Asma e bronquite: perguntas e respostas

criança asma, pediatria descomplicada, dra Kelly Oliveira, perguntas e respostasOlá queridos papais e mamães,

Hoje farei o fechamento desse tema que é  tão importante entendermos e desmistificarmos aqui. Agradeço muito todos os comentários e participações aqui no blog.

Falarei um pouco sobre o antileucotrieno chamado Montelucaste,seu mecanismo de ação  e efeitos. É importante saber que existem outros medicamentos utilizados para o tratamento da asma, como os corticosteróides inalatórios associados aos beta-agonistas de longa duração, como o Seretide, que são amplamente utilizados com eficácia comprovada. Entretanto,  procurei abordar os mais comuns utilizados em crianças e apresentar e explicar cada um.  Como a idéia é não esgotar o tema,mas apresentá-lo e desmistificá-lo aos pais; com certeza voltaremos a falar dele.

Vamos então as perguntas e respostas sobre asma!

A asma tem cura?

Ainda não há cura para a asma, mas com diagnóstico correto, tratamento e educação, o paciente pode obter o controle da doença, ter uma redução do risco de novas crises, o que garante uma boa qualidade de vida.

 

Como é possível controlar os sintomas da asma?

Nas crises agudas são necessários medicamentos que abrem rapidamente os brônquios para que o ar passe livremente para o pulmão. São os broncodilatadores, que podem ser veiculados através de nebulizações ou aerossóis dosimetrados, popularmente conhecidos como “bombinhas”. Pessoas com sintomas persistentes devem fazer uso diário da medicação para controlar a inflamação subjacente, prevenir os sintomas e exacerbações. É importante saber que a medicação não é a única forma de controle da asma.  Evitar exposição a estímulos que irritam ou inflamam as vias aéreas também é fundamental. Em pessoas com sintomas persistentes de asma, a falta de tratamento implica em risco de complicações e em alguns casos pode levar à morte.

 

O que causa a asma?

As causas fundamentais da asma ainda não são completamente compreendidas. Em todo o mundo, inclusive no Brasil, há grandes investimentos em pesquisa na tentativa de esclarecer esta questão de forma a permitir o desenvolvimento de estratégias eficientes de prevenção. Os fatores de risco para a asma são uma combinação de predisposição genética, infecções respiratórias e exposição ambiental a substâncias e partículas inaladas que podem provocar reações alérgicas ou irritar as vias aéreas, tais como:

* alérgenos domiciliares (por exemplo, ácaros da poeira doméstica, fungos e pêlos de animais)

* alérgenos exteriores (tais como pólens, fungos e pêlos de animais)

*  fumaça de cigarro e outros tipos de fumaça

*  poluição do ar ou exposição a irritantes químicos

Alguns estímulos podem desencadear as crises, embora não sejam os causadores da asma, como a exposição ao ar frio, excitação emocional extrema, odores fortes, exercício físico e uso de certos medicamentos (aspirina e outros anti-inflamatórios não-esteróides, beta-bloqueadores – usados no tratamento da hipertensão, doenças cardíacas, enxaqueca e colírios para glaucoma).

 

Quais são os cuidados em relação ao ambiente?

  1. Deixar os cômodos da casa com as janelas e portas abertas sempre que possível;
  2. Manter os quartos bem arejados e ensolarados. Evitar móveis e objetos desnecessários que possam juntar pó. As cortinas devem ser leves e lavadas frequentemente;
  3. Remover tapetes e carpetes. O chão deve ser de material liso;
  4. Conservar todas as roupas, livros e objetos em armários de portas fechadas;
  5. Limpar os cômodos com pano úmido (principalmente beiradas da cama e cantos do quarto);
  6. Evite levantar muito pó. Não utilizar vassouras e espanadores. Aspiradores de pó comuns só devem ser usados quando a pessoa com asma não estiver em casa, pois eles também levantam poeira;
  7. A cama deve estar afastada da parede do quarto;
  8. Evitar roupas e cobertores de lã ou com pêlos. Os agasalhos recomendados são os de malha, moleton, nylon, couro, de acordo com a temperatura, sem excessos;
  9. Não permanecer em cômodos úmidos e fechados. Evitar mexer com papéis, roupas e objetos guardados por muito tempo;
  10. Evitar ter animais com pêlos ou penas dentro de casa.

 

Com que idade a asma se manifesta?

A asma pode se iniciar em qualquer idade, embora cerca de metade das pessoas portadoras da doença apresentem seus primeiros sintomas antes dos 6 anos.  Uma pequena parcela apresenta asma depois dos 10 anos, mas é comum que a asma que ocorre na infância desapareça na adolescência e retorne na vida adulta.

Os sintomas da asma são piores em pessoas mais velhas?

Não necessariamente, mas a asma pode ser mais grave entre os idosos. Uma pessoa idosa com doença cardíaca, diabetes, hipertensão ou outras doenças associadas pode ter mais dificuldade em uma crise de asma do que um jovem. Mal tratada, a asma pode piorar com a idade e os pulmões podem não voltar mais ao normal, nem mesmo com o tratamento adequado.

 

Quais são os sinais de uma crise de asma?

Durante uma crise de asma, o paciente terá dificuldade de respirar, pois ocorre um processo conhecido como broncoespasmo, causado pelo aperto dos músculos que circundam as vias aéreas, tornando-as mais estreitas. O paciente tem a sensação de aperto no peito, falta de ar e pode surgir chiado e tosse.

 

As infecções podem provocar asma? 

Sim, infecções respiratórias virais, tais como a gripe e o resfriado, podem desencadear sintomas de asma, principalmente em crianças. Pacientes com asma devem evitar contato com pessoas que estão com alguma infecção respiratória.

 

A asma pode piorar se o paciente está triste ou preocupado?

Sim. Mas é importante saber que nem todas as pessoas com asma pioram quando estão tristes ou preocupadas. Embora a asma não seja causada por uma condição psicológica, o estresse emocional pode desencadear os sintomas.

 

Uma pessoa pode morrer de asma?

Pode sim, mas a maioria das mortes por asma ocorre em pessoas que não recebem tratamento adequado.

 

O paciente pode deixar de usar o medicamento se sentir melhora dos sintomas?

O uso correto da medicação preventiva é a chave para o controle da asma persistente. A decisão de reduzir ou suspender o medicamento deve ser tomada com o auxílio do médico.

 

Quando e por que os corticóides são usados?

Os comprimidos ou injeções de corticóides podem ser indispensáveis para tratar crises de asma. O uso desses medicamentos por períodos curtos – até uma semana- tem poucos efeitos colaterais, já o tratamento a longo prazo pode causar efeitos colaterais significativos. Estes riscos são evitados se for adotado o uso os corticóides inalatórios, que  permitem o controle da asma a médio e longo prazo.

 

Corticóides inalatórios causam efeitos secundários a longo prazo?

Os corticóides inalatórios também podem ter alguns efeitos colaterais em algumas pessoas mais vulneráveis, especialmente quando usados em dose alta e sem cuidado. O efeito colateral mais comum é uma infecção fúngica na boca ou garganta (conhecida como sapinho – candidíase oral) ou rouquidão. Isso é facilmente tratado e pode ser prevenido com bochechos e gargarejos com água após a inalação. Com o uso desses medicamentos, podem ocorrer outros efeitos colaterais muito raros se comparados aos riscos elevados dos administrados por via oral por tempo prolongado. Qualquer preocupação sobre este assunto deve ser discutida com seu médico.

O que é e o que faz o Montelucaste (também  conhecidos como Singulair, Montelair e Piemonte)?

Representam a primeira nova classe de medicamentos que surgiram após os corticosteróides inalatórios, podendo modular a inflamação. Estas drogas podem agir de duas formas: bloqueio dos receptores ou bloqueio da 5-lipoxigenase

Os antileucotrienos diminuem a broncoconstrição induzida por leucotrieno, a resposta ao alérgeno na fase imediata e tardia, a hiperreatividade brônquica e a secreção de muco. O efeito broncodilatador é pequeno, devendo ser utilizados como medicação de manutenção em asma leve persistente, em pacientes que tenham dificuldade de utilizar a medicação por via inalatória.

Foi observada também  ação em asma induzida por exercício e asma por AAS. Podem também ser utilizados em combinação com a terapêutica inalatória com corticosteróides na asma moderada e em combinação com outras medicações na asma grave, como medicação poupadora de corticosteróide. Os antileucotrienos reduzem as necessidades de medicação de alívio e melhoram a função pulmonar.
Num estudo observou-se que o tratamento com dose única de montelucaste em crianças asmáticas atenuam a resposta mediata e tardia do broncoespasmo induzido por exercício.

Deve-se observar que os antileucotrienos podem elevar as enzimas hepáticas, que devem ser monitorizadas de rotina.

Existe algum tipo de atividade física que seja mais adequada para as pessoas com asma?

O exercício aeróbico regular é muito bom para a saúde em geral. Especialmente para quem tem asma, o exercício pode contribuir para a reabilitação do paciente. Se houver alguma limitação, com o surgimento de sintomas desencadeados pelo exercício, é preciso rediscutir com o médico o tratamento para que se consiga realizar atividades físicas sem desconforto.

 

Como posso evitar a asma induzida por exercício?

A melhor maneira de evitar a asma precipitada pelo exercício é certificar-se que ela está devidamente controlada. O tratamento adequado previne os sintomas relacionados ao exercício.

 

Existe uma boa técnica de respiração para usar quando os sintomas de asma pioram?

Há algumas técnicas de respiração que são úteis. Sentar em uma cadeira de frente para o encosto com os braços apoiados, ou ficar em pé apoiando os braços sobre uma mesa. Em seguida, inspirar e expirar calmamente com os lábios ligeiramente fechados. O fisioterapeuta ou o médico podem fornecer mais informações sobre estas técnicas.

Obrigada mamães  por ficarem comigo até  o final dessd tema, que preocupa tantos os pais e prejudica tanto nossos pequenos! Continuem mandando suas experiências  e duvidas, obrigada por todos que tem participado aqui no blog!

 

Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉

Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências Bibliográficas

  • Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma – 2012
  • Pocket Guide for Asthma Management and Prevention (Fir Children 5 years and younger) – 2014, Global Initiative for Asthma
  • Global Strategy for Asthma Management and Prevention – 2014, Global Initiative for Asthma

 

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