Amamentar – um ato de amor

                                breastfeeding

Essa semana falaremos sobre algo que eu particularmente gosto muito! Em minha experiência como pediatra que trabalha nessa área, confesso que é um mundo à parte. No hospital em que trabalho como neonatologista, vale a pena auxiliar nesse primeiro contato que a mãe tem com o bebê, os dois aprendendo juntos esse momento mágico que é a amamentação.

Papais que me desculpem, mas esse momento é nosso!

Amamentar, muito mais do que nutrir a criança, é um processo que envolve uma interação profunda entre mãe e filho, numa relação de amor e carinho, e tem repercussões importantíssimas na nutrição do bebê, a construção do seu sistema de defesa contra infecções, o seu desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, e para a mãe, implicações de saúde física, psíquica e emocional.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), o MInistério da Saúde do Brasil (MS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam amamentação exclusiva por seis meses e complementada até os dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar alimentos complementares antes dos seis meses de vida, podendo inclusive haver prejuízo à saúde da criança. Claro que existem situações especiais, das quais falarei depois.

Hoje falaremos sobre as vantagens do aleitamento materno, em todos os seus aspectos.

Não restam dúvidas que o aleitamento materno é superior a qualquer outro leite ou fórmula que o possa substituir. Estudos mostram que crianças amamentadas ao seio materno exclusivamente até o seis meses tem menos infecções, e não apresentam déficit de crescimento, como se costumava pensar. Além disso, há menos risco de desenvolvimento de doenças alérgicas, seja de pele ou respiratória. Os benefícios são tantos que tentarei colocá-los aqui de forma resumida…

# Redução da mortalidade infantil

O aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses de vida é o maior fator de proteção para o bebê contra doenças, e consequentemente, capaz de reduzir o risco de morte. Um estudo publicado no The Lancet mostrou que o aleitamento materno é capaz de reduzir em 13% a mortalidade  em crianças menores que cinco anos. Tal valor é maior que o impacto do uso de antibióticos para infecções ou uso de vitaminas e a vacina contra Haemophilus influenzae! Precisa dizer mais?

# Proteção contra diarréia 

Estudos mostram que a amamentação protege contra diarréia, e também na gravidade dos episódios, quando estes ocorrem.

# Proteção contra infecções respiratórias

Estudos mostram redução de hospitalização por pneumonia e bronquiolite em crianças amamentadas ao seio materno comparadas às não amamentadas, além de diminuição de infecção de ouvido (otites).

# Redução de alergias 

O aleitamento materno reduz o risco de asma e episódios de sibilância (chiado no peito), reduz o risco de dermatite atópica. Além disso a exposição precoce do bebê ao leite de vaca, seja fórmula ou não, aumenta o risco de alergia ao leite de vaca no futuro.

# Redução de doenças crônicas

Existem relatos na literatura de que o aleitamento materno promove a redução de doenças como: doença celíaca, doença de Crohn, colite ulcerativa, linfoma, doença de Hodgkin e leucemia. Além disso um estudo da OMS demonstrou redução da pressão arterial, colesterol e diabete melito tipo 2 na população amamentada. A exposição ao leite de vaca antes dos quatro meses de vida teria associação com aumento do risco de diabete melito tipo 1.

# Redução da obesidade 

Crianças amamentadas ao seio materno tem menor risco de obesidade ou sobrepeso em 22%, segundo estudo da OMS. Existem mecanismos de autorregulação da ingestão de alimentos ainda não totalmente conhecidos relacionados à composição única do leite materno. Isso resultaria na expressão do tamanho e do número de células de gordura da criança, reduzindo assim o risco de obesidade futura.

# Melhor nutrição 

Existem no leite materno todos os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento da criança, sem que ela precise de qualquer outro complemento até os seis meses de vida, além de ser um alimento de fácil absorção e digestão pelo bebê.

# Melhor desenvolvimento cognitivo 

Ainda não existem estudos conclusivos sobre o assunto, porém há indícios de que crianças amamentadas ao seio materno tem um melhor desenvolvimento cognitivo do que crianças não amamentadas.

# Melhor desenvolvimento da cavidade oral 

O exercício para retirar o leite materno ajuda no desenvolvimento da cavidade bucal, com melhor conformação do palato duro, alinhamento correto dos dentes e menos problemas de má-oclusão. Quando o palato é empurrado para cima pelo uso de chupetas e mamadeiras, ocorre a elevação também da cavidade nasal e diminuição do seu tamanho, acarretando problemas relacionados à respiração.

# Proteção contra o câncer de mama

Vários estudos da literatura corroboram: o ato de amamentar reduz o risco do câncer de mama.

# Proteção contra diabete melito tipo 2 na mamãe 

Estudo mostrou redução de 15% em desenvolver diabete melito tipo 2 em mães que amamentam.

# Vinculo entre mãe e filho

O ato de amamentar promove um sentimento único de afeto entre mãe e filho, com sentimento de segurança, proteção e carinho para o bebê, e de autoconfiança e realização para nós, como mães.

Espero tê-la convencido, mamãe, o quanto o seu leite é importante para o seu bebê. Contem suas experiências aqui, compartilhem suas dúvidas.

Espero que tenham aprendido bastante! Compartilhe para que outras pessoas também possam ter essa informação 😉

Um bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira

Pediatra, Alergia e Imunologia e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039

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Referências bibliográficas:

  • Tratado de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatra, 3edição 2014.

2017 © – pediatria descomplicada por Kelly Oliveira / todos os direitos reservados.

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