pneumonia e epiglotite (inflamação da glote, com falta de ar intensa e grave) pela bactéria Haemophilus tipo B. A vacina é composta por partes da bactéria conjugadas a uma proteína. Devem ser administradas 3 doses com 2,4 e 6 meses, e um reforço com 15 meses, juntamente com a DTP.

SUS x particular: sem grandes diferenças, porém como é feita juntamente com a vacina DTP/DTPa e HepB, quando opta-se por fazer em um lugar, é feita junta com as outras vacinas.

VOP/VIP – Poliomielite oral ou inativada

Protege contra a paralisia infantil. Existem dois tipos de vacina: a Sabin (VOP), produzida com o vírus vivo atenuado, em gotinha por via oral, e a Salk (VIP), produzida com o vírus inativado, dada por via intramuscular. As duas primeiras doses, aos 2 e 4 meses, devem ser feitas obrigatoriamente com a vacina inativada (VIP). A recomendação para as doses subsequentes é que sejam feitas preferencialmente também com a vacina inativada (VIP).

As doses de VOP podem ser administradas na rotina ou nos Dias Nacionais de Vacinação. Crianças podem receber doses adicionais de vacina VOP nas campanhas, desde que já tenham recebido pelo menos duas doses de VIP anteriormente. Deve ser administrada aos 2, 4 e 6 meses de vida, com reforço aos 15 meses e depois 4 a 6 anos.

SUS x particular: Há pouco tempo foi implementado a vacina Salk (vírus inativado) para as vacinas feitas no SUS, porém somente as 2 primeiras doses. Depois a dose aos 6 meses e os reforços e campanhas são vacinadas com vírus vivo atenuado. No particular, a vacina é sempre a Salk, com vírus inativado, o que exclui o risco do desenvolvimento de pólio vacinal. A pólio vacinal consiste no desenvolvimento de poliomielite secundário à vacina. Como foram raríssimos os casos (1 em 1 bilhão de pessoas), considera-se o benefício maior que o risco. O fato de o SUS ter implementado a vacina inativada nas duas primeiras doses diminui muito o risco do desenvolvimento da doença pela vacina.

Por isso, só dê a gotinha da campanha para seu bebê maior de 4 meses! A campanha tem o intuito também de atualizar o cartão vacinal da criança.

Pneumocócica conjugada (Pneumo-10 ou Pneumo-13)

Protege contra vários sorotipos da bactéria pneumocócica, que causa doenças como meningite e pneumonia.

A vacina conjugada é assim chamada pois é composta de polissacarídeos com vários sorotipos da bactéria, conjugada a uma proteína, os adjuvantes da vacina, que conferem à vacina uma proteção duradoura, pois desenvolve a memória imunológica. Administrada aos 2, 4 e 6 meses, com um reforço entre 12 e 15 meses.

SUS x particular: o particular oferece a vacina 13-valente, que protege contra 13 sorotipos do pneumococo, enquanto a do SUS é 10-valente e protege contra 10 sorotipos.

 

Vacina Hexavalente: combinação das 4 vacinas: Hepatite B, DTPa, Hib e VIP. Como foi dito acima, costuma dar menos reações pois a DTPa é acelular! Essa vacina está disponível só no particular e é feita numa picada só.

 

Vacina Pentavalente: combinação das 3 vacinas: Hepatite B, DTP e Hib. A VIP é dada à parte na rede pública (SUS). São 2 picadas. Costuma dar mais reação pois a DTP é celular.

Rotavírus

O rotavírus é o grande causador de diarréia nessa faixa etária. A vacina é o vírus vivo atenuado, e é em gotinha. Deve ser dada em 2 doses, se for a monovalente oferecida pelo SUS, ou em 3 doses, se for a pentavalente disponível no particular. O intervalo mínimo entre as doses é de 1 mês. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar logo após receber a vacina, não se deve repetir a dose. Recomenda-se completar o esquema da vacina do mesmo laboratório produtor.

SUS x particular: No SUS a vacina é monovalente e protege contra apenas um sorotipo do vírus. O esquema vacinal deve ser aos 2 e 4 meses, com início no mínimo 1 mês e meio, e no máximo 7 meses.

No particular, a vacina é pentavalente e protege contra 5 sorotipos. O esquema vacinal é em 3 doses, aos 2, 4 e 6 meses.

 

# 3 meses

 Meningocócica conjugada – MenC

A vacina meningocócica protege contra doenças graves como meningite e meningococcemia, responsável por uma grande número de mortes em crianças, ou causadora de sequelas graves. A vacina disponível no Brasil para crianças no primeiro ano de vida é a vacina meningocócica C conjugada.

A vacina ACWY conjugada ao toxóide tetânico (ACWY-TT) está licenciada a partir de 12 meses de idade e a vacina meningocócica ACWY conjugada ao mutante diftérico (ACWY-CRM) está licenciada a partir de 2 anos de idade.

A vacina conjugada é assim chamada pois é composta de polissacarídeos com vários sorotipos da bactéria, conjugada a uma proteína, os adjuvantes da vacina, que conferem à vacina uma proteção duradoura, pois desenvolve a memória imunológica. O esquema vacinal são duas doses, aos 3 e 5 meses, com um reforço entre 12 e 15 meses.

SUS x particular: É a mesma vacina, no SUS ou particular.

 

É recomendado que tenha uma dose de reforço após 5 anos, e depois uma nova dose na adolescência, pois o número de anticorpos associados à proteção diminui.

 

Novidade!

Meningocócica B recombinante

Para saber mais sobre essa vacina veja o post de vacina contra meningococo B.

Protege contra o Meningococo B, causador de meningite bacteriana. Por ser uma vacina recentemente aprovada aqui no Brasil, tem somente no particular. Como é o esquema vacinal? São 3 doses com 3, 5 e 7 meses, e um reforço entre 12 e 23 meses. Para crianças entre 6 meses a 1 ano, fazer 2 doses com intervalo de 2 meses e um reforço aos 2 anos. Após 1 ano, fazer 2 doses, com intervalo de 2 meses. Para adolescentes e adultos, 2 doses são recomendadas, com intervalo mínimo de 1 mês.

·         Não há dados disponíveis para adultos acima de 50 anos de idade.

·         Não se conhece a duração de proteção conferida pela vacina.

# 4 meses

São as mesmas vacinas dos 2 meses, segunda dose de cada uma, veja acima!

# 5 meses

Segunda dose da vacina meningocócica C conjugada e Meningococica B recombinante, veja a explicação acima!

# 6 meses

 Existem algumas diferenças no SUS e no particular, além da vacina da Influenza para gripe, com a primeira dose feita aos 6 meses. Vamos ver?

SUS: terceira dose da vacina pentavalente, que corresponde a difteria, tétano e pertussis celular (DTP), haemophilus tipo B (Hib) e a Hepatite B (HepB). Elas são conjugadas todas numa vacina só. A vacina contra poliomielite não é inativada, mas sim atenuada, dada na forma de gotinha! (vide acima para ver explicação de cada uma delas!)

Pentavalente = DTP+Hib+Hep B.

Poliomielite: gotinha

Pneumocócica 10-valente: realizada a terceira dose, protege contra o pneumococo causador de pneumonia e meningite. (vide acima para maiores explicações)

Particular: terceira dose da vacina Hexavalente: vacina contra difteria, tétano e pertussis acelular – DTPa (esse é o diferencial, como explicado anteriormente), Haemophilus tipo B (Hib), Hepatite B (HepB) e poliomielite inativada (outro diferencial, é injeção e o vírus é inativado, ou seja, morto). A vacina Hexavalente conjuga todas essas vacinas numa só picada.

Pneumocócica 13-valente: terceira dose da vacina. protege contra 13 sorotipos do pneumococo, ou seja 3 sorotipos a mais do que a 10-valente.

Rotavírus: pacientes vacinados no particular com a vacina pentavalente para rotavírus tem uma dose adicional aos 6 meses.

Influenza

Protege contra o vírus Influenza da gripe. Está indicada para todas as crianças a partir dos 6 meses de idade. Esquema vacinal: A primeira vacinação da criança deve ser feita em 2 doses, com intervalo de 1 mês, depois 1 única dose, uma vez por ano. Como é uma doença sazonal, ela é aplicada na época da campanha.

SUS x particular: sem grandes diferenças. O particular oferece a vacina da gripe trivalente (3 sorotipos), e o particular a vacina tetravalente (4 sorotipos).

Essas são as vacinas até os 6 meses de idade. No próximo post falarei sobre as vacinae 6 meses em diante, não percam!

Ufa! Finalmente acabamos (a primeira parte!). O calendário vacinal do seu filho está completo? Sempre tire todas as suas dúvidas com o pediatra! Não deixe de vacinar o seu filho!

Para Download: 

calendario- vacinal 2015

calendário vacinal sbim crianca-0-10 anos atualizado

calendario do Programa Nacional de Imunização 2015 (SUS) , dra kelly oliveira, pediatrai descomplicada, vacinação, vacinação na criança, vacinação no bebê

Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉

Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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*As informações dadas aqui não substituem a consulta médica. Se houver dúvida o médico deverá ser consultado.

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