Asma e bronquite na criança: prevenção e tratamento

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Olá queridos papais e mamães,

Hoje em mais uma série sobre problemas respiratórios, falarei sobre prevenção e tratamento da asma.

Uma vez identificado que a criança tem asma (ou bronquite como queira chamar), devemos partir para um plano de tratamento. O paciente com asma pode e deve viver como uma criança normal, sem nenhuma limitação, e esse é o objetivo do tratamento. A criança com asma que não brinca, não corre e não toma banho de piscina ou de mangueira porque sente falta de ar, não está com um bom controle da doença! Existe um mito e um medo muito grande da criança ser asmática, uma vez feito e confirmado o diagnóstico, os pais querem colocá-la numa bolha…por favor não faça isso. Uma criança com asma bem controlada é uma criança normal e sem limitações. Se isso não está acontecendo, procure o pediatra para que possa orientá-la a como chegar nisso.

Os medicamentos inalatórios são o pilar da terapia para asma, e são absorvidos de duas maneiras diferentes. O primeiro é um nebulizador, que é uma máquina que emite ar humidificado combinada com a medicação. A criança inala o ar através de uma máscara e o medicamento é absorvido nos pulmões.

A outra maneira de receber a medicação inalada é através de “inaladores de dose calibrada” (IDC). São as famosas “bombinhas” que a maioria das pessoas está familiarizada. A medicação é pulverizada diretamente na boca, acoplada a uma engenhoca chamada de “espaçador”, que ajuda a garantir que o medicamento atinja diretamente os pulmões. Usando a bombinha sem o espaçador, somente metade da medicação vai para os pulmões. Um desperdício de dinheiro, além do risco da criança estar sendo submedicada. Em geral, os IDCs (em oposição a nebulizadores) são mais práticos e fáceis de administrar, desde que orientado corretamente, e  portanto, são a modalidade de escolha em pediatria.

Veja na imagem abaixo com o espaçador é usado

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Quais são os remédios mais usados?

Os dois grupos mais comuns de medicamentos são os medicamentos preventivos, onde o corticosteroide inalatório é o principal medicamento, e os beta agonistas, o Salbutamol (ou Aerolin®) ou o Fenoterol (ou Berotec® como é mais conhecido) são os medicamentos de resgate, ou seja, para quando houver a crise.

Os corticosteróides inalatórios são usados todo dia, se a criança tem sintomas ou não, para prevenir futuros episódios de sibilância (o chamado “chiado no peito”). Funciona como um “protetor solar” para os pulmões. A criança utiliza todos os dias para evitar problemas futuros.

Os beta-agonistas são como o Aloe vera, que acalma a queimaduras solares, uma vez que isso acontece. O Salbutamol é o beta-agonista mais utilizado. Ele age relaxando os músculos das vias aéreas nos pulmões, deixando-os abertos para que o ar possa entrar e sair livremente. Os efeitos do Salbutamol são de curta duração. Ele precisa ser dado novo e de novo, normalmente a cada quatro horas, até que os sintomas desapareçam. O Aloe Vera (com o Salbutamol para os pulmões), nos faz sentir melhor após a queimadura, mas não previnem episódios futuros. Somente o protetor solar – os corticosteróides inalados – podem fazer isso.

Alguns pais se assustam com a palavra “esteróides”, pois nos vem à mente atletas tomando bomba, fazendo o consumo ilegal delas, apenas para aumentar os músculos. Tenha certeza de que os corticosteróides não são a mesma coisa.

Existem estudos que dizem que o uso crônico com doses elevadas de corticosteróides podem afetar a altura do seu filho, levando ao retardo temporário do crescimento. Entretanto uma criança asmática que vive constantemente internada e tem limitações da sua atividade física, toma frequentemente corticosteroide oral (o famoso Predsin® ou Prelone®), que é muito mais prejudicial para o corpo do que os corticosteroides inalatórios. Estes, em doses mais baixas, tem uma absorção muito mais local (somente no pulmão), do que no corpo todo ( como o corticosteroide sistêmico), com muitos menos efeitos colaterais.

Fora que a limitação das atividades de uma criança que está em pleno desenvolvimento é muito pior do que usar um medicamento  contínuo que permitirá que ela tenha uma vida normal! Além disso a altura final de uma criança que usa esse tipo de medicação será pouquíssimo afetada. É importante também lembrar que os efeitos colaterais dos corticosteróides são consideravelmente menos graves do que os efeitos colaterais da asma mal controlada – o que inclui déficit de crescimento final e crises recorrentes, com risco de morte.

Pra resumir a história, no final, se colocarmos numa balança os riscos e benefícios de usar a medicação, ganham os benefícios em detrimentos dos riscos de não usá-la….

Medidas de Prevenção 

Desencadeadores são coisas que fazem a asma piorar ou podem provocar um ataque de asma – definidos como qualquer alteração aguda com a presença de sintomas que interrompam a rotina normal do seu filho ou requer alguma intervenção médica.

Abaixo coloco um quadro de medidas que comprovadamente melhoram o controle da asma e reduzem a necessidade de medicação, e você pode começar a colocá-la em prática agora mesmo! Essa tabela vale para crianças e adultos asmáticos.

Fator de risco Estratégia
Tabagismo ativo e passivo Evitar fumaça do cigarro. Asmáticos não devem fumar. Familiares de asmáticos não deveriam fumar.
Medicações, alimentos e aditivos Evitar se forem sabidamente causadores de sintomas.
Exposição ocupacional (no trabalho) Reduzir ou, preferencialmente, abolir (contato com substância que possivelmente desencadeia a crise de asma)

 

Fator de risco Estratégia
Ácaros Lavar a roupa de cama semanalmente e secar ao sol ou calor. Uso de fronhas e capa de colchão antiácaro. Substituir carpete por outro tipo de piso, especialmente nos quartos de dormir. O uso de acaricidas deve ser feito sem a presença do paciente.
Pêlos de animal doméstico A remoção do animal da casa é a medida mais eficaz. Pelo menos, bloquear o acesso do animal ao quarto de dormir. Lavar semanalmente o animal.
Baratas Limpeza sistemática do domicílio. Agentes químicos de dedetização (asmáticos devem estar fora do domicílio durante a aplicação). Iscas de veneno, ácido bórico e armadilhas para baratas são outras opções.
Mofo Redução da umidade e infiltrações. Pólens e fungos ambientais. Evitar atividades externas no período da polinização.
Poluição ambiental Evitar atividades externas em ambientes poluídos

Uma vez sabendo como é o tratamento da asma, como evitar os fatores desencadeantes, podemos cuidar melhor dos nossos pequenos, e permitir que eles tenham uma vida completamente normal!

Por isso, se seu filho tem asma / bronquite, ou se você suspeita que ele tenha, procure o pediatra.

Se você gostou, deixe seu comentário, dúvida ou sugestão.

Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉

Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Veja outras dicas  em:

 

Referências Bibliográficas

  • Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma – 2012
  • Pocket Guide for Asthma Management and Prevention (Fir Children 5 years and younger) – 2014, Global Initiative for Asthma
  • Global Strategy for Asthma Management and Prevention – 2014, Global Initiative for Asthma

image credits: http://getwellhere.com/wp-content/uploads/2013/11/asthma.jpg

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