Amamentação: perguntas e respostas

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olá mamães, hoje em mais uma série  sobre amamentação, vou abordar algumas dúvidas frequentes relacionadas ao tema.

A idéia é não esgotar o tema num primeiro momento, outras perguntas e dúvidas frequentes que as mamães tem vou esclarecer ao longo dessa série. Não perca!

Quantas vezes devo dar de mamar ao meu bebê?

A criança deve ser amamentada sem restrições de horários e de tempo de permanência na mama. Chamamos de amamentação em livre demanda. Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com freqüência e sem horários regulares. No geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia (haja ânimo!), mesmo porque nessa fase o bebê cresce rapidamente. Muitas mães, principalmente as que estão inseguras e as com baixa auto-estima, costumam interpretar esse comportamento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou pouco leite, o que pode resultar na introdução precoce e desnecessária de suplementos. Então mamãe, fique tranquila, o bebê vai mamar mesmo…

 

O tamanho das mamas influencia na produção do leite?

O tamanho das mamas não altera a produção de leite, uma vez que a produção relaciona-se a demanda. Quanto mais o bebê mama no peito, de maneira efetiva, mais a mãe produz. Entretanto, o tamanho  pode exercer alguma influência no número de mamadas da criança por dia. As mulheres com mamas mais volumosas têm uma maior capacidade de armazenamento de leite e por isso podem ter mais flexibilidade com relação à frequência das mamadas . Já as mulheres com mamas pequenas podem necessitar amamentar com mais freqüência devido a sua pequena capacidade de armazenamento do leite . No entanto, o tamanho da mama não tem relação com a produção do leite, ou seja, as mamas grandes e pequenas em geral têm a capacidade de secretarem o mesmo volume de leite em um dia.

Por isso mamães, não fiquem encanadas se sua mama é pequena, só pode dar um pouco mais de trabalho…descanse quando o seu bebê descansar e aproveite esse momento!

Quanto tempo o bebê deve mamar?

O tempo que cada bebê mama não deve ser fixado, pois o tempo necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre outros. O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada ( o leite posterior), que é mais calórico, promovendo a sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das mamas é importante também para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da produção de leite suficiente para atender às demandas do bebê.

Como saber se o bebê está mamando de forma satisfatória?

A melhor forma de avaliar se o bebê mama adequadamente é avaliando alguns parametros: ganho de peso, número de fraldas molhadas e número de fraldas sujas. Veja a tabela abaixo.

Do nascimento até 6 semanas

Ganho de peso 

 Se o bebê está ganhando adequadamente somente com o leite materno, então o bebê está ganhando o suficiente. É normal ocorrer uma perda do peso de 5-7% nosp rimeiros 3 a 4 dias apos o nascimento. O bebê deve recuperar o peso de nascimento em torno de 10 a 14 dias. A partir do dia 5, a taxa de ganho de peso fica em torno de 25 a 30g por dia. Em media 200g por semana. Se esse alvo não está sendo atingido, procure o pediatra.

Fraldas molhadas 

 Em média 6 ou mais fraldas molhadas por dia, a partir do 4 dia.    Espere 1 fralda molhada no primeiro dia, aumentando para 6 ou mais até o quarto dia. Para saber mais ou menos quanto é uma diurese adequada, coloque 45ml de água numa fralda seca. Se o bebê urinar com mais frequência, a quantidade pode ser menor. A urina deve ser clara e sem cheiro forte.

Fralda sujas 

Em média 3 a 4 fraldas sujas por dia ou mais, a partir do dia 4.
As fezes devem ser amareladas (sem ser mecônio) a partir do 5 e de 2,5cm de diâmetro ou maior. As fezes de um bebê amamentado normalmente é amarelo, de consistencia pastosa para aguada)
Outros sinais positivos

Após amamentar, as mamas estão macias, mais leves e o bebê parece satisfeito. O bebê é ativo, alerta e está se desenvolvendo adequadamente.

 

Uso da mamadeira

Se o bebê está somente no seio materno, não usar água, chás e principalmente outros leites (fórmula e afins, salvo sob prescrição médica). Há evidências de que o seu uso está associado com desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil.

A mamadeira, além de ser uma importante fonte de contaminação, pode influenciar negativamente a amamentação. Observa-se que algumas crianças, depois de experimentarem a mamadeira, passam a apresentar dificuldade quando vão mamar no peito. Chamamos essa dificuldade de “confusão de bicos”, gerada pela diferença marcante entre a maneira de sugar na mama e na mamadeira. Nesses casos, é comum o bebê começar a mamar no peito, porém, após alguns segundos, largar a mama e chorar. Como o leite na mamadeira flui abundantemente desde a primeira sucção, a criança pode estranhar a demora de um fluxo maior de leite no peito no início da mamada, pois o reflexo de ejeção do leite leva aproximadamente um minuto para ser desencadeado e algumas crianças podem não tolerar essa espera.

Isso não significa que o leite da mamadeira é melhor, nem que o seu leite é ruim, mas uma vez que foi iniciada a mamadeira, isso poderá acontecer.

Não há dúvidas de que a suplementação do leite materno com água ou chás nos primeiros seis meses é desnecessária, mesmo em locais secos e quentes.
Mesmo ingerindo pouco colostro nos primeiros dois a três dias de vida, recém-nascidos normais não necessitam de líquidos adicionais além do leite materno, pois nascem com níveis de hidratação tecidual relativamente altos.

 

Uso da chupeta

A chupeta não deve ser usada pois pode interferir negativamente na duração do aleitamento materno, entre outros motivos. Crianças que chupam chupetas, em geral, são amamentadas com menos freqüência, o que pode comprometer a produção de leite.

Não há dúvidas de que o desmame precoce ocorre com mais freqüência entre as crianças que usam chupeta, porém os mecanismos envolvidos nessa associação não são totalmente conhecidos . É possível que o uso da chupeta seja um sinal de que a mãe está tendo dificuldades na  amamentação ou de que tem menor disponibilidade para amamentar.

Além de interferir no aleitamento materno, o uso de chupeta está associado a uma maior ocorrência de candidíase oral (sapinho), de otite média e de alterações do palato. A comparação de crânios de pessoas que viveram antes da existência dos bicos de borracha com crânios mais modernos mostra que também existe o efeito nocivo dos bicos na formação da cavidade oral.

 

Aspecto do leite

Como as mamães são preocupadas com o aspecto de seu leite! Acham que, por ser transparente em algumas ocasiões, o leite é fraco e não sustenta a criança. Ficam encanadas e logo pensam em dar outro leite que não o seu. Esqueça isso mamãe! Saiba que a cor do leite varia ao longo de uma mamada e também com a dieta da mãe.
O leite do início da mamada, o chamado leite anterior, pelo seu alto teor de água, tem aspecto semelhante ao da água de coco. Porém, ele é muito rico em anticorpos, que defendem o seu bebê contra inúmeras doenças! Já o leite do meio da mamada tende a ter uma coloração branca opaca devido ao aumento da concentração de caseína. E o leite do final da mamada, o chamado leite posterior, é mais amarelado devido à presença de betacaroteno, pigmento lipossolúvel presente na cenoura, abóbora e vegetais de cor laranja, provenientes da dieta da mãe. O leite pode ter aspecto azulado ou esverdeado quando a mãe ingere grande quantidade de vegetais verdes. O leite posterior é também o leite mais gorduroso e mais calórico, por isso é tão importante que o bebê esvazie a mama. Ele é o maior responsável pelo ganho de peso do bebê. Pode ocorrer a presença de sangue no leite, dando a ele uma cor amarronzada. Esse fenômeno é passageiro e costuma ocorrer nas primeiras 48 horas após o parto. É mais comum em mamães de primeira viagem adolescentes e mulheres com mais de 35 anos, devido ao rompimento de capilares provocado pelo aumento súbito da pressão dentro dos alvéolos mamários na fase inicial da lactação. Nesses casos, a amamentação pode ser mantida, se houver náuseas ou vômitos na criança podem exigir cuidados específicos e o pediatra deve ser consultado.

Maiores informações sobre tipos de leite e vantagens da amamentação, veja nos posts listados abaixo.

Existe então leite fraco?

Não, não existe leite fraco! É comprovado que mesmo mulheres africanas desnutridas conseguiam amamentar os seus bebês de maneira adequada, apesar das condições. Existem inúmeras razoes para que o bebê está chorando, e não está mamando adequadamente. Se o seu bebê está mamando exclusivamente no peito e não está ganhando peso adequadamente, consulte o pediatra.

Existe pouco leite?

Existe sim! O leite é produzido de acordo com a demanda do bebê. Bebês sonolentos, que sugam pouco ou que não estão sugando adequadamente, técnica incorreta de amamentação, suplementar o leite materno com leite de fórmula, mães submetidas a estresse muito grande, podem ter uma diminuição da sua produção. Quanto mais o bebê mamar, e da forma correta,  a produção aumentará.

Se você mamãe acha que não está produzindo leite adequadamente, procure o pediatra.

 

Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉

Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Veja outras dicas sobre amamentação também em:

 

 

Bibliografia:

Tratado de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2014.

Saúde na criança: Nutrição Infantil, Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Ministério da Saúde, 2009.

Photo Credit:  http://nourishingourchildren.wordpress.com/2012/08/03/the-optimal-diet-for-pregnant-and-nursing-mothers/

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